Escolas de samba reaproveitam e reciclam materiais para desfile
"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma" - a frase de Antoine Lavoisier (1743-1794), considerado o pai da Química, também pode ser aplicada ao Carnaval. Isto porque muitas escolas de samba reaproveitam materiais do desfile anterior, como tecidos, arames e madeiras, ou utilizam garrafas, isopores, ferragens, entre outros objetos descartados por munícipes e empresas, para a confecção de fantasias e decoração de carros alegóricos. A iniciativa, além de ajudar o meio ambiente, também representa em economia para as agremiações, que podem utilizar melhor a verba da prefeitura e fazer ainda mais bonito na passarela. Um desses exemplos é dado pela Bandeirantes do Saboó, que está produzindo grande parte do seu desfile desta forma. Pelas mãos dos trabalhadores da escola, garrafas pet estão se transformando em flores ou, em forma de filetes, ajudando a prender os tecidos dos carros. "Foram recolhidas mais de duas mil garrafas com a comunidade, em três meses", conta o escultor e carnavalesco Marcos Tola. Antigos isopores de câmaras frigoríficas dão forma a sete esculturas, entre elas uma porta-bandeira de 3,80m de altura. Colchões e guarda-roupas jogados no lixo pelos moradores do bairro viraram, respectivamente, copas de árvores e caixões. Os últimos compõem uma representação do Cemitério da Filosofia, pois a escola conta em seu enredo a história do Saboó. E serragens doadas por uma madeireira, após serem tingidas, são usadas como grama ou pêlos de animais. Já os tecidos e as plumas das fantasias do desfile de 2009, este ano ajudarão a decorar os carros alegóricos. "Ao todo, economizamos cerca de R$7 mil na compra de material. Com esse dinheiro conseguimos contratar mais pessoas e locar este barracão para fazer os carros alegóricos", explica Tola. Outra escola que está apostando na reciclagem é a Mocidade Dependente do Samba. O presidente Abelardo Fernandes da Silva diz que pedrarias do último desfile estão sendo reutilizadas, o mesmo que ocorre com os arames das costeiras da bateria, agora distribuídas em duas alas. "A gente reciclou tudo que podia". A agremiação também terá uma escultura formada por cerca de 500 garrafas pet, arrecadadas pelos diretores e componentes. Quem quiser pode doar este material à escola durante os ensaios, que ocorrem às segundas e quartas, das 19h30 às 22h, e aos sábados, das 19h às 22h, no Clube de Regatas Vasco da Gama (Ponta da Praia, entrada pela Av. Rei Alberto I). CUSTOMIZAÇÃO O reaproveitamento também é uma marca da Unidos dos Morros, que usará no desfile desse ano materiais comprados no ano passado, como tecidos, plumas e lantejoulas. "Eu chamo esse trabalho de customização, que é a transformação desse material. Por isso a gente pede para a comunidade não jogar fora a fantasia do último desfile e trazer aqui para a escola", conta o carnavalesco Di Souza.