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ônibus amelinha amplia turmas e atrai sexo masculino

Publicado: 14 de março de 2005
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O projeto social Ônibus Amelinha, que já formou centenas de alunas em corte e costura desde sua criação, (quando as aulas eram dadas numa perua Kombi), no final da década de 80, ganhou este ano três diferenciais: ampliou o número de vagas - atualmente atende 224 pessoas, em quatro turmas diárias, pela manhã e à tarde; melhorou a estrutura do veículo, no qual deve ser instalado aparelho de ar condicionado na próxima semana - que tornará o ambiente mais agradável em dias quentes; e, pela primeira vez, tem nas bancadas de confecção de moldes e máquinas de costura cinco alunos do sexo masculino. Essa escola de corte e costura itinerante, com aulas semanais, cada dia num bairro, das 8 às 17 horas, é mantida pelo Departamento de Assuntos Comunitários da Zona Noroeste (Deac/ZNO), em parceria com a Secretaria de Ação Comunitária e Cidadania (Seac), Senai e Sesi. E sempre tem fila de espera, tal o conceito adquirido ao longo dos anos. Este ano, os homens entraram na disputa pelas vagas. O interesse do sexo masculino pela atividade, que sempre foi dominada pela mulher, não chega a ser exatamente uma novidade, na medida que no mundo da moda, principalmente na alta costura e negócios, a presença de grandes costureiros dá o toque de glamour à profissão. No Amelinha, os novos alunos estão sendo recebidos com misto de carinho e admiração. Predominantemente jovens, são eles Fabiano Santos Silva, Carlos Rogério Alves da Silva, Henrique Augusto de Souza, Magno Oliveira de Abreu e José Henrique de Lima, moradores de diferentes bairros. Eles não precisam gastar dinheiro com condução, pois o veículo é itinerante e beneficia várias comunidades de baixa renda, na Zona Noroeste, Marapé e Aparecida. Fabiano teve sua primeira aula nessa quarta-feira (14), no bairro da Aparecida, onde o ônibus Amelinha estaciona todas as segundas-feiras, defronte ao número 243 da rua Vergueiro Steidel, próximo dos conjuntos habitacionais. Casado, pai de um filho, desempregado, Fabiano busca nas aulas a oportunidade de profissionalização, meta de quase todos que freqüentam o curso, ministrado em dois anos. O CURSO No primeiro ano, segundo a professora Rosângela da Costa, 42 anos, (que desde 1997 participa do projeto), os iniciantes aprendem a conhecer e lidar com as máquinas simples e industriais, além dos conceitos básicos de corte e costura, confeccionando peças como saias, camisas, vestidos e jogos de cozinha. Mas é no segundo ano, quando ocorre a especialização, que o curso alcança seu ponto alto, já que os alunos aprendem a fazer peças de fácil aceitação no mercado, como lingerie, jogos de banheiro, roupão, biquínis, entre outras. O curso tem grande procura sobretudo porque ensina as técnicas do artesanato, explica a professora, muito elogiada pelas alunas, especialmente por aquelas que fazem a especialização e já tiveram a oportunidade de colocar os produtos à venda nas feiras sociais promovidas pela Prefeitura. Sandra Minghetti, 45 anos, moradora do Campo Grande (e matriculada na turma do bairro da Aparecida) garante, de forma enfática, que o curso é ótimo e a professora maravilhosa. Mãe de quatros filhos, entre 11 e 20 anos, Sandra costura para toda a família e com isso conseguiu, desde o ano passado, melhorar o orçamento familiar fazendo pequenos consertos. Ver o resultado social do curso é minha maior alegria, afirma a professora. O diferencial do curso da Prefeitura, segundo Sandra, está nos pequenos detalhes, no perfeccionismo da professora, e nas dicas que envolvem o bom uso das máquinas. Para Elvira Peres Prieto, 66, moradora na Av. Bartolomeu de Gusmão, o curso teve um alcance ainda maior, o da socialização e do fim da solidão. Hoje, na fase de especialização, ela garante que faz sua própria roupa, lembrando que até os 65 anos nunca havia tocado numa agulha. Já Simone Menegucci, 36 anos, mãe de três filhos, avalia as boas perspectivas profissionais. Ela já tem emprego prometido, com ganho de R$ 400,00, tão logo se forme. Será numa oficina de costura na rua onde mora, na Sampaio Moreira, no bairro da Aparecida. ÔNIBUS O ônibus tem seis máquinas. São duas retas industriais, duas overlock, uma galoneira e uma máquina de costura Singer, lousa, e duas bancadas onde podem atuar juntas 12 pessoas. Às segundas feiras, o ônibus estaciona na Aparecida das 8 às 17 horas. Às terças-feiras, no Jardim Castelo, também o dia todo; às quartas-feiras, as aulas se dividem no Saboó, pela manhã, e à tarde, na Vila São Jorge. Já às quintas-feiras o ônibus visita o Jardim Santa Maria e às sextas-feiras, o Marapé, também em período integral. Informações sobre o curso podem ser obtidas no Deac, Av. Nossa Senhora de Fátima, 456, bairro Chico de Paula e pelo telefone 32912020. COMO NASCEU O ônibus Amelinha ganhou esse nome em homenagem a grande incentivadora dos cursos sociais de corte e costura Amélia Machado de Lima. Ela lecionou em sociedades de melhoramentos, em projetos do Fundo Social de Solidariedade (FSS), e nos conjuntos habitacionais Arthur da Costa e Silva e Castelo Branco. Foi militante do PCB e uma das fundadoras da Sociedade de Melhoramentos da Ponta da Praia, da qual foi presidente e vice entre 1988 e 1992. Ajudando mulheres carentes durante toda sua vida, no ensino de artes manuais como alternativas de geração de renda, Amélia morreu em 1994, aos 58 anos. Em todas as formaturas do Amelinha, seus filhos e a nora Kátia Lima comparecem e lembram a figura notável que foi Amélia Machado de Lima.