Marapé, em Santos, completa 70 anos com moradores fiéis. Festa celebra a data no sábado
VEJA COMO SERÁ A FESTA NESTE SÁBADO
Egle Cisterna
Chegar aos 70 anos vivendo em meio à boemia, marcado por tradições e com mais de 20 mil pessoas que não o trocariam por nenhum outro é para poucos. Mas tem um bairro em Santos que consegue essa façanha. É o Marapé, que, nesta quinta-feira (13) chegou à marca de sete décadas de histórias e com moradores apaixonados pelo local.
Mas engana-se quem acha que o Marapé é o mesmo. Desde o último censo, que apontava o número de moradores por bairro, em 2010, muita coisa mudou. Grandes empreendimentos habitacionais chegaram ao bairro com perspectiva de crescimento populacional de até 45%. E diante disso, uma nova face surgiu com desenvolvimento de comércio local, com supermercados, lanchonetes, farmácias, restaurantes, entre outros estabelecimentos. O desenvolvimento e as mudanças chegaram, mas o amor dos moradores é inabalável.
A moradora Simone Carranca é uma dessas que declara sua paixão pelo bairro. Nascida e criada ali, ela nunca morou em outro local. “Eu me sinto bem aqui, tenho a lembrança da minha infância e tenho tudo o que preciso ao meu redor, sem ter que pegar carro”, conta ela. Das memórias que guarda estão as chácaras de japoneses, onde ela, a mãe e a avó iam comprar verduras. “Eram outros tempos o Marapé era bem diferente, sem todos esses prédios que foram erguidos nos lugares onde ficavam as chácaras”, diz.
Simone afirma que a tranquilidade e o clima familiar também eram as principais características da região. “Era um bairro muito sossegado, onde dormíamos de janelas abertas, as pessoas sentavam na calçada para conversar e as crianças brincavam nas ruas. Isso não existe mais, mas eu não troco o Marapé por lugar nenhum”, afirma a moradora.
A comerciante Ilza Simplício, de 49 anos, trabalha e mora no bairro e também não se vê em outro ponto de Santos. “Aqui tem de tudo. Quem mora no Marapé não precisa sair para nada. Sem estresse com deslocamento de carro, de pagar estacionamento. A gente encontra o que precisa perto de casa”, conta ela. Ela também abriu uma loja em um dos pontos comerciais que são a marca do bairro, o Mercado do Marapé, que tem em sua fachada um painel de pastilhas do artista plástico Clóvis Graciano, inaugurado também há 70 anos pelo então prefeito Antônio Feliciano. A obra do artista representa como o comércio acontecia antigamente.
O BAIRRO
Com uma área aproximada de 1,81km², o bairro abriga ainda o maior cemitério vertical do mundo, a Memorial Necrópole Ecumênica, que, desde 1991, aparece no Livro dos Recordes como o mais alto do planeta. É lá que está o Mausoléu de Pelé, espaço de visitação onde está enterrado o Rei do Futebol.
Outro ponto de referência é o Santuário São Judas Tadeu, um dos maiores da Cidade, que atrai fiéis de todas as regiões. O bairro também é conhecido pelo samba e abriga as agremiações União Imperial, Ouro Verde e Real Mocidade Santista. Cor e arte estão também presentes no monumento instagramável instalado na confluência das ruas Antônio Bento de Amorim e José Gonçalves da Mota Júnior com a Avenida Pinheiro Machado. Além de uma declaração de amor à Cidade com a tradicional mureta estilizada, o local recebeu uma pintura do artista santista Daniel Drosh.
Os moradores contam ainda com os serviços da Policlínica Marapé e das UMEs Dr. Alcides Lobo Viana, José da Costa Barbosa e Padre Francisco Leite.
HISTÓRIA
A data de comemoração do aniversário é vinculada à fundação da Sociedade de Melhoramentos do Marapé, em 1954. Porém, a história do bairro é muito mais antiga. Antes mesmo da sociedade de Melhoramentos, já havia no local chácaras de japoneses com plantações de legumes e verduras. O adensamento populacional, que vinha do Centro para a praia começou na década de 1920 e se intensificou no Marapé a partir da década de 1940.
A origem do nome, inclusive, está ligada a esse fluxo Centro-Praia. O nome é uma evolução da palavra tupi-guarani Parapé (depois Marapé), de pêra, que significa mar, e pé, caminho, ou seja, caminho do mar. Foi batizado assim pela região fazer parte do caminho dos indígenas que saiam da região central, de onde hoje é a Alfândega, passava junto à Rua Itororó, acompanhava o Monte Serrat, seguia próximo à Santa Casa, descia para a várzea do Jabaquara e dali, sempre acompanhando os morros, passava pelo Marapé, saindo na praia.
COMEMORAÇÃO SERÁ NO SÁBADO COM LAZER E SERVIÇOS DE SAÚDE
Com o dia oficial no meio da semana, a Sociedade de Melhoramentos do Marapé vai promover uma comemoração no sábado (15), das 9h às 14h, no trecho entre as ruas 9 de Julho e São Judas Tadeu (próximo à Policlínica), com atividades e brinquedos para crianças, apresentação das escolas de samba União Imperial, Real Mocidade, Ouro Verde e da banda Carlos Gomes. “O Marapé cresceu bastante, é um bairro muito querido e muito tranquilo para se viver e merece essa comemoração”, afirma Dalve Negrão, presidente da Sociedade de Melhoramentos, que mora no bairro há 38 anos, desde que veio do Pará para Santos. A festa conta com o apoio da Prefeitura de Santos.
A Secretaria Municipal de Saúde e o Conselho Municipal de Saúde realizarão durante o evento a 12ª Ação Cidadania em Defesa do SUS, levando informações de Saúde para a população, vacinação, exames rápidos - como o de tuberculose, HIV e hepatite -, aferição de pressão arterial e glicemia, entre outros serviços. Durante a ação, a pasta estará arrecadando alimentos não perecíveis, água, produtos de higiene e ração para animais.
Esta iniciativa contempla o item 11 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: Cidades e Comunidades Sustentáveis. Conheça os outros itens do ODS.