Judocas santistas das olimpíadas querem o título dos jogos abertos
As atletas santistas do judô, Andréa Berti e Priscila de Almeida Marques, não são mais as mesmas depois que disputaram a última Olimpíada. Ambas mudaram e para melhor. Para elas, estar em uma Vila Olímpica, com os maiores atletas do mundo, em várias modalidades, sentir o assédio da Imprensa, a reação do público, o friozinho na barriga na hora da competição, tudo isso faz diferença para se adquirir experiência e maturidade. É aí que você cai na real e se sente verdadeiramente uma atleta olímpica, pois a responsabilidade aumenta e você não quer decepcionar o seu País. Além disso, participar de uma Olimpíada é o sonho de todo atleta. Ambas participaram recentemente dos Jogos Olímpicos de Sydney (Austrália) e embora não tenham conquistado medalhas vieram com mais tarimba internacional e sabem que estão entre as melhores judocas do mundo. Elas agora direcionam seus objetivos para os Jogos Abertos do Interior e o Mundial de Judô, na Alemanha. Ambas estão vinculadas ao Clube Pinheiros, da Capital, mas vão defender Santos, nos Jogos Abertos. Para isso estão treinando na Academia do campeão olímpico Rogério Sampaio, um incansável entusiasta das duas atletas. São duas grandes judocas que ainda vão dar grandes alegrias ao judô feminino do Brasil, que cada vez vai ganhando espaço internacional. FASCINAÇÃO Andréa Berti, categoria ligeiro (48 kg), por exemplo, já participou de três Olimpíadas: Barcelona (92), Atlanta (96) e Sydney (2000). Mas, os Jogos de Barcelona, talvez, por ser o primeiro, foi o mais significativo. É fascinante o desfile de celebridades do esporte internacional na Vila Olímpica. Gente famosa como o Michael Jordan, que você só conhecia pelos jornais e TV, de repente, está pertinho de você. É inacreditável, resume Andréa, que nas olimpíadas anteriores foi titular da equipe brasileira mas, na de Sydney, ficou na reserva de Mariana Martins. Entretanto, na sua volta, ela recebeu boa recepção de todos, Imprensa, familiares e amigos. Uma lesão no joelho (ligamentos) no final de 1.999 acabou atrapalhando os planos de Andréa para as Olimpíadas de Sydney. Participei de poucos torneios em 2000 e senti a falta de ritmo. Nas seletivas me classifiquei na condição de reserva. Mas valeu como experiência, desabafou a judoca santista que ostenta títulos expressivos como hexacampeã paulista e brasileira, hepta campeã sul-americana, bicampeã dos Jogos Sul-americanos, 3ª colocada nos Jogos Pan-americanos (Mar Del Plata) e várias vezes campeã dos Jogos Abertos e Regionais, entre outros. DESLUMBRAMENTO Já Priscila Marques também ficou deslumbrada com a sua primeira Olimpíada, embora a equipe brasileira tenha ficado em Camberra (distante três horas de Sydney). Só íamos para Sydney dois dias antes das lutas, contou a atleta. Mas, só o fato de você conviver com grandes atletas e ver de perto o Gustavo Kuerten, o Guga, o Gustavo Borges, e o Xuxa da natação já valeu a pena, expressou Priscila, que obteve a 7ª colocação na competição. Ela obteve duas vitórias contra atletas de Taiwan e Nova Zelândia, mas perdeu duas lutas, contra a chinesa Yan Chu (vice-mundial) e outra contra a francesa Cicot, que já foi campeã mundial em 1997. Acho que podia ter me saído melhor. Não sei o que houve. Fiquei travada, faltou mais velocidade nos golpes, explicou Priscila, que teve, porém, sua compensação com a boa recepção na volta. Minha família, minhas amigas, meus colegas de faculdade. Todos me apoiaram. Ganhei cesta de café da manhã, flores. Até pessoas na rua me pediram autógrafo. Todos entenderam meus esforços disse Priscila, que possui um currículo invejável: hepta campeã paulista, tricampeã brasileira e sul-americana, campeã pan-americana, em Montevidéu (99), 3ª nos Jogos Pan-americanos de Winnipeg (Canadá), e 7ª na Olimpíada de Sydney. JOGOS ABERTOS Elas admitem que o Brasil tem atletas de grande potencial, mas sabem que somente um projeto olímpico, bem planejado com investimento nas várias modalidades e com antecedência podem preparar o País para ser uma potência olímpica. Não adianta você dar apoio no ano da Olimpíada. É preciso uma ajuda permanente com anos de antecedência para treinar bem os atletas e deixá-los em condições de competir, sustenta Andréa. Ambas agora estão se preparando para os Jogos Abertos do Interior, que serão realizados em Santos, em novembro, reunindo também alguns dos melhores atletas brasileiros que atuaram em Sydney. Vamos com garra total para trazer esse título para Santos, desabafa Priscila, que está se recuperando de uma contusão.