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Coordenadoria de saúde bucal vai relançar manual de aids em odontologia

Publicado: 28 de junho de 2002
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O trabalho pioneiro em Santos, de atendimento aos portadores do vírus do HIV, em adultos e crianças, aliada à experiência dos profissionais da Coordenadoria de Saúde Bucal da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), resultou na edição, em 1998, de um Manual de Aids em Odontologia, com normas de biossegurança, que neste ano terá nova edição. O estudo que inclui adaptação de ações terapêuticas e observação de medidas de biosegurança na defesa de todos os envolvidos, vem subsidiando o trabalho de profissionais de diversos municípios brasileiros que se interessaram em implantar programas semelhantes voltados a pacientes que precisam de uma atenção especial. O relançamento de uma nova edição atualizada da publicação, com novas informações decorrentes da experiência acumulada, deverá ser feita no segundo semestre, conforme divulgou nesta semana, a Coodernadoria da Saúde Bucal do Município, lembrando que a edição foi resultado da integração do trabalho com Coordenadoria do Programa de DST/Aids e apopio. Os autores desse manual são os dentistas Alcino Antônio Campos Golegã, (funcionário da Prefeitura Municipal desde l985 e que passou, a partir de 88 a trabalhar com pacientes DST/Aids) e Maria Regina Baptista, graduada pela Faculdade de Odontologia de Santos em 82 e pós graduada em Saúde Pública pela Unisantos, e que há cerca de dez anos vem dando o atendimento odontológico a crianças portadoras do HIV. Para ela, essa experiência é ¨enriquecedora e gratificante¨. Os dois profissionais também são professores do Programa Nacional de DST-Aids, e dão treinamento a nível nacional, geralmente em Campinas, para dentistas de todo o País. Nessas ocasiões os manuais são distribuídos assim como para todos os profissionais que solicitarem. ATENDIMENTO BUCAL NO NIC BENEFICIA GESTANTES E CRIANÇAS PORTADORAS DO HIV O atendimento de Odontologia a cerca de 300 crianças e adolescentes portadoras do HIV e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida junto ao Núcleo Integrado de Atendimento à Criança – NIC (Rua Conselheiro João Alfredo 60), assim como às mães HIV, estão entre os diferenciai proporcionados pela Coordenadoria de Saúde Bucal de Santos, que de forma pioneira criou o Serviço no Município em conjunto com o Programa de DST/Aids, em 1995. Paralelamente à montagem do ambulatório dentário no Craids, instalava-se o serviço odontológico para crianças no NIC. O atendimento no NIC começa à ser feito à gestante no pré-natal e prossegue com o nascimento do bebê e o acompanhamento de sua saúde bucal, no transcorrer de sua vida até 18 anos. Para os adultos, o atendimento é feito no ambulatório do Craids, na Rua Luíza Macuco,40, onde estão matriculados cerca de 4 mil pacientes. A dentista Maria Regina Batista que cuida das crianças do NIC não tem dúvidas de que seu trabalho lhe proporciona muita satisfação. ¨Elas passam muita energia e são absolutamente iguais a outras crianças com ou sem necessidades especiais¨. A diferença, na questão do tratamento dentário, envolve cuidado maior na prevenção de cáries, na medida que os antiretrovirais, em forma de xaropes, acabam danificando os dentes por serem doces. ¨Elas precisam ter um acompanhamento mensal e o resultado é favorável. Tanto que muitas crianças com 4 ou 5 anos tem índice zero de cáries, com base no Ceo-índice de cárie da dentição decídua. Já os cuidados no controle de uma infecção, por exemplo, é semelhante a qualquer paciente. ¨O que acontece é que ainda há muito preconceito de dentistas em relação aos portadores. Quando eles ficam sabendo, preferem não tratar de pacientes HIV, mesmo os que não apresentaram qualquer doença, alegando não possuir equipamentos adequados. ¨É feio falar, mas existe preconceito¨, analisa a dentista, concluindo que há centenas de portadores do vírus da Aids que não sabem dessa condição, e portanto, são tratados normalmente em consultórios. ¨O importante é que as normas de biossegurança sejam respeitadas, que o profissionai esteja atualizado sobre a epidemia, no que diz respeito a aspectos técnicos, éticos e psicossociais, e trabalhe de forma integrada, interagindo com a equipe multiprofissional que cuida do paciente¨. Merecem um acompanhamento diferenciado pacientes que já tomam coquetéis. Nesse caso, o profissional deve deve estar atento à interação de medicamentos, impedindo que haja dosagens incorretas. Portadores de Aids também estão mais sujeitos a manifestações bucais da infecção pelo HIV/AIDS, entre elas infecções bacterianas, fúngicas, virais, neoplasias, lesões das glândulas salivares, lesões inespecíficas cujos tratamentos figuram em manuais de orientação. DIAGNÓSTICO TARDIO - O ambulatório do Nic também recebe muitas crianças com diagnóstico tardio, ou seja quando a descoberta da presença do vírus do HIV ocorre somente quando a mãe apresentou sintomas da Aids. ¨Nesses casos elas chegam com a boquinha bem prejudicada¨, analisa a técnica. Hoje a tendência para o aparecimento desses pacientes tardios é diminuir, na medida que o teste anti HIV passou a ser adotado em todas as gestantes que procuram a rede pública, desde 98. ¨Há porém algumas gestantes que se recusam a fazer o teste ou não realizam o pré-natal, impedindo cuidados precoces em relação aos filhos. O funcionamento do ambulatório dentário do NIC é às 2ªs 4ªs e 6ªs feiras, das 12 às 18 horas, e às terças e 5ªs feiras, das 7 às 18 horas. UMA GERAÇÃO CONVIVE COM A DOENÇA - O avanço da Ciência e a administração dos coquetéis de antiretrovirais de última geração garantiram aos pequenos pacientes atendidos pelo NIC, mais anos de vida. Atualmente, a dentista Maria Regina cuida de muitos jovens que são portadores desde o nascimento. Ela estima que 20% daqueles que nasceram com o vírus evoluem para a Aids no primeiro ano de vida. A grande maioria, até 60%, chegam à adolescência, muitos sem apresentar sintomas da doença. E há outros entre 10% a 20% que já passaram dos 15 anos de vida, e pode ser que nunca venham a desenvolver a Aids. Isso vai depender da capacidade do sistema imunológico de cada um. ¨Ainda não sabemos se essa parcela de pacientes terá a doença em algum momento de suas vida e estamos aprendendo com eles¨. No manual assinado por essa médica figura no capítulo IV uma das recomendações mais importantes sobre o papel ético do cirurgião-dentista na abordagem dos pacientes HIV: ¨prevenção e solidariedade são as melhores terapêuticas¨.