Parte da história santista, monumentos sofrem com atos de vandalismo
Cerca de R$ 80 mil por ano é o valor investido para reparar atos de vandalismo contra monumentos públicos da Cidade. São mais frequentes as pichações, furtos de placas ou partes dos monumentos em bronze. No último dia 11, a estátua do ex-presidente Getúlio Vargas, localizada na Praça dos Andradas, foi furtada.
Outro alvo de reincidentes atos de vandalismo é o monumento Corretor do Café, no Centro Histórico. A obra já passou por mais de quatro reparos desde a inauguração, em 2012, teve uma das mãos arrancadas e sofreu diversas perfurações.
Segundo Inês Rangel, coordenadora da Seção de Preservação e Manutenção de Monumentos da Secretaria de Cultura (Secult), o trabalho de manutenção das obras, com limpeza e pintura, é constante. “O cronograma dos serviços é desenvolvido anualmente, porém rotineiramente é interrompido por atos de vandalismo”.
Além de cuidar e reparar monumentos, a equipe da Secult também procura despertar conscientização sobre a imensurável bagagem histórica, política, cultural, econômica e artística representada pelos monumentos.
“A equipe realiza palestras de conscientização em escolas públicas e particulares, divulgando nosso trabalho e mostrando a importância das obras”, acrescenta Inês.
Simbologia
Sergio Willians, diretor técnico da Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams), afirma que as obras trazem reflexão em vários aspectos. “Os monumentos funcionam como uma espécie de álbum tridimensional da nossa história, retratando personagens e fatos de grande relevância. São, também, verdadeiras obras de arte, com características próprias”.
Para o pesquisador, as obras de arte também têm a característica de identificar o espaço geográfico onde se situam. “Basta ver que os símbolos de cidades como Nova Iorque, Paris, Rio de Janeiro, são grandes monumentos: Estátua da Liberdade, Torre Eiffel e Cristo Redentor. Hoje, em Santos, muitos visitantes levam como souvenirs, além das muretas e do bonde, os monumentos históricos, como O Peixe, da entrada da cidade, e a escultura de Tomie Othake”.
Curiosidades
O busto de Martins Fontes, médico abolicionista – e poeta nas horas vagas – se localiza no jardim da orla, próximo à área de lazer do canal 2 (Av. Bernardino de Campos) e desperta atenção pela elegância do seu traje.
“Em seu busto há sempre um cravo vermelho, símbolo do movimento, colocado por um admirador anônimo, toda semana” explica Inês.
Quem nunca?
O leão é a escultura que faz parte da memória de muitos santistas. Muitas crianças, desde sua inauguração em 1954, já sentaram no lombo do felino quase sexagenário para tirar uma foto, no jardim da orla. Há poucos metros de distância, um jaguar também desperta o carinho de muita gente e é um dos monumentos mais queridos da Cidade.
Avante
A escultura de Tomie Ohtake, localizada no Parque Roberto Mário Santini, possui 20 metros de comprimento, 15 metros de altura e 2 metros de largura e possui mais de 80 toneladas de aço em suas formas.
Foi Tomie quem escolheu o local de instalação do monumento. Ela orientou que a obra deveria apontar para o mar para poder ser vista por pessoas situadas nas orlas de Santos e de São Vicente e ainda para os passageiros e tripulantes dos navios que adentram a baía.
Imponente
Um dos diferenciais da obra O Peixe, do artista santista Ricardo Campos Mota (Rica), é sua função contemplativa. Em outras palavras: é para ser visto de longe a uma distância de aproximadamente 100 metros pelos motoristas que trafegam pela estrada.
Não é por menos: o monumento tem 25 metros de altura, é feito de aço e pesa 45 toneladas. A obra simboliza nossa Cidade, marítima e portuária.
'Rolezinho'
Ao longo do tempo, alguns monumentos santistas ‘passearam’ pela Cidade. 'O Pescador', escultura inaugurada em 1941, foi inicialmente alocada nos jardins da orla em frente ao Instituto Dona Escolástica Rosa.
De autoria do escultor italiano Ricardo Cipicchia, permaneceu no local por 20 anos, até que acabou sendo levado para o canteiro central da Avenida Presidente Wilson, na divisa com São Vicente.
Lá, ficou por 15 anos e foi 'atropelado' por duas vezes. Por isso, foi transferido para a lateral do Ferry Boat, onde permaneceu por mais 34 anos. Em 18 de julho de 2009, foi colocado no lugar atual, perto do Aquário Municipal e atrai grande número de admiradores.
Migração japonesa
Inaugurado em 21 de junho de 1998, em homenagem aos 90 anos da Imigração Japonesa no Brasil, o monumento ficou durante 11 anos nos jardins da praia do Boqueirão.
Esculpido por Cláudia Fernandes, a obra foi movida para o Parque Roberto Mário Santini em 18 de outubro de 2009, um ano após o Centenário da Imigração Japonesa, que contou com a presença do príncipe Naruhito.
Trabalhador portuário
Inspirado nos antigos estivadores do início do século 20, que carregavam as cargas de café em sacas de 60 kg nas costas, o Monumento ao Trabalhador Portuário, obra de Vito D´Alessio e Juvenal Irene, foi inaugurado em 6 de setembro de 1996, na Praça Silvério de Souza, nas proximidades do armazém 13 da Codesp, no Paquetá.
Em 2005, precisou ser deslocado alguns metros e ficou encurralado entre armazéns, gerando descontentamento da classe portuária. Em 2006, a situação piorou, com a demolição do antigo Armazém 12-A, vizinho ao monumento. A estátua teve de ser removida da antiga área por um guindaste em um caminhão.
No dia 12 de fevereiro de 2010, o Trabalhador Portuário encontrou lugar de destaque: foi alocado na praça construída na esquina das ruas Manoel Tourinho e Xavier Pinheiro, no Macuco, aberta por conta da construção da Avenida Perimetral da Margem Direita do Porto.
Foto: Marcelo Martins