Patrulheiros do camps têm bons motivos para comemorar dia do office-boy
Os patrulheiros, como são conhecidos os jovens inseridos no mercado de trabalho na função de office-boy pelo Camps (Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Santos), têm motivos para comemorar a data da categoria, dia 13 desse mês. Cerca de 75% deles conseguem ficar no emprego após atingir a idade limite, 18 anos, segundo dados do Camps. Isso é reflexo da imagem de jovens responsáveis que aproveitam bem a oportunidade de trabalho, embora em órgãos públicos a continuidade seja mais difícil em função do concurso obrigatório. Em Santos, 1.200 jovens do Camps atuam na Prefeitura e empresas públicas e privadas. A vantagem de trabalhar na Prefeitura é a melhor remuneração: salário mínimo mais auxílio alimentação (R$ 134,69), vale transporte e oferta de curso de informática, por meio da Rede do Futuro. O poder público Municipal, maior empregador dessa mão-de-obra adolescente, mantém hoje sob registro 170 jovens, de 15 a 18 anos incompletos, 30% deles são do sexo feminino. Eles fazem serviços em bancos, correios e cartórios, sempre com a agilidade característica da idade. Manipulam as máquinas copiadoras e adoram mexer nos computadores, nem que seja só para dar entrada nos processos. Prestativos, educados e com boa dose de formação de cidadania, fruto do curso de dois meses que fazem no Camps antes de serem colocados no mercado, esses jovens de camisa branca são vistos com carinho e respeito pela população. O presidente do Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Santos, Oswaldo Cruz Soares Ferreira, joga para cima a auto-estima da garotada, ao revelar que três juizes de Santos, além de promotores, comerciantes, empresários, professores e profissionais liberais de sucesso, vestiram a camisa do Camps. ADRIANO AJUDA EM CASA E AINDA FAZ POUPANÇA Adriano da Silva Rodrigues de Lima, 17 anos, mora na Caneleira, na Zona Noroeste. Há um ano e 11 meses no expediente da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), ele ajuda os pais no orçamento doméstico com parte do salário e ainda deposita todo mês R$ 100,00 na poupança. O restante reserva para pequenas despesas pessoais. Lima já definiu seu projeto de vida. Assim que concluir o período de patrulheiro, ao completar 18 anos, vai ingressar na Aeronáutica. "Meu sonho é ser piloto". E a prevalecer seu histórico escolar de boas notas, terminou no ano passado o curso médio, e o esforço de trabalhar durante o dia e estudar à noite, o sonho é possível de ser concretizado. O DESAFIO DE LIDAR COM ADULTOS Ana Júlia Santos Pires, 16 anos, é patrulheira na Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos (Seajur), depois de atuar alguns meses na Ouvidoria, onde fez serviços internos e externos. Sua principal tarefa é anotar a entrada e saída de processos. Aluna do 2º ano do curso médio, Ana garante que o maior desafio nesse primeiro emprego foi lidar com adultos. "Antes o meu mundo era meus amigos, a escola e a família". Outro desafio é controlar o dinheiro. Costuma gastar tudo, mas ressalva que paga o curso de informática. Agora pretende colocar um aparelho de correção dos dentes e adquirir um computador, além de fazer faculdade, de psicologia ou algum curso relacionado à fauna marinha. PEDRO É UM DOS MAIS JOVENS DA PREFEITURA Um dos mais jovens patrulheiros da Prefeitura, Pedro Paulo Costa Almeida completa 15 anos neste dia 13, justamente na data comemorativa à categoria. Ele atua no setor de recursos humanos, onde ingressou há dois meses e meio. Garante que não enfrenta dificuldades no trabalho. Fala pouco e observa muito. Almeida vive numa família de classe média no bairro da Encruzilhada, com três irmãos, pai e madrasta. Fica com o salário integral, que usa nas despesas principalmente com roupas. A Prefeitura é seu segundo emprego. Pedro trabalhou como office boy numa transportadora. "É muito bom ter meu próprio dinheiro".