Cirurgia de recuperação facial de paciente soropositivo é um sucesso

Foi um sucesso a cirurgia de recuperação facial a que foi submetido nessa quinta-feira (6) o paciente soropositivo M.A.A, realizada pela médica Maria Cristina Domingues Fernandes, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Foi a primeira do gênero nos municípios brasileiros. No país, esta cirurgia só é feita em clínicas particulares ou no Centro de Referência e Tratamento em Aids (CRT), da Secretaria de Estado da Saúde, mediante mandado judicial. Santos sai na frente novamente, pois o procedimento só será oficializado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de 2006. A Prefeitura está assumindo este ano os custos com os produtos para o preenchimento facial (metracril) e com o creme anestésico transdérmico. Já estão agendados cerca de 50 pacientes que devem passar pela mesma cirurgia. M.A.A, paciente da Seção Centro de Referência em Aids (Secraids), entrou no Ambulatório de Especialidades do Centro por volta da 13h30 e pouco depois das 15h30 já havia recebido alta. O procedimento é bastante simples e necessita apenas de anestesia local, disse a médica Maria Cristina. Em tratamento desde 1994, o paciente comentou que foi uma vitória para sua auto-estima. O rosto é fundamental. A aparência é importante, ainda mais quando precisamos de confiança e amor próprio para manter a luta contra a doença, disse. E acrescentou: Como meu rosto estava com o aspecto magro, as pessoas acham que não estava me alimentando direito. Diante de tantos olhares e comentários, a gente acaba se retraindo e ficando com vergonha de sair de casa. A possibilidade da cirurgia foi uma bênção. Vou me reconciliar com o espelho. A lipoatrofia – perda de gordura – na região malar (bochechas) apresentada por vários soropositivos é um efeito colateral ocasionado pelo tratamento com o coquetel de medicamentos anti-retrovirais. Conforme o coordenador do programa DST/Aids/Hepatites, José Ricardo Wilmers, o procedimento é simples e consiste basicamente na aplicação (injeção) da substância ‘metacril’ na região afetada. Em clínicas particulares o custo seria de aproximadamente R$ 800,00. Não é de hoje o pioneirismo de Santos em matéria de tratamento de Aids. Em 1996, a Cidade foi a primeira do país a importar e fornecer gratuitamente a pacientes portadores de Aids os "coquetéis" de combate ao vírus, antecipando-se ao Ministério da Saúde. Esses medicamentos aumentaram significativamente a sobrevida dos pacientes. No Município, algumas pessoas convivem com a doença há mais de dez anos. A Secraids acompanha atualmente 2.600 portadores, sendo que 1.600 tomam os remédios e os demais são soropositivos sem sintomas.