Extinção da progressão continuada resgata valores da escola pública
A extinção da progressão continuada foi comemorada por vários setores ligados ao ensino público na Cidade. A iniciativa da Seduc já entra em vigor no atual ano letivo (ver retranca), que tem início dia 14 de fevereiro. No entendimento de especialistas da área, a mudança resgata os princípios básicos e os valores da escola pública, proporcionando o retorno de um ensino de qualidade e colocando um ponto final na pedagogia do empurrômetro, como definiu a presidente da Associação de Pais e Amigos das Escolas Públicas da Região Metropolitana da Baixada Santista (Apaep-BS), Maria Ferreira Tavares. A Seduc está de parabéns pela iniciativa que, entendo, deveria servir de exemplo para os demais municípios da nossa região. A extinção da progressão continuada traz inúmeros benefícios para os alunos, para os professores e, consequentemente, para a Educação de uma forma geral, afirma Maria Ferreira, acrescentando outros fatores positivos. O aluno do ensino público perdeu sua identidade e passou a ser apenas um número, dentro do processo de aprovação continuada. Era a verdadeira aplicação da pedagogia do empurrômetro onde, mesmo sem ter um aprendizado básico, apenas freqüência, o aluno tinha certeza de que seria aprovado para a próxima série. Formamos um grande número de semi-alfabetizados no Ensino Fundamental. APATIA GERAL Para a diretora da Emef Irmão José Genésio, Maria Márcia Mariani Guirardi, a alteração proposta pela Seduc atende ainda uma grande reivindicação de pais, alunos e dos próprios professores. A legislação anterior permitia que o aluno fosse promovido de série desde que tivesse 75% de freqüência, mesmo sem ter o aprendizado básico comprovado. Muitos pais solicitaram que esses critérios fossem alterados, mas, estávamos impedidos de atendê-los, explica a diretora. Isso, de certa forma, tornava os alunos apáticos e desestimulados, pois tinham certeza da promoção de série; e os próprios professores, apesar do esforço, não constatavam o interesse do aluno em aprender. Com mais de 20 anos de experiência no Magistério, Maria Márcia entende que a avaliação continuada permitirá também melhorar o rendimento do aluno após a conclusão do ensino fundamental. Com as avaliações permanentes o aluno terá que estudar, sempre. E, quando ele for buscar uma oportunidade fora da escola, em uma seleção de emprego por exemplo, não será facilmente superado por outros candidatos que estudam na rede particular de ensino, como acontece atualmente. A diretora da Emef Irmão José Genésio aprova também a modificação dos critérios nas emeis: A criança nos dias de hoje tem todas as possibilidades de ser semi-alfabetizada aos seis anos de idade e isso será importante para o próprio aluno quando chegar na primeira série. SEDUC IMPLANTA PROGRESSÃO AVALIADA NA REDE MUNICIPAL A Prefeitura de Santos, através da Secretaria Municipal de Educação (Seduc), está implantando uma série de alterações nos critérios de avaliação dos alunos da rede municipal a partir deste ano. A medida visa melhorar a qualidade no aprendizado dos 32 mil alunos matriculados no Ensino Fundamental, das 7 mil crianças do Educação Infantil e dos 4 mil jovens e adultos da Suplência. Uma das principais mudanças será a extinção da progressão continuada, implantada em 1998 e que promovia automaticamente os estudantes. Pelo novo sistema, de progressão avaliada, os alunos serão submetidos a um provão bimestral unificado, com questões elaboradas pela Seduc, servindo como medidor do conteúdo assimilado pelo alunos. A nota mínima exigida será 6. Para o fechamento de boletim, também serão levados em consideração as demais provas, trabalhos e atividades de classe. Quem ficar abaixo da média, terá um mês de recuperação paralela, passando por uma nova prova de avaliação com conteúdo do trimestre. O aluno que encerrar o ano letivo com média abaixo de 6, ficará retido, repetindo a mesma série no ano seguinte. Além disso será exigida freqüência mínima de 75% da carga horária. O Conselho de Classe será resgatado, para que os professores avaliem de forma conjunta o comportamento e desempenho de cada aluno. Os critérios também serão adotados no ensino supletivo, com provões e nota 6 como média. Outra evolução será na pré-escola, onde crianças de quatro a seis anos serão semi-alfabetizadas, chegando à primeira série do Ensino Fundamental sabendo ler, escrever e com raciocínio lógico-matemático desenvolvido. Os professores da rede municipal também terão seus valores reconhecidos e sua atuação incentivada. Através de projeto de lei elaborado pelo Executivo, que será encaminhado ao Legislativo no início de fevereiro, os educadores serão avaliados no decorrer do ano letivo. Aqueles que imprimirem um melhor ritmo de aprendizagem aos seus alunos, com efetivo trabalho em sala de aula, serão agraciados com um salário extra. O critério utilizado nesta avaliação será o rendimento da classe.