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Com rica história, bairro Chinês dá boas-vindas na Entrada de Santos e recebe cuidados

Publicado: 19 de maio de 2025 - 10h23

Thadeu Aguiar

Um dos menores bairros de Santos, com 71,2 mil metros quadrados, o Chinês é passagem obrigatória para quem chega a Santos. No local, fica um simbólico Cristo Redentor, feito de areia do mar, em um sinal de boas-vindas. Mesmo com poucas residências, o bairro faz parte da história da Cidade, com os primeiros blocos de carnaval e tem importância até a atualidade, como reduto de atividades portuárias.

Fincado no sopé dos morros do Pacheco e São Bento, o Chinês está localizado entre a Avenida Visconde São Leopoldo, ruas São Bento, Visconde do Embaré e Praça Lions Clube. Riscado do mapa santista e incorporado ao Valongo durante os anos 1970, o bairro Chinês foi oficializado em 2011, com a atualização das leis de Uso e Ocupação do Solo. Em 2023, tinha 295 imóveis, sendo que apenas 33 destes residenciais. A principal operação comercial desenvolvida naquela região é ligada ao Porto de Santos, com o transporte rodoviário de carga, com mais de 20 empresas cadastradas para esta atividade.

E é nesta região que está passando o programa Viva Bairro, ampliando a atenção ao Chinês até o dia 30 de maio, com diversos serviços de conservação e reparo: raspação, caiação, corte de grama, poda de árvores, tapa buraco asfáltico, entre outras intervenções de limpeza.

O programa Viva o Bairro é uma parceria entre a Secretaria das Prefeituras Regionais (Sepref) e a Ouvidoria e Controle e visa se aproximar do cidadão, acolher suas demandas e acompanhá-las até a execução, melhorando o serviço público. No momento, esrão sendo realizadas trocas de grelhas, reparos em bocas de lobo e nivelamentos de sarjetas. Os serviços percorrem trechos da Rua Visconde de Embaré e das avenidas Visconde de São Leopoldo e Getúlio Dornelles Vargas.

Além disso, os trabalhos ainda contemplaram serviços gerais de pintura, como revitalização do monumento da Praça Lions e o playground da Praça Manoel de Almeida. As ações na região central da Cidade contam com o apoio de sete trabalhadores. 

A ORIGEM

Em sua origem, o local abrigava muitas chácaras de imigrantes japoneses. Por terem feições orientais, muitos passaram a se referir erroneamente à região como bairro Chinês e o nome se consolidou.

Com o tempo, passou a abrigar também imigrantes espanhóis e portugueses, além de migrantes do Nordeste, que vieram para trabalhar no Porto de Santos. Aos poucos, o comércio ganhou fôlego e foram construídos açougues, padarias, farmácias, quitandas e vendas de secos e molhados.  Durante a Segunda Guerra Mundial, o bairro passou por um processo de desvalorização. As famílias ricas deixaram o local e construíram suas casas no Macuco, Campo Grande e Marapé. Quando a Cidade sofreu intervenção do regime militar, o bairro foi incorporado ao Valongo.

A tradição no Carnaval também era forte. Foi nesta época que se formou ali um dos principais blocos carnavalescos da Cidade, o ‘Babys do Jardim da Infância’, que desfilou de 1940 a 1950, e mais tarde, em 1955, os remanescentes dele fundaram o ‘Turistas do Bairro Chinês’.  Eles promoviam brincadeiras e batalhas de confete nas ruas do Centro e, à noite, seguiam com a festa a outros pontos da Cidade, até a praia. Em 2018, o tradicional Carnabanda homenageou o Bairro Chinês pelo pioneirismo nas folias de carnaval.

No esporte, o bairro também tem história. Foi jogando no Barreiros, time de várzea do bairro, que o ex-jogador Clodoaldo, tricampeão mundial com a Seleção Brasileira, foi revelado, sendo convidado para treinar no Santos Futebol Clube.

Entre os equipamentos públicos conta com a escola municipal Mário de Almeida Alcântara (Rua Mansueto Pierotti, 75), Fábrica Cultural (Praça dos Andradas, 100), Centro de Referência da Assistência Social (Rua Sete de Setembro, 45) e Policlínica (Rua Prof. Maria Neusa Cunha s/nº, Valongo).

