Jovens desenvolvem habilidades e projetos de vida
É segunda-feira no Centro da Juventude da Zona Noroeste, no Rádio Clube. Um grupo de meninas aprende dança do ventre; outro, costura e bordado, enquanto jovens editam um vídeo. Na unidade dos Morros, no São Bento, eles lotam uma sala para receber dicas sobre mercado de trabalho; enquanto na da Zona da Orla/Intermediária/Região Central Histórica, na Vila Mathias, adolescentes pintam o contorno do corpo nas paredes, como forma de dar ‘sua cara’ ao espaço que pertence a eles mesmos.
As atividades fazem parte do cotidiano dos três equipamentos da Seas (Secretaria de Assistência Social) da prefeitura, onde jovens têm a oportunidade de desenvolver habilidades e traçar projetos de vida. Os centros somam, atualmente, mais de 520 deles, e ainda crianças, adultos e idosos, que participam, gratuitamente, de oficinas culturais e esportivas, como balé, teatro, violão, futebol society, línguas, e se apresentam em eventos ao longo do ano.
As unidades mantêm programas para jovens em situação de vulnerabilidade social. Um deles é o PVJ (Programa Municipal de Valorização do Jovem), criado pela lei 2.362/2005, que transfere bolsa-auxílio de R$130,00/mês a jovens de 16 a 21 anos, de famílias inscritas nos Cras (Centros de Referência de Assistência Social). Eles são estimulados a continuar os estudos e, durante um ano e meio, são capacitados em atividades socioeducativas em áreas de maior interesse, como comunicação, produção ou meio ambiente, e ainda no Restaurante-Escola e no projeto Historiando a Zona Noroeste.
Outro programa é o Pró-Jovem Adolescente, do governo federal, para quem tem de 15 a 17 anos, de famílias com inscrição no 'Bolsa Família', aos quais é repassado R$ 80,00/mês.
Crescimento
Não é de hoje que as irmãs Maria Mariana e Maria Thereza de Carvalho, 14 e 18, participam do Centro da Juventude da ZNO. “Entrei com 14 anos nas oficinas de balé e jazz. Hoje, sou monitora de dança e tive crescimento profissional”, disse Maria Thereza, que já participou do PVJ, e atualmente cursa educação física na Unisanta, via ProUni. “Aqui é a minha segunda casa”, conta, ao lado da irmã, que segue seus passos – desde os 11 faz dança do ventre no local.
Ainda na ZNO, Bruno Willian Ramos, 16, é um dos que integram o PVJ e escolheu as oficinas de comunicação. “Quero ser jornalista ou estudar gastronomia. Tenho aqui liberdade de expressão”.
Também no PVJ, Ângela Teles Batista, 16, fala que as oficinas a auxiliaram a se comunicar melhor. “Ajudam no colégio e como me comportar em entrevistas”. Na unidade dos Morros, Thaís Celiberti, 14, é do PET (Programa de Educação para o Trabalho).“Sinto que estou pronta para trabalhar”, disse ela, residente no Morro do São Bento e com intenção de estudar medicina.
Aprendizado
Ao entrar no Centro da Juventude na Vila Mathias, o que se vê são jovens desenhando o contorno do corpo nas paredes, atividade feita com alunos da Unifesp em parceria com a Seas, sob coordenação da professora de terapia ocupacional Patrícia Borba. “O objetivo é fazer com que se aproximem para discutir projetos de vida”, diz Patrícia. A chefe da unidade, Elizabete Rodrigues Gatto Gonçalves, ressalta: “É a legitimação do espaço pelos jovens. Trabalhando a dimensão do corpo, reconhecemos quem somos e onde estamos. A ideia é que encontrem aqui um espaço com a cara deles”.
Tauá Antônio da Silva, 15, era um dos que estavam com o pincel na mão. Ele também participa do Pró-Jovem. “Esse lugar me traz segurança e aprendo muito”. Para Francielle da Silva Conceição, 17, do PVJ, o espaço é sua segunda casa. “Discutimos vários temas, visitamos pontos turísticos e fazemos entrevistas. Você não fica em casa sem fazer nada; aprende coisas e conhece pessoas”. Agora ela atambém atuará como monitora de balé. “Gosto da dança e terei oportunidade de ensinar”.
Outras informações nos telefones 3291-1845 (ZNO, Av. Brigadeiro Faria Lima s/nº); 3237-1797 (Vila Mathias, - Rua Joaquim Nabuco, 21) e 3224-3145 (Morros, Av. Nossa Senhora da Assunção, 156).