Orquidário recebe ave ameaçada de extinção
Uma ararajuba, ave nativa da região norte do Brasil e ameaçada de extinção, está em tratamento com a equipe de veterinários do Orquidário. Ela foi levada ao parque por biólogos do Centro de Triagem de Animais Selvagens Refúgio Mata Atlântica (CETAS), localizado em Cubatão.
De acordo com o médico José Fontenelle, responsável técnico pelo Hospital Veterinário do parque, a ave, muito dócil, apresenta bom estado clínico. “Ela não está anilhada, o que nos leva a crer que seja oriunda de tráfico de animais silvestres”, explicou.
A ararajuba foi levada ao CETAS de Cubatão pelo advogado santista Carlos Alberto da Silva. “Há alguns dias, a ave entrou na varanda da minha casa após bater na janela”. Até descobrir o que fazer, ele comprou uma gaiola e ração. “Eu e minha mulher nos apaixonamos pela ave, mas sabíamos que era preciso encontrar pessoas habilitadas para tratá-la. Nesse sentido, o Orquidário nos deu toda a orientação”, afirmou.
Fontenelle explica que o Orquidário, por força de lei, só pode receber animais oriundos de centros autorizados pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente ou pela Polícia Ambiental. Por isso, a ararajuba precisou, primeiro, ser encaminhada ao centro. “Ela, agora, está em fase de readaptação alimentar, pois só come sementes de girassol, o que é prejudicial à saúde do animal”. No momento, não é possível precisar a idade nem o sexo da ararajuba.
Tratamento
Durante todo ano, a equipe de biólogos e médicos veterinários do Centro de Zoologia do Orquidário recebe animais para tratamento. Para isso, o parque conta com o Hospital Veterinário, dotado de área de quarentena, ambulatório cirúrgico, sala de triagem, duas salas de internação (uma para répteis e outra para mamíferos e aves, evitando contaminação entre espécies), farmácia, raios-x, salas para diagnósticos laboratoriais e necropsia, além de um laboratório de patologia clínica e uma sala de internação apenas para filhotes.
A maioria dos casos é composta por aves vítimas de traumas, como choques contra muros, portas ou placas. Outra situação recorrente envolve ninhos destruídos por vendavais. De acordo com Fontenelle, ao encontrar um animal na rua, as pessoas não devem manipulá-lo, mas sim solicitar apoio da Polícia Ambiental.
“O nosso objetivo é recuperá-los e devolvê-los para a Natureza, por meio da Polícia Ambiental, que faz essa reintrodução. Apenas quando o animal tem alguma sequela irreversível ou foi separado dos pais, não tendo convívio com a própria espécie, é que pode eventualmente ser mantido no parque”, explica o veterinário.
Saiba mais
As ararajubas chegam a medir até 35 centímetros de comprimento, possuindo uma plumagem amarelo-ouro e verde. A população total dessa espécie de ave não deve passar dos três mil e está em declínio, ameaçada pela destruição das florestas e pela caça ilegal.