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Músicos de expressão nacional tocam em santos para 400 famílias carentes

Publicado: 23 de novembro de 2000
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Considerados pela crítica os dois maiores bateristas brasileiros de todos os tempos, Robertinho Silva e Nenê voltarão a tocar em Santos em benefício de 400 famílias carentes da região central da Cidade assistidas pela Casa João Paulo II – entidade vinculada à Diocese de Santos da Igreja Católica. O show vai acontecer, na terça-feira (28), no Bar do 3, dentro do ´II Artes & Sons´. O evento também contará com a participação de outros 35 músicos e três artistas plásticos de expressão nacional e regional. Um deles é o santista Arismar do Espírito Santo, um dos maiores contrabaixistas brasileiros. É a segunda vez que os dois bateristas e Arismar se reúnem para uma apresentação beneficente em Santos. Em dezembro de 1999, na primeira versão do ´Artes & Sons´, Robertinho e Nenê tocaram em moringas de percussão confeccionadas por crianças portadoras de deficiência mental na oficina de cerâmica da Emee Maria Carmelita Proost Villaça, mantida pela Prefeitura. Na ocasião, a renda do evento foi revertida aos projetos da escola. Nesse ano, beneficiará os projetos da Casa João Paulo. Robertinho e Nenê são músicos de nível internacional. O primeiro tocou por 30 anos com Milton Nascimento, gravou para todos os grandes nomes da MPB (de Chico Buarque a Tom Jobim) e feras do jazz internacional. Entre elas, a cantora Sarah Voughan e o saxofonista Wayne Shorter – membro do quinteto de Miles Davis. Nenê atuou com Hermeto Paschoal, Egberto Gismonti e Elis Regina e tem álbuns lançados na Europa (ver currículos abaixo). É uma satisfação muito grande ser novamente convidado para estar tocando com o Nenê e outros talentos de Santos em benefício da comunidade carente, disse Robertinho, que virá do Rio de Janeiro para fazer o show. A gratidão das pessoas envolvidas somada à emoção da música nos dá uma sensação espiritual indescritível. ABAJURES E INCLUSÃO Na terça-feira, Robertinho e Nenê encabeçarão um espetáculo que tem como meta a inclusão social. Por conta disso, 20 mulheres da Casa João Paulo II exporão abajures artísticos confeccionados na oficina pré-profissionalizante da entidade. As mulheres são moradoras de cortiços e quartos de aluguel no Centro de Santos. As áreas encortiçadas são um dos principais problemas sociais da Cidade. Na oficina, os abajures são feitos a partir de sucata e materiais comuns. A oficina visa capacitar essas mulheres para que elas consigam se inserir no mercado de trabalho e despertem como cidadãs e pessoas capazes de levar para frente iniciativas de seus interesses, diz a artista plástica Marineuda Pinheiro, idealizadora do ´Artes & Sons´ e coordenadora da oficina da Casa João Paulo. É o conceito de inclusão social levado à prática. Aluna da oficina, a dona de casa Maria Aparecida Dornela, de 44 anos, confirma as declarações da professora. Esse projeto foi a melhor coisa inventada que eu vi na vida, diz Aparecida, que tem renda familiar de R$ 300,00 e paga R$ 200,00 para morar em quarto de aluguel na Av. São Francisco (Centro). O projeto faz com que a gente tenha vontade de aprender e de realizar coisas que pareciam impossíveis. PARCERIA A oficina e os programas da entidade são financiados pela Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social num convênio mantido com a Prefeitura de Santos. O evento tem o apoio de 11 empresas da região e