O CRISTO SANTISTA

Localizado no bairro, na Praça Lions Clube, o Cristo santista é feito de areia do mar, uma técnica desenvolvida na cidade nos anos 60. A ideia de erguer o Cristo na entrada da cidade foi do próprio artista, Pedro Germi, um homem do interior paulista, onde diversas cidades adotam o monumento cristão como sinal de boas-vindas. A estátua, depois de montada e vitrificada, numa fórmula própria, e secreta, desenvolvida por ele, foi colocada numa rocha de granito irregular, de 2,45 metros, extraída dos morros santistas pela Secretaria de Obras e Serviços Públicos. A estátua em si tem mais 2,75 metros de altura e 900 quilos de peso.

Para fazer o Cristo Redentor, Pedro Germi trabalhou durante 66 dias, 16 horas por dia, contando com um ajudante na fase inicial e uma equipe de seis na fase de montagem das partes. As emendas entre as partes eram bem mais visíveis quando da inauguração, em 8 de dezembro de 1980. Ao longo dos anos foram escurecendo, enquanto o corpo foi clareando, até que ambos se igualaram. Em 2017, a obra passou por processo de restauração.

VÁRZEA FAMOSA

No dia 14 de fevereiro de 1948 nascia uma das mais importantes agremiações do futebol varzeano de Santos: a Sociedade Esportiva Barreiros. O nome do clube foi inspirado em virtude do local de sua fundação, a chamada Chácara dos Barreiros, localizada no bairro Chinês.

Famoso por diversos títulos obtidos pelos gramados da Baixada Santista, o Barreiros também teve a honra de revelar talentos para equipes profissionais do porte dos antigos meio-campistas do Santos FC, Negreiros e Clodoaldo Tavares Santana, este último que defendeu a seleção brasileira na Copa de 70 e ajudou o Brasil a levantar o título do tricampeonato mundial.

RECORDAÇÕES

Valongo ou Bairro Chinês, o certo é que as pessoas guardam muitas e boas recordações de lá. Coisas como as concorridas sessões do Cine São Bento, que sempre mantinha uma programação para agradar a todos os gostos.

Tão famosa quanto o cinema era a casa Amado, a primeira loja de armas de Santos. Quando acontecia algum crime, a polícia corria lá para ver se descobria alguma pista. A partir disso, quase sempre ficava mais fácil desvendar o caso. E, em cima da Casa Amado, por muitos anos funcionou a Vassourinha, gafieira daquelas bem animadas. O pessoal varava noites dançando, sem perceber que as horas avançavam e a madrugada se aproximava.

ILUSTRES

Presença frequente no Bairro Chinês no passado foi o ex-prefeito e ex-presidente da Câmara de Santos, Paulo Gomes Barbosa, pai do deputado Paulo Alexandre Barbosa. Maria Ignez Pereira Barbosa, presidente do Fundo Social de Solidariedade de Santos e esposa do ex-prefeito cresceu no bairro, próximo ao morro do Pacheco, onde morou seu marido por quase 50 anos. Foi lá que se conheceram, namoraram por quatro anos e se casaram. Paulo Barbosa morreu em 2011.

MODERNIDADE

Também foi em um local em sua região, na Rua Alexandre Gusmão, Praça Lions Clube, que foi erguido pela AccorHotels o segundo hotel da bandeira Ibis na Cidade, em 2016.

O empreendimento, que ocupa um terreno de 3.893m², tem 15 andares e 240 quartos, sendo pioneiro na região central, ficando logo na entrada da cidade, a 15 minutos do terminal de cruzeiros e a três quadras da rodoviária, com fácil acesso às rodovias Anchieta e Imigrantes.

PRAÇA É REVITALIZADA

A Praça Manoel de Almeida, localizada entre as vias Presidente Getúlio Vargas e Visconde do Embaré, está ganhando cara nova.

O espaço foi transformada em um espaço de lazer e atividade física para todas as idades. Os serviços contemplaram a manutenção das quadras, reparos e adaptações do parquinho e da academia ao ar livre.

O local conta agora com miniarquibancada e uma pista de caminhada de 200m de percurso, além do paisagismo com canteiros, forrações coloridas e plantio de árvores.

A instalação dos novos brinquedos ainda estão em andamento. O espaço ficará mais inclusivo e lúdico para crianças, com a criação de um caminho sensorial a ser explorado pelos pequenos, sobretudo aqueles que apresentam espectro autista. A EcoFábrica será a responsável pela reforma dos brinquedos do parquinho.

Esta iniciativa contempla os itens 11 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Cidades e Comunidades. Conheça os outros artigos dos ODS