Cidade é referência na região no atendimento a mulheres vítimas de violência
Maria (nome fictício), 25 anos, dois filhos e desempregada está na estatística das mulheres vítimas de violência doméstica: há um ano sofria agressões do marido, atitudes que, para ela, marcam mais por dentro do que por fora. Sem respaldo da família e diante de ameaças constantes, foi buscar ajuda. Na Delegacia de Polícia de Defesa da Mulher denunciou o fato e foi encaminhada para serviços da prefeitura. "O que me fez buscar ajuda foi o cansaço moral. Chega um momento que a humilhação é grande", conta. Ela é uma das mulheres assistidas pela Seas (Secretaria de Assistência Social) na Casa-Abrigo - unidade ligada à Seamuv (Seção Central de Atenção e Acolhida à Mulher Vitimizada) -, única referência na região, que oferece proteção a vítimas com risco de morte e a seus filhos, fortalecendo a autoestima e garantindo sua cidadania. Por segurança, o endereço não é divulgado. Antes do abrigamento, a Seamuv, que fica no Instituto da Mulher, presta orientação e acompanhamento à vítima. "O trabalho é feito para que a mulher não chegue ao abrigo, que é em último caso. Tentamos fazer com que ela consiga ter o respaldo da família", explica a chefe da seção, Marceli Martins de Freitas. Espontaneamente ou encaminhadas por diversos segmentos da sociedade, elas chegam no local com uma necessidade comum: serem ouvidas. "O primeiro contato é escuta e orientação, porque o medo é o que a impede de vir e também é o que a traz. Esta mulher está psicologicamente esgotada e, em 80% dos casos, o agressor é dependente químico", explica a psicóloga Rita Souza Antunes, da Seamuv. As vítimas recebem atendimento de assistente social e psicóloga e são encaminhadas para serviços gratuitos nas áreas jurídica, médica, social e de educação. "As crianças passam por pediatra e, às vezes, atendemos o homem, quando a mulher pede. Cada caso é um caso e avaliamos a necessidade de abrigamento. Elas têm autonomia de querer ou não ir para o abrigo", afirma Rita. Em 2008, passaram pela Seamuv 198 mulheres, entre elas oito foram abrigadas. De janeiro a abril deste ano foram 104 e, no momento, quatro estão no abrigo, além de 12 crianças. As mulheres também contam com cursos de capacitação, que visam geração de renda e melhoria da autoestima, realizados no FSS (Fundo Social de Solidariedade) e em entidades parceiras. "O plano de ação também passa pela empregabilidade, porque a mulher se afasta do trabalho", afirma Marceli. Além disso, são promovidas palestras e oficinas de sensibilização, para conscientização acerca da violência doméstica, formas de combate e prevenção. Recebendo medidas de proteção, Maria aconselha a quem passa pela situação a buscar ajuda. "A mulher não deve deixar ir longe, não deve ter medo, porque eles fazem a gente se sentir culpada e nos anulamos". BOLETIM DE OCORRÊNCIA De janeiro a maio, cerca de 550 boletins de ocorrência foram registrados na Delegacia de Defesa da Mulher. Para a delegada titular, Edna Pacheco, a denúncia é o melhor meio de combater a violência. "Cada mulher tem seu tempo, mas a violência é uma linha ascendente. Se você não consegue dar um basta, você pode levar até ao homicídio", afirmou. Mesmo assim, segundo ela, registrar não é suficiente. É necessário cortar o vínculo e tomar providências civis. "Muitas mulheres, inicialmente, não querem vir à delegacia. Mas elas têm o Instituto da Mulher, a Defensoria Pública, escritórios experimentais das faculdades, entre outros locais de apoio", ressalta a delegada. QUADRO Serviços gratuitos nas áreas jurídica e de assistência social: Seamuv - Instituto da Mulher De segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Tel: (13) 3224-4927. (Av. Conselheiro Nébias, 439, Encruzilhada). Delegacia de Polícia de Defesa da Mulher De segunda a sexta, das 8h às 18h. Tel: (13) 3235-4222. (Rua Assis Corrêa, 50, Gonzaga). Centro de Defesa da Cidadania Cadoj Coordenadoria de Assistência Judiciária Gratuita e Orientação Jurídica ao Cidadão) De segunda a sexta, das 9h às 12h30 e das 14h às 17h. Tel: (13) 3202-1900. (Av. Campos Sales, 128, Vila Mathias - 2º andar). Defensoria Pública (Área cível) De segunda a sexta, das 8h às 9h30. Tel: (13) 3221-3622. (Rua São Francisco, 261, Centro Histórico). (Área criminal) De segunda a sexta, das 13h às 17h Fórum Criminal Tel: (13) 3234-6950. Praça José Bonifácio s/nº, sala 113/115). Escritórios experimentais das universidades Unimes De segunda a sexta, das 13h às 17h. Tel: (13) 3226-3400 - ramal 3466. (Rua Marechal Pego Júnior, 90, Vila Nova). Unisanta Somente área cível (vara de família) Segunda, quarta e sexta, das 14h às 17h. Tel: 3223-3115. (Rua Soares de Camargo, 11, Boqueirão). UniSantos De segunda a sexta, das 9h às 12h e das 14h às 17h Tel: 3205-5512. (Av. Conselheiro Nébias, 589, Boqueirão). Unip Terças e quintas, das 14h às 19h Tel: 3234-4315. (Av. Ana Costa, 63 e 65, Vila Mathias). Unimonte Cível - Segunda, quarta e sexta, das 12h às 17h Criminal - Terça e quinta, das 9h às 12h Tel: 3228-2034. (Av. Senador Feijó, 423, térreo, Vila Mathias).