Palestra para educadores em Santos apresenta práticas pedagógicas antirracistas
A segunda edição da Formação Maria Patrícia Fogaça, promovida pelo Núcleo ERE (Educação para as Relações Étnicos Raciais), da Secretaria de Educação (Seduc), ocorreu na manhã desta quinta-feira (10), no auditório do Parque Tecnológico de Santos (Vila Nova). A programação incluiu palestra sobre a história indígena e a etnologia dos povos originários, seguida de interação com as impressões dos participantes.
A atividade reuniu professores da educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental da rede municipal, que compartilharam práticas pedagógicas relacionadas ao tema em sala de aula com seus alunos. Além disso, receberam sugestões práticas sobre como introduzir e abordar esse tema com os estudantes, considerando as necessidades e curiosidades específicas da faixa etária.
A chefe da Seção de Projetos Educacionais Especiais (Seproje), Lucilene Costa, destacou que a Secretaria de Educação já realiza este trabalho há anos para valorizar a diversidade étnico-cultural na rede pública municipal. Isso incluiu a implementação da Lei nº 10.639/2003, que tornou obrigatório o estudo da cultura africana e afro-brasileira nas escolas. Com a posterior implementação da Lei 11.645, o estudo sobre os povos indígenas também se tornou obrigatório, ampliando o apoio a essas culturas no currículo escolar.
Ela enfatizou que a formação também irá incluir outros profissionais da escola, como merendeiras, inspetores e secretários, com o objetivo de discutir as relações diárias e o impacto da diversidade nas salas de aula. "Nosso objetivo é tornar a educação mais inclusiva e humana, incentivando os professores a abordar essas questões de forma prática e sem julgamentos, criando um ambiente seguro para discussões sobre temas raciais", afirmou. “A iniciativa tem ganhado força com o aumento da demanda e faz parte de um esforço contínuo para criar uma educação mais consciente e justa para todos. Neste ano, ainda, criamos o núcleo ERE”.
O professor Luís Antônio Canuto dos Santos, do apoio pedagógico do Núcleo ERE, destaca a importância de abordar temas como racismo, diversidade cultural e inclusão desde a educação infantil. “O racismo estrutural é um problema histórico no Brasil e a escola reflete essa realidade. Portanto, é fundamental introduzir essas temáticas desde cedo para ensinar as crianças a não serem racistas e valorizar a diversidade cultural brasileira. A educação é crucial para combater o racismo e a formação de professores é essencial para abordar esses temas de forma eficaz”.
A professora de Educação Física Michelle Almeida de Sousa, da UME Doutor Nelson de Toledo Piza (Saboó), compartilhou sua experiência em abordar temas sugeridos pela formação sobre relações étnico-raciais em suas aulas. “Nós buscamos associar brincadeiras e músicas referentes aos livros sugeridos visando criar um ambiente inclusivo e divertido para eles”.
A professora Maria Margarida Carrião Garcia, da UME Maria de Lourdes Borges Bernal (Castelo), destacou a importância de inclusão desta temática com os alunos. “Essa abertura é muito valiosa para os educadores e é fundamental para as crianças que se sentem desvalorizadas”. A professora compartilhou a utilização de livros, como "Menina Bonita de Laço de Fita", para desmistificar estereótipos e promover uma visão mais inclusiva e respeitosa.
Esta iniciativa contempla o item 4 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Educação de Qualidade. Conheça os outros artigos dos ODS.