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ônibus amelinha: família preserva a memória de professora

Publicado: 3 de janeiro de 2003
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No último dia 18, durante a formatura das mais de 100 alunas do curso de corte e costura do Ônibus Amelinha, no SESI, Katia Marques Machado de Lima e suas filhas Mariana, de 14 anos, e Carolina, de 11, estavam bastante orgulhosas na platéia, embora não tenham parentesco com nenhuma das formandas. Mas, após o final da solenidade, se identificaram: são nora e netas de Amélia Machado de Lima, a própria Amelinha. "Fazemos questão de levar as meninas a esses eventos e de incentivá-las a preservar a memória da avó", explica Katia, que para isso mantém ainda quatro álbuns muito bem organizados com fotografias e documentos referentes à sogra, por quem sempre teve profunda admiração. Uma das fundadoras da Sociedade de Melhoramentos da Ponta da Praia, da qual chegou a ser presidente e vice, entre 1988 e 1992, e voluntária ativa do Fundo Social de Solidariedade na década de 80, Amélia sempre se dedicou ao ensino de artes manuais a pessoas carentes, como forma de criar novas alternativas de geração de renda. Também foi conhecida por seu envolvimento com a política, ao lado do marido Eduardo, o que inclusive os obrigou a deixar Santos em 1964. "No dia em que voltamos meu pai foi preso, mas por sorte não foi levado para o Raul Soares", lembra o filho único do casal, Augusto. Mesmo em fases difíceis como essa ou como quando enfrentava problemas de saúde, Amélia não deixava de cumprir seus compromissos, fossem políticos - chegou a ser militante do PCB - ou com suas alunas. "Ela atuou intensamente na política, mas seu enfoque sempre foi o social", conta o filho. "A vida toda ela sempre quis ajudar as mulheres mais carentes a aprender, especialmente costura, sua maior paixão, para poderem ter uma profissão". Assim, lecionou durante anos em sociedades de melhoramentos. Primeiro na Ponta da Praia e depois nos conjuntos habitacionais Arthur da Costa e Silva e Castelo Branco. Amélia Machado de Lima faleceu em setembro de 1994, aos 58 anos, mas, segundo seu filho, se estivesse viva certamente estaria envolvida em diversos projetos, com especial atenção ao Ônibus. "Ela com certeza teria aprendido outras coisas e as estaria ensinando por aí. Minha mãe não parava nunca", diz.