Futuros mutuários devem ficar atentos para não perder dinheiro
A maioria dos bancos tem linhas de crédito especiais para compra de imóveis. Um mercado sempre aquecido, uma vez que a casa própria é o sonho de milhões de brasileiros. Diante da possibilidade da aquisição do bem tão desejado e com receio de perder o negócio, muitas pessoas adquirirem financiamentos sem uma análise apurada e acabam optando por um plano de alto custo. Analisar com calma é a dica básica dos técnicos do Centro de Informação, Defesa e Orientação ao Consumidor (Cidoc), da Prefeitura. Calma e cautela é também a ênfase do Manual da Casa Própria, lançado recentemente pela Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), que consta do site www.abmh.org.br. Segundo um representante da coordenadoria do Cidoc, é fundamental que o comprador nunca se afobe. Grande parte dos problemas dos mutuários é fruto do desconhecimento dos termos daquilo que está sendo acordado com o banco. Entre as sugestões para uma boa compra está adquirir um imóvel que atenda às necessidades atuais e não a casa ideal para a família que ainda vai se formar. Usar todo o saldo do FGTS como entrada diminui o valor financiado. A cada dois anos, como permite a lei, é aconselhável a amortização de parte da dívida com o saque do dinheiro do Fundo. Essa medida e o uso do dinheiro que estiver sobrando - decorrente de férias vencidas, 13º salário ou outros -, ajuda o mutuário a se livrar mais rápido do financiamento. RESÍDUOS O termo resíduo, atualmente, tem sido vilão de muitos mutuários com contratos antigos da casa própria. Até 1987, quem buscasse financiamento pelo SFH era protegido pelo Fundo de Compensação de Variação Salarial, que permitia que o comprador pagasse as prestações sem se preocupar com os resíduos decorrentes das variações inflacionárias, tradicionalmente superiores ao reajuste dos salários. Com o fim desta política, o valor cobrado do mutuário restringiu-se a 30% de seus rendimentos mensais. O total do contrato, entretanto, começou a ser corrigido pela inflação. Isso tornou inevitável que o valor da dívida crescesse em ritmo mais acelerado do que a amortização, formando um resíduo para estes contratos antigos. OPÇÕES Hoje, existem três tipos de sistemas de financiamento: a tabela Price (usada pelos bancos privados), o Sistema de Amortização Crescente (Sacre), utilizado pela Caixa Econômica Federal, e o Sistema de Amortização Constante (SAC), também utilizado pelos bancos privados. As duas últimas são as melhores opções. Na tabela Price, o comprador começa a pagar o financiamento com parcelas mensais mais baixas, mas ao longo dos anos, as parcelas sobem muito. O Sistema Sacre, criado em 1998, tem uma prestação maior, mas sua amortização (a liquidação da dívida) é mais rápida, uma vez que a correção das prestações é feita nos dois primeiros anos do contrato. Já no SAC a amortização começa logo no início dos pagamentos, por isso reduz juros a serem pagos. Segundo o diretor da Associação dos Mutuários de São Paulo e Adjacências, José Aparecido Rodrigues, a melhor forma de se minimizar o surgimento de resíduos é optar pelo Sacre e SAC, Ainda são as melhores opções, embora as taxas (administração e seguro) tenham um valor muito alto, que em muitos casos, chega a 30% do valor da prestação.