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Mulheres não precisarão mais dormir com o inimigo

Publicado: 8 de março de 2001
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Com o lançamento do cartaz que motiva a campanha de conscientização da rede municipal de Saúde para dar mais atenção à violência praticada contra as mulheres, num trabalho investigativo, que envolverá profissionais de diferentes funções, o município de Santos está sendo pioneiro num programa da Coordenadoria da Saúde da Mulher, que visa, tornar de notificação obrigatória, dentro de algum tempo, assim como são algumas doenças contagiosas, qualquer caso envolvendo espancamento doméstico, mesmo quando as próprias mulheres tentam esconder, por vergonha ou medo, que são vítimas de violência. O assunto deverá ser muito bem estudado, ganhar legislação específica, e a estrutura de apoio à mulher que estiver sendo atendida bem amparada em leis, conforme explica a responsável pela Coordenadoria da Saúde da Mulher, Ângela Cuófano, que sonha com um dia que o Município tenha o mesmo tipo de atendimento que existe na cidade de São Francisco, nos EUA, e que pode ser visualizado na atuação de Júlia Roberts, no filme Dormindo com o Inimigo. Quem assistiu ao filme viu os passos necessários para uma mulher poder fugir, com alguma estrutura, do seu opressor. Algum dinheiro reservado aos poucos, malas prontas, documentos dos filhos separados, inclusive passaportes se for necessário, peruca, óculos escuros, tudo guardado numa casa que serve de abrigo inicial para uma fuga bem planejada, para outra Cidade, para outro País, para uma nova vida. Pode parecer cinematográfico demais. Mas não é, explica a médica, citando esses passos como as recomendações necessárias, quando uma mulher quer escapar, sozinha ou com os filhos, de um marido ou companheiro violento, que a ameace de morte. É a razão pela qual a assinatura de um protocolo, na Semana da Mulher, visando a contenção da violência doméstica (que hoje registra cerca de 20 casos diários de lesões corporais (só no Instituto Médico Legal de Santos), possa um dia mudar a realidade de um início de século que ainda guarda resquícios do machismo e de barbárie, muito distante do que apregoam as normas de um mundo civilizado, analisa a médica. Para ela, é fundamental que haja esse preparo dos profissionais, desde o motorista de ambulância, passando pela portaria, atendente até o médico, para conseguir fazer aflorar esses casos, que serão tratados, daqui para diante como questão de saúde pública. A legislação ideal deve prever que o médico que não comunicar esses casos será punido, exemplifica a médica, lamentado também a omissão de muitas mulheres que não revelam situações de violência. A mulher é ainda muito sonhadora. Quando o caminho que sonhou é diferente do que planejou ao invés de mudar de companheiro, ela quer mudar a realidade. Continua apanhando e não acredita que aquilo que está acontecendo com ela é verdadeiro. Vinte lesões por dia na região da Baixada, 500 mulheres por mês espancadas, conforme apontam os registros do IML, representam apenas 10% daquilo que verdadeiramente acontece, diz a médica, que considera um dos desafios maiores da Coordenaria da Saúde da Mulher implantar esse novo programa de combate à Violência Doméstica.