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Em readaptação, morador em situação de rua reencontra família

Publicado: 9 de maio de 2016
13h 42

Pela terceira vez em 13 meses, a família de Carlos Henrique de Moraes, 56 anos, veio de Porto Alegre para visitá-lo em Santos. O encontro ocorreu na Seção de Abrigo para Adultos, Idosos e Família em Situação de Rua, equipamento da Secretaria de Assistência Social (Seas).

Esses encontros fazem parte de um processo de readaptação que já dura dois anos e exige paciência, dedicação e amor. As irmãs Jaqueline Moraes Trindade, 52, e Imara Moraes Reis, 63, receberam com sorriso e longo abraço o irmão, que por 16 anos viveu pelas ruas e há seis circula por Santos.

Readaptação

A readaptação é para ele e a família, que desde 2014 acompanha (pessoalmente e por telefone) o trabalho da Seas com seu irmão, que começou pelo convencimento a voltar para casa, aceitar a visita de parentes e ir para o abrigo.

Jaqueline se emociona ao falar do quanto a experiência de um parente vivendo na rua impactou em toda família. “Impossível ficar indiferente, não mudar”. O homem, que nos últimos tempos sobreviveu com a venda de reciclados, até 1999 atuava como contador da Faculdade de Medicina de Porto Alegre.

Nesse ano ele saiu da empresa para realizar o sonho de abrir um quiosque e comprar uma casa na praia de Tramandaí. Deixou a mulher e três filhos e, em menos de um ano, a troca virou pesadelo até ele desaparecer em 2000.

Morto

Sem notícias, todos passaram a considera-lo como morto. Em 2010, a família soube que Carlos tinha passado pelos serviços assistenciais de São Paulo, mas sumiu. “Veio o alívio de saber que estava vivo, mas, junto, a agonia da certeza de que ele vivia nas ruas”, descreve Jaqueline.

Assistente social da Seas, Elisângela Costa funciona como a ligação entre Carlos e os serviços socioassistenciais e entre o ex-morador de rua e a família. Em meio a abordagens constantes, Elisângela precisou de cinco meses para convencê-lo de que a melhor coisa em sua vida seria voltar para casa.

Imara não esquece o primeiro telefonema da assistente social. “Quando ela se identificou e disse que meu irmão estava em Santos, caí em crise de choro. Eu tentava pedir pra não deixar o Carlos fugir, mas não conseguia parar de chorar. Que desespero!”.

A vida no abrigo mudou Carlos e a família agradece à Seas. Antes de elas voltarem a Porto Alegre, ele apresentou às irmãs o Aquário e a praia. Agora, Carlos continua no processo de recuperação no equipamento da Seas, enquanto a família se prepara para seu retorno definitivo.

Foto: Helena Silva