uma multinacional. Além da oficina pré-profissionalizante, a Casa João Paulo II distribui cestas básicas e tem projetos de atendimento a crianças carentes. A entidade fica na Rua Sete de Setembro, 47. O telefone é 3221-3125. PROGRAMAÇÃO DO ARTES & SONS O ´Artes & Sons´ começa, a partir das 19h45 de terça-feira (dia 28), no Bar do 3 (Av. Washington Luiz, 422). Entrada: R$ 5,00 de ´couvert´ artístico, que será doado à Casa João Paulo. Obs.: No evento, os espectadores poderão contribuir com donativos a um Livro de Ouro. Atrações da noite Exposição das obras dos artistas plásticos Eber de Gois, Sônia Paul e Elaine Porta. Shows de Nenê, Robertinho Silva e as seguintes bandas e artistas convidados: Arismar do Espírito Santo, Família Willcox, banda ´Discover´, Luiz Felipe Gama e Juliana Amaral, Pat Escobar, ´Projeto Olho D’água´, Julinho Bittencourt e Biela, Joannes, Maurício Fernandes, banda ´Lampa´, Michel Pereira e Marquito. Informações complementares no ´site´ www.consultenet.com.br/artes&sons Currículos de Nenê e Robertinho Silva Robertinho Silva – Aos 59 anos, é um dos maiores percussionistas e bateristas brasileiros de todos os tempos, além de ser apontado como um dos melhores do mundo. Natural do Rio de Janeiro, iniciou sua carreira no início dos anos 60. No período, tocou no marcante grupo que acompanhou Wilson Simonal. Mas a projeção nacional e internacional de sua carreira viria com a entrada na ´Som Imaginário´, banda de Milton Nascimento. Com Milton, tocou por cerca de 30 anos. Foi com o cantor que Robertinho sagrou-se internacionalmente depois de gravar o álbum ´Native Dancer´ – uma parceria de Milton com o saxofonista norte-americano Wayne Shorter (membro do quinteto de Miles Davis). Depois disso, Robertinho tocou com várias estrelas internacionais do jazz – entre elas, Quincy Jones, o pianista George Duke e a lendária cantora Sarah Vaughan. No Brasil, gravou com praticamente todos os grandes nomes: de Chico Buarque a Tom Jobim, passando por Elis Regina e Egberto Gismonti. Também detém álbuns solo. O primeiro a sair foi ´Musica Popular Brasileira´, em 1981. Três anos depois, Robertinho lançou ´Bateria´. Com a participação de Wayne Shorter e estrelas como Hermeto Paschoal, gravou ´Speak on Evil´ em 1989. Agora, prepara o lançamento de novo álbum. Nenê – Com Robertinho, compõe a nata da bateria brasileira. Realcino Lima Filho nasceu em Porto Alegre (RS). Seu primeiro instrumento foi o acordeon, que tocava aos 12 anos ao lado de estrelas como Cauby Peixoto e Ângela Maria. Começou na bateria aos 14 anos. Músico completo, domina o piano e o violão. É autodidata. Aos 19 anos, ganhou projeção nacional ao integrar o histórico ´Quarteto Novo´, primeiro grupo de Hermeto Paschoal. Detentor de uma das técnicas de bateria mais apuradas no Brasil, Nenê gravou com grandes nomes como Milton Nascimento, Cesar Camargo Mariano, Elis Regina, Edu Lobo e Egberto Gismonti. Seu primeiro álbum foi ´Bugre´, lançado em 1982. Em 1984, lançou ´Ponto dos Músicos´. Um ano depois, gravou ´Minuano´. Os três álbuns foram lançados na França. No Brasil, ele gravou ´Fredera e Nenê´, com o guitarrista Fredera, em 1995. No ano passado, lançou ´Porto dos Casais´ e, em janeiro último, ´Suíte Curral del Rey´. É autor dos métodos ´Ritmos Brasileiros´ volumes 1 e 2, lançados respectivamente em 1986 e em 1999. Os métodos compõem uma das principais bases de dados para estudos de ritmos brasileiros aplicados à bateria. Nesse ano, ele tocará no ´Artes & Sons´ em companhia da esposa, a cantora Pat Escobar.