Cine-arte: alternativo e pioneiro

De uma dura e voraz crítica nasceu a idéia de criar em Santos uma sala de cinema destinada a filmes de arte. Eu tinha assistido em São Paulo, num mesmo dia, a dois filmes extraordinários (Asas do Desejo, do alemão Win Wenders, e Não Matarás, do polonês Kieslowski ) e voltei extasiado. No dia seguinte, escrevi um artigo violento sobre os cinemas de Santos, lembra o músico e compositor Gilberto Mendes. Assim nasceu o Cine-Arte Posto 4, que hoje está completando 10 anos de atividades, uma década servindo de alternativa ao cinema comercial, exibindo produções premiadas, sempre com uma nova linguagem e abordagem da arte cinematográfica. Frequentador assíduo do espaço, Gilberto Mendes diz que o Cine-Arte foi a salvação e que a iniciativa é memorável e pioneira. Se não estou enganado, foi a primeira sala de cinema de arte no Brasil bancada por uma prefeitura. Estes dez anos têm de ser muito comemorados. O jornalista e crítico de arte Roberto Peres compartilha da mesma opinião. Para ele, esta década mostra uma resistência do projeto e reafirma a sua tese de que cinema não é só entretenimento, é uma importante manifestação de cultura. Peres ressalta a retomada da programação, realizada pela Secult e pelo coordenador Nívio Mota, que alavancou o Posto 4 novamente para dentro do cenário cultural. Tem muita gente interessada em cinema de arte em Santos. Só que as pessoas se acostumaram a subir à serra para assistir a novas produções ou alugar fitas na locadora, analisa o coordenador do Cine Clube Universitário Lanterna Mágica, Eduardo Ricci. Para ele, este comportamento sofreu uma mudança este ano com a intensa divulgação e as realizações promovidas pela nova direção do espaço. A localização é maravilhosa e propícia para muitos eventos, a sala é aconchegante e acolhedora e a programação, variada, tem feito com que as pessoas voltem a freqüentar o espaço. FUNCIONÁRIOS A Prefeitura Municipal de Santos, por meio da Secretaria de Cultura, prestou uma homenagem aos funcionários Anníbal do Nascimento e Clóvis Ferreira da Silva, que trabalham no Cine-Arte Posto 4 desde a sua inauguração. Os dois receberam placas pela dedicação prestada ao espaço durante esses 10 anos.