Com o aumento do frio, Santos amplia as ações de assistência social

Delaine Amaral

Com a chegada do inverno, a Prefeitura de Santos, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds), passou a intensificar o trabalho de acolhimento com equipes de abordagem social nas ruas, que buscam convencer a população mais vulnerável a aceitar os serviços disponíveis para se proteger do frio intenso. 

Reforçando o compromisso com o cuidado emergencial durante as noites frias, o  titular da pasta, Elias Júnior, informou que as ações de abordagem incluem também a entrega de cobertores às pessoas que não optarem por aceitar os serviços de acolhimento. Foram doados à Seds  800 cobertores, sendo 600 de empresas do setor portuário. 

O secretário enfatiza que com o frio intenso, é crucial prestar atenção e oferecer ajuda às pessoas em situação de rua. A abordagem é realizada, diariamente, inclusive à noite e durante a madrugada, quando plantonistas ficam em alerta para situações de emergência que podem ser acionadas pelo telefone 153.

CONSULTÓRIO NA RUA

“Além disso, é importante citar a participação do Consultório na Rua, uma ação planejada com a Secretaria de Saúde, nessas abordagens. O trabalho da equipe multidisciplinar é fundamental para um melhor resultado, tanto no âmbito da assistência como da saúde das pessoas em situação de rua”, afirmou.

Segundo o chefe de seção do Consultório na Rua, Aparecido Oliveira da Silva Júnior, as temperaturas em baixa fazem com que essa população fique ainda mais vulnerável, aumentando o risco de doenças respiratórias, além de  eventualmente consumir mais álcool acreditando que a bebida pode aquecer, levando ao risco de hipotermia. 

ABORDAGENS

Nesta quinta-feira, L., 32, se aproximou dos operadores sociais assim que viu o veículo da abordagem na Vila Nova e pediu para ser acolhido. Veio de Minas Gerais, é usuário de drogas e está há mais de 10 anos vivendo nas ruas. “Frio gelado como esses dias eu nunca vi”, disse ele, que acabou encaminhado ao abrigo da região, onde recebeu banho, roupas e alimentação. Com os olhos marejados falou: “quero que outras pessoas como eu também tenham essa oportunidade”.

M., de 64 anos, dava sinais de embriaguez durante abordagem. Oriundo do Rio Grande do Norte, afirmou estar na rua há muitos anos. Apesar da chuva e frio, com temperatura na marca dos 17ºC, rejeitou o acolhimento, aceitando apenas a substituição por um novo cobertor entregue pelos operadores sociais.

Em outro abrigo, localizado na Rua Conselheiro Saraiva, na Vila Nova, onde também os pets são acolhidos, está I. de 54. Acolhida pela equipe há duas semanas, vive nas ruas desde os 38. “Aqui é um ótimo lugar, sou bem tratada por toda equipe e estou protegida do frio”. Assistida, atualmente, faz hemodiálise para tratar problemas renais.

O chefe desse acolhimento, o operador social Matheus Borges Delivechi, explica que muitas pessoas em situação de rua negam acolhimento, por temerem mudar de território, onde acabam criando vínculo com a comunidade local. No entanto, avalia que as baixas temperaturas têm sido um fator importante para repensarem a permanência nas ruas.

SERVIÇOS DISPONÍVEIS

Em média, são realizadas diariamente 50 abordagens sociais, que totalizaram, no período de janeiro a maio, 4.341.  O abrigo emergencial funciona em pernoite, das 19h às 7h, com 50 vagas, além de outras  250 distribuídas nos diversos abrigos da rede de apoio.

Há ainda o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop), na Vila Nova, que oferece banho, alimentação e informações para acesso a programas sociais.

Outro serviço da rede é o Recâmbio Qualificado, por meio do qual pessoas em situação de rua retornam às suas cidades de origem com a certeza de que alguém da família vai recebê-la. A viagem é custeada pela Prefeitura e, de janeiro a maio, 144 pessoas aceitaram retornar.

Campanhas, como a do Agasalho 2025, promovida pelo Fundo Social de Solidariedade, buscam mobilizar a população para doações e são distribuídas também nos equipamentos da Seds, principalmente no Centro Pop, onde há maior fluxo de pessoas.

Já os restaurantes Bom Prato oferecem café da manhã, almoço e jantar. As quatro unidades estão distribuídas no Mercado Municipal, Vila Gilda, Morros e Zona Noroeste, além de uma unidade móvel. 

Esta iniciativa contempla o item 10 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Redução das Desigualdades. Conheça os outros artigos dos ODS 

Fotos: Carlos Nogueira , Diego Matos e Raimundo Rosa