Prefeitura lança campanhas contra esmola e trabalho infantil
A Prefeitura lançou nesta terça-feira (22) duas campanhas para a sociedade não dar esmolas. Uma é voltada à população em situação de rua e vai ser veiculada na internet, redes sociais e televisão. A outra é dirigida ao combate ao trabalho infantil e prevê panfletagem e a participação do grupo teatral Os Panthanas.
No Centro, os atores representarão engraxates em rápidas apresentações nos cruzamentos. Na praia as ações retratam os ambulantes que circulam entre os carros e os que vendem produtos na areia. Os atores aproveitarão para distribuir panfletos identificando as formas de trabalho infantil e suas consequências.
A ação teatral vai durar um mês, com duas apresentações diárias, cada uma com uma hora e meia de duração. “Com humor vamos chamar a atenção para um problema sério”, disse Sidney Herzog, integrante dos Panthanas. O lançamento aconteceu no Gonzaga, em virtude do bairro atrair muitas pessoas em situação de rua e o trabalho infantil.
Apoio
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas Santos-Praia, Nicolau Obeidi, manifestou seu total apoio à iniciativa. “A população precisa entender que existe até pedinte profissional e eles ganham até R$ 100,00 por dia em moedas. Sei disso porque eles trocam essas moedas no comércio”.
Essa época do ano cresce o número de crianças em trabalho infantil e a população em situação de rua, atraídos pelo fato de haver mais dinheiro em circulação por causa do 13º salário e a chegada dos turistas.
De cada dez pessoas em situação de rua que acessaram o Centro Pop até outubro, apenas uma é santista. O equipamento funciona como uma espécie de porta de entrada desse público nos serviços da Secretaria de Assistência Social.
Em 2013, o censo realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), da USP, apontou que das 591 pessoas encontradas em situação de rua, 28% eram de Santos. O Centro Pop identificou 5.641 pessoas em situação de rua até outubro. No mesmo período o serviço fez 13.427 atendimentos.
Abordagens
O serviço de abordagem social de crianças e adolescentes em trabalho infantil é feito por psicólogos e assistentes sociais de uma entidade conveniada e funciona diariamente, das 11h às 22h. Nos demais horários o serviço é feito pelos operadores sociais da Seas
Depoimentos
“Fui professora do Estado e quando a criança começa a trabalhar, o rendimento cai, independentemente se é bom ou mau aluno. E a maioria acaba abandonando o estudo” - Maria Lúcia Inforzato, 60 anos, aposentada
“A campanha é importante porque a criança tem de estar estudando. Quero que minha filha trabalhe depois que for maior de idade, quero o melhor para ela” - Suzane Felix, garçonete, 20 anos.
Saiba mais
O objetivo é conscientizar a população que o dinheiro entregue a criança e adolescente em trabalho infantil e à pessoa em situação de rua não ajuda a mudar essa realidade. Ao contrário, faz com que eles permaneçam no lugar onde ganharam dinheiro com facilidade.
Serviço
Denúncias: 0800-177766
Números
=> 253 crianças/adolescentes foram identificadas em trabalho infantil nas ruas de Santos até outubro
=> 123 são de São Vicente
=> 89 crianças são santistas, o que corresponde a 35% do total
Foto: Susan Hortas