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Médicos são treinados para cuidar e prevenir obesidade

Publicado: 26 de agosto de 2003
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A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) deu, na última terça-feira (26), importante passo na prevenção e tratamento à obesidade infantil ao realizar a primeira palestra de curso que visa capacitar pediatras e outros profissionais da rede sobre esse problema de saúde pública, já detectado em Santos. Novas palestras a cargo do pesquisador e nutrólogo Mauro Fisberg estão previstas para os próximos meses, cada uma enfocando um tema relacionado à obesidade, preparando os profissionais de Santos para enfrentar melhor a questão. Nesta quarta-feira (27), como parte das ações em torno de controle da obesidade, será apresentado, oficialmente, às diretoras e supervisoras das escolas públicas, o resultado do levantamento realizado pela SMS, no ano passado, em 78 escolas públicas e particulares, avaliando 10.821 crianças entre sete a 10 anos. Foram constatados sobrepeso e obesidade em torno de 33,71% delas. A reunião com os profissionais da Secretaria de Educação (Seduc) começa às 9 horas, no auditório do Banco do Brasil (Rua XV de Novembro 195, 10º andar) e será conduzida pelos coordenadores do Programa de Hipertensão e Diabetes da SMS. Nos próximos meses, segundo previsão do professor Mauro Fisberg, que integra a equipe do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente da Unifesf e supervisionou levantamento de obesidade em Santos, existe a expectativa de que pelo menos dois mil novos pacientes na faixa etária entre sete a 10 anos passem a ser acompanhados rotineiramente nas policlínicas, em relação à obesidade e doenças dela decorrentes. Nos próximos dias, os pais receberão correspondência explicando a situação de seu filho, em relação à obesidade e indicando, sem alarmismo, a necessidade de exames complementares. Mauro Fisberg assinalou que a rede de saúde deve estar preparada para receber esse impacto, inclusive com atuação de uma equipe multidisciplinar, já que o problema é sério e precisa de ações conjuntas, tanto na prevenção como no tratamento. O grande objetivo, segundo ele, é detectar a obesidade de forma precoce, impedindo que a criança gordinha se torne um adulto obeso. As estatísticas demonstram que isso acontece em 80% dos casos. O tratamento da obesidade infantil, segundo ele, é extremamente complexo, já que a criança é avessa a dietas e normalmente o problema está ligado aos hábitos alimentares dentro de sua própria casa. Fisberg deu um exemplo claro do que acontece no Brasil. Adotamos a macarronada, que é servida fartamente segundo a tradição italiana, e acrescentamos molhos altamente calóricos vindos da França, onde as porções servidas costumam ser bem menores. Ele também citou o consumo exagerado de sódio e alimentos gordurosos, pelas crianças e adolescentes, adeptas dos fast-food americanos. Até a pasta de amendoim que era pouco consumida no Brasil já passou a integrar o cardápio dos adolescentes, alertou. Somente um programa amplo, com equipe multidisciplinar, envolvendo mudança gradativa de hábitos alimentares, prática de exercícios físicos e educação continuada, podem dar certo, segundo experiências já adotadas. Na exposição de terça-feira (26) ele considerou positivo programas como Agita Brasil (que em Santos já foi introduzido como Agita Santos) e apresentou outras experiências bem sucedidas e dificuldades existentes. Os melhores resultados envolvem o trabalho de diagnóstico precoce e o em equipe, com tratamento multiprofissional, passando, necessariamente, pela mudança gradual de hábitos alimentares e o combate ao sedentarismo. Medicamentos, segundo exposição realizado, têm poucos resultados, sem contar a série de efeitos colaterais. Na palestra realizada terça-feira (26), da qual participaram cerca de 50 profissionais da SMS, foi exposta a epidemiologia da obesidade, que praticamente já atinge todo o mundo, inclusive países que tinham tradição de povo magro (caso do Japão, França, Inglaterra), doenças relacionadas à obesidade e como tratá-las e ações para prevenir o problema.