Judô santista volta ao topo nos Jogos Regionais com título no masculino e vice no feminino
Thadeu Aguiar
Berço de alguns dos principais atletas da história do País, Santos reviveu neste domingo (13) seus melhores momentos no judô conquistando o título geral da 65ª edição dos Jogos Regionais, disputado em São Bernardo do Campo. A equipe teve seu melhor resultado desde a retomada dos jogos, em 2021, após a pandemia, e faturou o troféu de campeã no masculino e o vice no feminino.
No sábado, na competição por equipes, a Cidade conquistou a medalha de ouro no masculino e feminino. Já neste domingo, nas disputas individuais, as meninas conquistaram três ouros (Giovana Inhof no ligeiro, Bruna Sartório no meio médio e Aline Puglia no pesado), três pratas (Danielly Ramos no leve, Paula Clark no meio médio e Ana Alexia Camargo, no absoluto) e três bronzes (Maria Clara Paixão no meio leve e Ana Alexia Camargo, no meio pesado). Com a somatória de pontos, ficou em segundo lugar, apenas dois pontos atrás da cidade anfitriã, São Bernardo do Campo.
Já o time masculino ficou com o título com ampla superioridade, cinco medalhas de ouro (João Henrique Baptista no meio leve, Tiago Augusto Mancini no leve, Guilherme Guimarães no meio médio, Eduardo Betoni no meio pesado e Ruan Silva no pesado), prata com Luah Saboya no médio e bronze com Edu Lowgan Ramos no absoluto. O peso ligeiro Gabriel Cardoso terminou na 4ª colocação. A seleção está classificada para os Jogos Abertos.
MUITA EXPERIÊNCIA
Se alguém pode falar com propriedade de Santos nos Jogos é o técnico Ivo Nascimento. Começou a defender a Cidade como atleta em 1983, com diversos títulos na competição e depois seguiu à frente como técnico da seleção santista. “Muito feliz com esse resultado. Atualmente estou mais na retaguarda, mas muito orgulhoso de ver meus ex-alunos comandando a seleção e elevando o nome da Cidade”.
Ivo lembrou das grandes disputas de Santos contra São Caetano no passado. Uma enorme rivalidade entre as cidades, que contavam com os melhores judocas do Brasil, e revezam no topo do pódio. “Era uma verdadeira guerra. Com essa regra, agora, que os técnicos só podem falar durante a paralisação das lutas, não ia sobrar nenhum na competição”, diz Ivo, que neste domingo teve contribuição efetiva na orientação dos atletas, com toda sua experiência.
Ele confirmou que Santos nunca parou de revelar grandes judocas. Mas, com o aumento do investimento no esporte, que é o mais vitorioso do País em Jogos Olímpicos (28 medalhas), ficou difícil segurar os jovens talentos diante do assédio dos grandes clubes brasileiros, potências no esporte olímpico e seus patrocinadores. “Já pegam nossos atletas com 14 anos, hoje precisamos fazer uma equipe mesclada, com jovens e atletas mais experientes, de fora, para disputar com as grandes cidades”.
NOVA GERAÇÃO
Maior exemplo da nova geração é Giovana Imhof, de apenas 15 anos. Melhor judoca do País na categoria cadete (até 17), campeã brasileira, vice no Pan, bronze em duas etapas do circuito europeu e classificada para o Mundial, em Sofia, na Bulgária, de 27 de agosto e 1º de setembro, ela disputou pela primeira vez os Jogos Regionais e atletas da categoria adulta.
E ela provou mais uma vez que é diferenciada, com duas vitórias com ampla superioridade sobre suas adversárias mais experientes, com direito a ippon (golpe perfeito) utilizando sua principal especialidade: o ne-waza (técnicas de chão). “Estou muito feliz, porque tenho 15 anos, são atletas mais velhas, experientes e senti muita diferença no estilo de luta”, diz Giovana, que pretende pedir pro seu técnico para disputar mais competições adultas para adquirir ainda mais experiência.
Mas, agora, segundo a atleta, o foco é treinar muito e brigar por uma medalha no Mundial. Ela ainda tem o Brasileiro Escolar e os Jogos Abertos, onde fará também sua estreia. “Já ganhei muitos Jogos da Juventude defendendo Santos, agora comecei nos Regionais, espero que seja uma trajetória longa e de muito sucesso”.
TIME FORTE
Na equipe, a jovem Giovana teve ao lado judocas mais experientes como Ana Alexia de Camargo, que defende pelo segundo ano consecutivo a cidade de Santos. Natural de Curitiba (PR), ela conquistou o bronze na categoria médio e a prata no absoluto. “Foi uma competição muito dura, mas muito feliz de contribuir mais uma vez com Santos, que tem uma energia surreal”. Com currículo vitorioso e passagem pela seleção brasileira, ela elogiou a nova geração e a mesclagem feita pela Cidade para a disputa.
Quem também contribuiu com sua experiência e com uma trajetória de vitórias foi Eduardo Bettoni, que pela primeira vez representou a cidade de Santos. Ele defendeu a seleção brasileira por anos, conquistou prata e bronze em mundial por equipes, ouro nos Jogos Mundiais Militares, além de inúmeras medalhas em competições nacionais e internacionais. Bettoni se aposentou da seleção no ano passado. Aos 34 anos, sofreu com muitas lesões, mas segue treinando. “Santos abriu as portas para mim com essa oportunidade”, disse o campeão da categoria médio. Em São Bernardo, foram seis lutas e seis vitórias, além da felicidade em poder passar um pouco do conhecimento, contar histórias e dividir o quarto no alojamento com companheiros mais novos.
Uns vão embora, outros chegam pela primeira vez. Já João Henrique Baptista, medalha de ouro na categoria meio leve, voltou para a Baixada Santista neste ano, onde defende atualmente o Clube Internacional de Regatas. Natural do Guarujá, aos 24 anos, ele passou por equipes de São Paulo nos últimos anos, com pódio nas principais competições nacionais como o Troféu Brasil, além do título nacional e pan-americano universitário.
“Muito feliz por poder estar perto da minha família. Foi meu primeiro ano defendendo Santos e espero que sejam vários”, disse o atleta, elogiando a estrutura e a união da seleção santista.
O técnico Anderson Fonseca elogiou o desempenho dos judocas, o melhor da Cidade, nos últimos tempos, e a mesclagem de atletas jovens e experientes, que considerou fundamental.
“Teremos uma equipe forte para disputar os Jogos Abertos, com o masculino completo e as meninas que conquistaram a medalha de ouro”, disse o treinador, que ainda conta na comissão técnica com Danilo Gonçalves, Felipe Oliveira e Pedro Nery.