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História das bordadeiras do são bento pode ser conhecida na fams

Publicado: 7 de julho de 2005
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Quem quiser conhecer a história das bordadeiras do Morro do São Bento, que perpetuam em Santos a arte milenar da Ilha da Madeira (Portugal), tem agora nova e rica fonte de pesquisa à disposição na Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams). Nessa quinta-feira (7), o Arquivo Intermediário (Rua do Comércio, 87) recebeu a visita de três das cinco artesãs que integram a União das Bordadeiras do Morro do São Bento, que acompanharam a jornalista Gisela Kodja na doação de sua dissertação de mestrado, apresentada no ano passado na PUC, com a qual obteve o título de mestre em gerontologia. A dissertação conta com fotografias do Marcos Piffer. Arte que se confunde com a própria descoberta, em 1418, do Arquipélago da Madeira - formado pelas ilhas Madeira, Porto Santo, Desertas e Selvagens -, o bordado representou mais do que um reforço para o orçamento familiar: foi o instrumento identificador das imigrantes portuguesas que começaram a chegar a Santos com mais intensidade na década de 1960 e uma forma de participação social. "As bordadeiras do São Bento construíram suas vidas com muita coragem, transformando o ofício aprendido com as mães e avós em fonte de vida e saúde, além de contribuição à Cidade que as acolheu", disse a jornalista, cuja tese também integra o acervo virtual do Instituto Museu da Pessoa. ARTE SEM HERDEIROS Mas essa arte está fadada a desaparecer: das 300 bordadeiras que atuavam na década de 1960 resta apenas cinco. Elas são as únicas associadas da União das Bordadeiras do Morro São Bento, fundada há 20 anos graças ao incentivo de Francisco Ribeiro do Nascimento, outro jornalista, mais conhecido como Chico das Castanhas. É que o trabalho é difícil e demora pelo menos seis meses para que se domine os pontos mais fáceis, motivo das desistências que levaram a entidade a fechar o curso que mantinha na sociedade de melhoramentos do morro, conforme explicou Teresa Gonçalves Pestana, 67 anos. Ela saiu da Ilha da Madeira aos 21 anos e preside a União das Bordadeiras desde sua fundação. Maria Alexandre Fernandes, a única brasileira da entidade, filha de pais madeirenses, lembra que as meninas começam a aprender o ofício aos 5 anos de idade, garantindo-lhes uma técnica capaz de identificar a natureza de qualquer bordado. "Se não fosse o bordado, o que iria fazer se não tenho outra profissão?", indaga Beatriz de Freitas Leão Pereira, viúva de 81 anos, ilhoa que chegou a Santos com o marido, aos 26 anos de idade. Integram ainda a União das Bordadeiras Isabel da Paixão Fernandes de Andrade e Maria Paixão de Abreu. Semanalmente, sob chuva ou sol, elas aceitam encomendas e expõem seus trabalhos, uma vez por mês, no Orquidário Municipal. São cerca de 6 kg de peças que elas, idosas, transportam de ônibus, por amor à arte e honrando a tradição das ancestrais.