Paivas já atendeu 80 vítimas de violência sexual, em menos de 2 anos
Proporcionar tratamento adequado e rápido e reduzir os danos causados pela violência sexual contra a mulher são as tarefas principais do Ambulatório do Programa de Atenção Integral às Vítimas de Violência Sexual (Paivas), criado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), por meio de um trabalho conjunto da Coordenadoria de DST/Aids/ Hepatites e Coordenadoria da Saúde da Mulher. Desde sua inauguração, em agosto de 2002, até janeiro deste ano, o ambulatório já prestou atendimento médico e psicossocial a 80 pessoas, vítimas da violência de gênero, ou seja, a sexualidade exercida como forma de poder masculino sobre as mulheres. As maiores vítimas são as crianças de 11 a 15 anos. O médico Luiz Carlos Chaim, ginecologista do Paivas, enfatiza a importância de procurar ajuda. É imprescindível que as vítimas venham aos equipamentos de Saúde até 72 horas depois do estupro para receber os cuidados necessários. Podemos evitar infecções, doenças sexualmente transmissível, aids e até uma gravidez indesejada. O atendimento às pessoas que sofreram algum tipo de violência sexual é feito, em tempo integral, no Hospital Maternidade Silvério Fontes e no Paivas (Rua Conselheiro João Alfredo, 60A) de segunda a sexta-feira, das 8 às 18h. Relatório do Paivas constata que 42% dos atendimentos, em vários grupos sociais, foram casos de estupro, 39% de atentados violentos ao pudor e 19% registraram os dois tipos de crimes. Chama atenção a faixa etária mais atingida, que é a de 11 a 15 anos, representando 32% dos atendimentos. Outro dado importante é que em 56,7% as vítimas conheciam seus agressores, muitas vezes membros da própria família. Dos casos de estupro, cinco resultaram em gravidez em mulheres e duas quiseram se submeter à interrupção da gestação, o que é garantido por lei. A qualidade do vínculo estabelecido entre a vítima e a equipe do Paivas é um fator facilitador e redutor do stress ocasionado pela decisão do aborto, assinalam os técnicos do programa. DENUNCIAR É O MELHOR CAMINHO Na semana que antecede o Dia Internacional da Mulher, a psicóloga Regina Lacerda, responsável pelo ambulatório, enfatiza que a denúncia é a proteção da vítima. Apenas de 3 a 5% dos casos de violência sexual chegam às unidades de saúde. A denúncia é a única arma capaz de proteger a mulher de uma nova agressão. E vai mais além: é dever de qualquer cidadão denunciar, principalmente se a violência for praticada contra uma criança ou adolescente. Apesar dessa necessidade, os atendimentos prestados no Paivas são confidenciais. Ninguém é obrigado a prestar queixa. A vítima não precisa ter medo de procurar auxílio médico porque os profissionais são treinados a realizar os atendimentos já prevenindo as complicações físicas e psicológicas. ¨Hoje, a equipe orgulha-se do serviço oferecido e tem um novo olhar para o problema da violência sexual em nossa sociedade¨, constatam os técnicos do serviço, chamando atenção porém para o sentimento de indignação que permeia a todos, especialmente os casos que atingem crianças. Por essa razão, a equipe do Paivas diz que é importante que os profissionais de saúde desenvolvam um olhar mais atento aos pequenos sinais que possam surgir quando consultam a criança. ATENDIMENTO RÁPIDO A busca de atendimento rápido é fundamental para quem sofre abuso sexual. Isso porque até 72 horas depois da agressão, o método contraceptivo de emergência pode evitar a gravidez e a profilaxia pós-exposição pode prevenir DST/Aids/ Hepatites. Casos de abusos cometidos com menores de idade são encaminhados ao Conselho Tutelar. As mulheres vítimas de violência além do atendimento no Paivas são conduzidas à Secretaria de Ação Comunitária e Cidadania (Seac), que possui equipamentos e programas especializados para esse tipo de situação.