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Frequentadores de abrigos vibram com vitória do Santos na Vila Belmiro

Publicado: 21 de julho de 2017
16h 00

Aproximadamente 5,5 mil pessoas compareceram à Vila Belmiro, na quarta-feira (19) à noite, para o jogo entre Santos e Chapecoense pelo Campeonato Brasileiro. Porém, especialmente para 29 torcedores a vitória por 1 a 0 teve um sabor mais que especial: frequentadores de dois abrigos da Prefeitura que puderam assistir a partida em um dos camarotes do estádio.

A iniciativa foi uma parceria entre a Secretaria de Assistência Social (Seas) e o clube. Logo após descer do ônibus que os levou ao estádio, mesmo aqueles que se confessaram torcedores de outros times não esconderam a emoção de passar uma noite de inverno diferente.

Rogério Marcondes, 43 anos, era um dos muitos que pisavam pela primeira vez no palco que revelou Pelé ao mundo. “É uma emoção muito grande”. Nas ruas há 30 anos e já tendo trabalhado como garçom e cozinheiro, ele sonha com seu recomeço. “Quero muito arrumar um novo emprego. Mas, vir aqui hoje nos ajuda a esquecer um pouco dos nossos problemas”.

O grupo demora um pouco para entrar no ritmo do jogo e sofre com os primeiros ataques da ‘Chape’. Porém, quando o Peixe melhora e passa a frequentar mais o ataque, a apreensão dá lugar a gritos, lamentos com as chances perdidas e, claro, críticas ao árbitro Elmo Resende. “Esse juiz aí não sei não”, diz um deles, ao discordar de uma falta marcada contra o Santos.

Alegria

No intervalo, o placar ainda mostrava 0x0. Mas, nem os 15 minutos de pausa foram suficientes para diminuir a animação do grupo, que teve direito a lanche, refrigerante e pipoca. “Ver o Santos assim, de perto, faz meu coração ficar a milhão, é adrenalina pura”, descreveu Carlos Romeiro, 47.

Aos 15 minutos da segunda etapa, o meia argentino Vecchio driblou o goleiro catarinense e, sem ângulo, marcou o golaço que selaria o resultado da partida. A explosão entre os frequentadores dos abrigos foi imediata e não faltaram gritos e aplausos. A partir daí, eles ecoaram os gritos que vinham da arquibancada para estimular a equipe, saudaram o nome do goleiro Vanderlei a cada boa defesa e sofreram até o Peixe garantir os três pontos.

“Eu já tinha andado aqui em volta pegando latas para reciclagem. Mas nunca pensei que conseguiria entrar”, descreveu Carli Carlos, 54. Aluno do curso de restauração de móveis da Vila Criativa, ele garante que está vencendo a batalha para se reintegrar à sociedade. “Pena que o Kayke não marcou gol hoje, porque gosto muito dele. Mas foi bom demais!”.

Reinserção social

A coordenadora de Atenção Social à População de Rua, Miriam Aparecida de Araújo, acompanhou o grupo e explicou que a atividade faz parte da estratégia para ajudar no resgate da cidadania, autonomia e autoestima dos abrigados. “É um evento que fortalece os vínculos com a sociedade. Isso é muito importante para eles”.

Miriam acrescenta que, ao realizar o sonho de ver um jogo no estádio, as pessoas em situação de rua adquirem confiança em sua capacidade para reconstruir a própria vida.

Foto: Marcelo Martins