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Mostra inclusiva em Santos reúne nomes da literatura em noite de emoção

Publicado: 13 de setembro de 2025 - 11h04

Entre versos, cores, vivências e capítulos, a mostra literária Discursos e Narrativas de Diversidade e Inclusão reuniu escritores de sete municípios de São Paulo em uma noite repleta de pertencimento, na Pinacoteca Benedicto Calixto, no Boqueirão. O Salão Nobre do casarão santista celebrou o Mês da Inclusão da Pessoa com Deficiência na tarde desta sexta-feira (12), mostrando que a arte é, de fato, para todos.

Durante o encontro, os autores apresentaram e expuseram à venda mais de 20 obras que abordam temas como inclusão, autodescoberta, resgate das interações, relações entre mães e filhos com deficiência, aventura e bem-estar. Grande parte dos livros é da editora inclusiva ABarros, que dá voz às narrativas de pessoas com deficiência e mães atípicas que acolhem umas às outras por meio de suas vivências.

Na ocasião, a emoção tomou conta com as histórias contadas pelos autores, cada um à sua maneira, mas sempre com o coração aberto e o sentimento de gratidão ao verem pessoas os olhando nos olhos, sem julgamentos - apenas com admiração. Além dos estandes, as grandes estrelas da noite autografaram suas obras com sorrisos que evidenciavam o verdadeiro significado da inclusão: um sonho que parecia distante, mas ganhava força a cada autógrafo e elogio.

Uma das admiradoras da mostra era Dayana Almeida, de 43 anos, que aproveitou a ocasião para garantir alguns livros para o filho Francisco, de 11 anos, diagnosticado com Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). “Já li muitas das obras expostas hoje para conhecer melhor esse universo. É algo fundamental para quem quer trabalhar diversidade e inclusão na sociedade, e este evento abraça essa causa. Estou levando um livro de aventura espacial que sei que nós dois vamos amar”, contou a farmacêutica e doutoranda em Saúde Coletiva.

 

SÓ O INÍCIO

“Estamos presenciando o orgulho dos familiares ao mostrarem as obras dos filhos e relembrarem quando foi feita a primeira publicação. Este espaço tão especial e histórico está sendo palco para uma reunião importante em uma Cidade que está desenvolvendo projetos cada vez mais sensíveis e inclusivos”, afirmou a secretária da Mulher, Cidadania, Diversidade e Direitos Humanos, Nina Barbosa.

A coordenadora de Políticas para Pessoas com Deficiência, Cristiane Zamari, destacou que este é o primeiro evento do segmento em Santos e apenas o começo de um espaço aberto para a arte inclusiva.

“É a primeira vez que realizamos uma exposição literária com artistas com diversos tipos de deficiência, mostrando que não há limites para expressar o próprio potencial. Há livros com audiodescrição e linguagem simples, para tornar a arte acessível. Por isso, queremos repetir essa iniciativa por muitos anos.”

 

ARTE VIVA

Um dos autores presentes na mostra era Rafael Luiz Santos, de 33 anos, representando a cidade de Santos. Formado em Letras, é revisor da editora, poeta e autor dos livros O Pulsar dos Meus Devaneios e Outras Utopias e Ribombos do Silêncio. Mas, além das palavras cuidadosamente escolhidas em suas obras, a verdadeira beleza da sua arte estava em seu sorriso e em seu dom.

“Muito obrigado por tudo”, agradecia o também autor do poema Flor do Deserto, uma homenagem à sua mãe e parceira de jornada, Izabel Souza, de 68 anos.

“É o meu orgulho. Estamos juntos em tudo, até na faculdade, que fizemos lado a lado. Juntos, provamos que ele podia estudar, fazer provas e se superar. Mas a minha certeza sobre toda a sua capacidade, além da paralisia cerebral, surgiu no ensino médio, quando ele ganhou o terceiro lugar em um concurso de literatura. Desde então, ele não parou mais de escrever e sempre me faz acompanhá-lo em sua arte”, relatou Izabel, com um olhar orgulhoso para o filho.

 

 

Entre ficções, também há obras que relatam vivências - sejam elas boas ou dolorosas -, mas que servem para ensinar. É o caso dos livros de Arthur Barros, de 20 anos. Com figuras coloridas, histórias bem pensadas e mensagens marcantes, o autor tem carreira internacional, com livros traduzidos para cinco idiomas, e é considerado o mais jovem autor autista publicado no Brasil. Um dos destaques é O Leãozinho Faminto, escrito após um episódio de bullying na escola.

“Meu filho teve a vida transformada através da literatura desde os 11 anos. Com isso, fortalecemos a nossa editora, a ABarros, que leva o nome dele e publica obras de pessoas com deficiência que se expressam por meio da escrita”, contou a mãe, Adriana Barros, de 57 anos.

Arthur ainda fez questão de compartilhar um segredo. “Meu livro preferido que eu já escrevi é Dona Corujinha, porque a coruja vive do jeito dela”, disse, confiante, ao lado do pai, Júnior Barros.

SETEMBRO VERDE

A mostra é uma parceria entre a Fundação Benedicto Calixto, Prefeitura de Santos, por meio da Coordenadoria de Políticas para a Pessoa com Deficiência (Codep) ligada à Secretaria da Mulher, Cidadania, Diversidade e Direitos Humanos (Semulher), Central de Interpretação de Libras e a editora ABarros.

O encontro integra a programação do Setembro Verde - Mês de Inclusão Social da Pessoa com Deficiência.

Em Santos, a campanha deste ano conta com mais de dez atividades e atrações, entre acolhimento às mães atípicas, rodas de conversa, festival paralímpico e a 1ª Caminhada em Alusão ao Dia da Pessoa Surda e do Intérprete de Libras. Confira aqui.

 

Esta iniciativa contempla os itens 4 e 10 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Educação de Qualidade e Redução das Desigualdades. Conheça os outros artigos dos ODS