Seu navegador não possui suporte para JavaScript o que impede a página de funcionar de forma correta.
Conteúdo
Notícias

História: A viagem de Braz Cubas ao futuro

Publicado:
26 de janeiro de 2025
10h 38

Fernanda Mello

O que aconteceria se o português Braz Cubas, que fundou a Vila do Porto de Santos em 1546, pudesse fazer uma viagem ao futuro e encontrasse “sua vila” em 2025, exatos 479 anos depois?

Ele ainda estaria no Centro Histórico, onde tudo começou: “Gajo, conheço esse Outeiro, foi nesta região que instalamos o povoado. Luiz de Góis construiu a capelinha de Santa Catarina. A capela não existe, mas essas duas rochas do Outeiro continuam firmes”.

Uns passos na direção do mar, e Cubas atestaria que a decisão de mudar o atracadouro de embarcações da região da Ponta da Praia para o Valongo, além de mais segurança, trouxe desenvolvimento e riquezas. “Essas caravelas são imensas, Meu Deus”. Emocionado, descobriria que seu porto se tornou o maior da América Latina.

Ainda no primeiro bairro de Santos, o ilustre visitante se encantaria com as construções históricas e descobriria que um grande brasileiro nasceu aqui: José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência.

Ficaria boquiaberto com o bonde circulando pelas ruas, com as igrejas do período colonial. Entraria numa delas para uma oração. Uma senhorinha entregaria-lhe um santinho de Nossa Senhora do Monte Serrat, e Cubas saberia que nossa Padroeira salvou sua vila do ataque dos piratas holandeses. “Rogai por nós”.

Mais uma caminhada, Braz Cubas veria a Santa Casa da Misericórdia de Santos, que fundou num outro local para cuidar dos doentes do povoado e dos tripulantes dos navios, consagrando-se o primeiro hospital do Brasil e das Américas. “Como nossa Santa Casa cresceu”.

Ele descobriria que o Jabaquara abrigou no século 19 o segundo maior quilombo do Brasil e que sua Santos foi uma cidade abolicionista muito à frente de outras. “Aqui é a Terra da Caridade e da Liberdade”, lê no nosso Brasão e derrama uma lágrima.

Ficaria impressionado com os canais de saneamento e com tudo o que representaram no desenvolvimento da Cidade e logo entenderia que eles são uma ótima bússola.

Braz Cubas reconheceria um sotaque familiar ao visitar os morros. “Quantos irmãos continuam vivendo por aqui!”. Mas ficaria feliz de ouvir outros jeitos de falar, de saber que Santos recebeu de braços abertos gente de muitos cantos e de ver visitantes de outros pousos. “Com tamanhas belezas, não me surpreende”.

Saberia que foi a partir do Santos que Pelé brilhou para o mundo. “Olha o que esse gajo fazia com essa redonda!”. Alguém falaria para o portuga que essa terra também se destacou na música, no cinema, no teatro e na literatura com Pagu, Plínio Marcos, Cacilda Becker, Gilberto Mendes, Bete Mendes, Sérgio Mamberti, Ney Latorraca, Vicente de Carvalho, Martins Fontes, Ribeiro Couto e tantos outros. “Gente criativa essa de Santos”.

No caminho, Braz Cubas provaria pão de cará, média, café, caipirinha, água-de-coco, frutos do mar... E diria: “Estupendo. Embrulha para viagem”.

Tiraria as botinas ao pisar na areia, faria uma caminhada à beira-mar, pegaria umas ondinhas no Posto 2. “Ora, pois, aqui também é o berço do surfe no Brasil”. Contemplaria o entardecer, observaria as cores do maior jardim de praia do mundo e aprenderia um pouco mais com os monumentos nele instalados.

Cansado, depois de turistar por sua “vila”, diria antes de voltar para 1546: “Tudo valeu a pena. Que lugar! Que gente! Que história! Que orgulho!”.

 

 

Esta iniciativa contempla o item 4 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Educação de Qualidade. Conheça os outros artigos dos ODS.