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Prefeitura assiste gestantes com hiv e atua contra transmissão vertical

Publicado: 30 de novembro de 2009
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As gestantes atendidas pela rede municipal de Saúde, infectadas pelo vírus do HIV, têm à disposição um serviço importante da prefeitura de orientação, apoio e tratamento, referência no setor e exemplo no Dia Mundial de Luta contra a Aids (terça, 1°). É a Senic (Seção Núcleo de Atendimento Integrado da Criança), do CRT-Santos (Centro de Referência e Tratamento), que trabalha com equipe multiprofissional para promover a saúde da mãe e do bebê e evitar a transmissão vertical da doença. Por ano, realiza 9 mil exames (gestantes e crianças) e 7 mil consultas, além de distribuir 6 mil unidades de medicamentos antirretrovirais (que inibem a reprodução do HIV no sangue), 12 mil fraldas, 5.400 latas de leite especial e 2.400 cestas básicas. Denomina-se transmissão vertical do HIV a situação em que a criança é infectada pelo vírus da Aids durante a gestação, o parto ou por meio da amamentação. Atualmente, existem medidas eficazes para evitar o risco de transmissão, como o diagnóstico precoce da gestante infectada, o uso de remédios antirretrovirais, o parto cesariano programado, a substituição do aleitamento materno por leite artificial e outros alimentos. Há 12 anos, este trabalho preventivo é desenvolvido em Santos, seguindo os avanços e descobertas da medicina. Durante o pré-natal, a gestante atendida na rede pública da cidade realiza uma série de exames, entre eles é oferecido o teste do HIV, que pode ser feito três vezes, uma vez a cada trimestre. Quando é detectada a presença do vírus, a mulher realiza todo o acompanhamento da gravidez com os profissionais da Senic, onde recebe medicamentos, passa por exames, consultas de médicos, nutricionista e dentista, além de ter apoio psicológico e assistência social. Quanto mais precoce o diagnóstico da infecção da gestante pelo HIV, maiores são as chances de evitar a contaminação do bebê. A taxa de transmissão vertical pode chegar a 20%, ou seja, a cada 100 crianças nascidas de mães infectadas, 20 podem contrair o vírus. Com ações de prevenção, no entanto, esse índice pode ser reduzido para menos de 1%. Em Santos, nos últimos quatro anos houve 116 episódios gestacionais (gravidez completa e nascimento) de mulheres com HIV acompanhadas pelo Senic. Deste total, ocorreram dois casos de transmissão vertical, ambos em 2007, cujas gestantes eram usuárias de drogas. "Esse tipo de gestante não faz o tratamento da forma adequada, muitas vezes não toma a medicação, o que pode contribuir para a transmissão do HIV para o bebê", explica a assistente social Alessandra Costa Ferreira Silva, chefe da Senic. No ano passado, entre as gestantes com HIV acompanhadas pelo serviço, não foi registrado nenhum caso de transmissão do vírus para os bebês, num total de oito partos. APOIO Após o parto, a atenção ao bebê continua. Até atingir 1 ano e 8 meses de idade a criança passa por uma série de testes de anticorpos, para verificar se contraiu ou não o vírus da mãe. Nesta fase se encontra Estela (nome fictício), de seis meses, filha de Sandra (nome fictício), que descobriu durante a gravidez que tinha HIV. "Quando soube fiquei arrasada. Se não fosse aqui (Senic) teria ficado louca, pois eles dão muito apoio. Minha única preocupação era com o bebê, por isso tomei a medicação direitinho". O primeiro teste realizado não indicou a presença do vírus em Estela. "Peço a Deus que o exame sempre dê negativo". No caso de crianças que contraem o HIV, elas são acompanhadas pela Senic até completarem 18 anos. Após essa idade, o atendimento é da Secraids (Seção Centro de Referência em Aids), que também fica no CRT-Santos. CONTRIBUIÇÃO Um importante aliado para a detecção precoce de gestantes com HIV atendidas na rede pública, o que pode ajudar a evitar a transmissão vertical da doença, é o Sisvimi (Sistema de Vigilância Materno-Infantil), da SMS (Secretaria de Saúde). Criado em 2005 e coordenado pela psicóloga e mestre em Saúde Coletiva, Roseine Fortes Patella, ele possibilita maior integração e utilização das informações dos vários programas voltados à gestante, ao recém-nascido e aos menores de um ano, permitindo maior vigilância sobre essa população e a intervenção do poder público na incidência de doenças e óbitos. Em 2006, o sistema foi reconhecido no Expoepi (Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças), do Ministério da Saúde, como uma das três melhores experiências do Brasil. No ano seguinte, entre as dez melhores iniciativas dos Centros de Referência e Tratamento do estado. Já em 2008, o trabalho da psicóloga sobre a utilização do Sisvimi para o controle da Aids foi um dos seis projetos do país aprovado para Cooperação Técnica Brasil-França, o que rendeu a Patella estágio de três meses em um hospital francês, com todos os custos arcados pelo Ministério da Saúde.