Charmoso e amado bairro santista, Gonzaga completa 135 anos nesta sexta
Rosana Rife
Nesta sexta-feira (21), o Gonzaga celebra 135 anos de muita história e encanto. O bairro santista, que mescla vida gastronômica, cultural e lazer, é atração para turistas e munícipes, referência no comércio e foi e continua sendo, para muitos, o lugar da Cidade mais desejado para se viver.
Foto: Carlos Nogueira/Arquivo/PMS
Este é o caso de um casal que trocou a vida em Cubatão pelo agito e a efervescência do Gonzaga. Há 20 anos, a procuradora aposentada Neidinha Ribeiro, 77 anos, e o funcionário público aposentado Antônio Cândido, 81 anos, tomaram uma decisão que mudou suas vidas para sempre. Eles costumavam vir aos fins de semana para aproveitar as atrações do bairro.
Foto: Marcelo Martins/PMS
“Quando a gente entrava na Ana Costa, geralmente às sextas, via aquelas árvores, aquele movimento. Era lindo. E eu falava: um dia eu venho e não volto. E assim foi”, recorda Neidinha, com um brilho nos olhos. Em 2004, o casal se mudou definitivamente para realizar o sonho de viver no Gonzaga. “Porque aqui acontece tudo. E a gente gosta de efervescência, de movimento, além de achar mais fácil a locomoção”, explica Antônio.
Foto: Marcelo Martins/PMS
De fato, o Gonzaga oferece uma infraestrutura que facilita a vida, sem depender de carro. Oferece paisagens de tirar o fôlego com o mar e os jardins da orla. Tem ainda a Praça das Bandeiras, ponto de referência para muitos eventos, o bondinho e a Fonte 9 de julho, conhecida como Fonte Luminosa, que formam um conjunto histórico e turístico bem em frente à praia. E, claro, cenários sempre muito procurados para fotos e posts nas redes sociais. “Aqui nós temos festa e a gente sempre gostou de praia. Não gostamos de sítio, de nada dessas coisas. Curtimos agito”, completa Neidinha.
Foto: Marcelo Martins/PMS
Para o casal, morar no Gonzaga é sinônimo de aproveitar a vida ao máximo. “Tem cara de comemoração e festa pra mim”, reforça ele. “Tem fácil locomoção, uma cidade plana, que tem bastante idoso, então pra gente isso é muito importante”, conclui Neidinha.
Foto: Arquivo/Raimundo Rosa/PMS
O funcionário público aposentado, por sua vez, destaca a transformação do bairro ao longo dos anos. “Mudou a paisagem, com mais prédios novos sendo construídos, está vindo mais gente para cá, é mais vida e mais movimento para o comércio”, observa. Para ele, o Gonzaga também é um lugar de memórias familiares preciosas. “Os três netos nossos foram criados aqui. Foram eles que também nos trouxeram de Cubatão pra cá, porque viemos para ficar mais perto deles”, explica.
Foto: Arquivo/PMS
Agora, depois de duas décadas aqui, eles nem consideram qualquer hipótese para deixar o bairro. “Vamos viver aqui até o nosso último dia”, diz Antônio.
Foto: Marcelo Martins/PMS
COMÉRCIO E HISTÓRIA
Entre quadros retratando cenas do início do Gonzaga e fincado em um dos pontos mais tradicionais do bairro, na Avenida Ana Costa, 547, está o Barão Restaurante e Chopperia, uma clara homenagem ao bairro e à sua história. Com origens que remontam à época dos barões do café, o Gonzaga sempre foi um famoso ponto de encontro na Cidade, combinando tradição e modernidade.
Foto: Marcelo Martins/PMS
Quem conta os detalhes é o proprietário João Eduardo Gomes, 47 anos. “Foi graças a uma homenagem a um colega de comércio, Luís Antônio Gonzaga, que tinha o Bar Gonzaga (em frente à praia, onde fica a Caixa Econômica Federal, e perto do ponto de bondes vindos do Centro), que o bairro ganhou este nome”, conta João Eduardo, que está à frente do estabelecimento há 24 anos, “se mantendo como um restaurante supertradicional”, diz.
Foto: Arquivo/PMS
A formação do bairro é de 1889 e o 21 de junho ficou definido oficialmente como data de aniversário apenas em 1967. O dia foi escolhido em alusão ao nascimento de Luís Antônio Gonzaga.
E, com o passar do tempo e o desenvolvimento da região, surgiram os primeiros hotéis e balneários que também contribuíram para o crescimento do turismo sazonal. “O Gonzaga sempre foi um grande centro comercial, onde nasceram os grandes hotéis. Esse legado continua vivo, com o bairro sendo um ponto de referência para eventos e turismo na Cidade”, explica João Eduardo.
Foto: Arquivo/Carlos Nogueira/PMS
A longevidade do Gonzaga como um centro de comércio de rua também é um traço do local. “Essa característica lhe torna um local único, onde restaurantes, lojas e moradores convivem em um ambiente que preserva a essência do bairro”, reflete o empresário. Para ele, o Gonzaga é mais do que um local de comércio e trabalho, é uma parte da sua vida. “O Gonzaga pra mim é um pedacinho da minha existência. É a cara de Santos”, finaliza.
Foto: Arquivo/PMS
E ele não é o único. Para Lucimar de Queiroz Silva, de 61 anos, o bairro representa um verdadeiro lar. Não que ela more no local, mas o Churros Brasil, um dos pontos mais tradicionais para a degustação da iguaria, é praticamente a casa dela.
Foto: Marcelo Martins/PMS
Afinal, são 40 anos vendendo o produto no cruzamento da Rua Fernão Dias com a Avenida Ana Costa. Tanto que Lucimar é carinhosamente conhecida como a ‘senhora dos churros e pipoca’. “Estou há 40 anos nesse ponto. Peguei aqui o Stúdio 1 e 2 (cinema que fechou na década de 1990), onde hoje estão as Lojas Americanas. Onde é o McDonald's era uma chopperia chamada 550. No prédio da C&A, era o café do Atlântico. Vi toda a transformação do bairro”, relembra com nostalgia.
Foto: Arquivo/PMS
Quando questionada sobre o que representa o bairro para ela, Lucimar responde com um sorriso no rosto: “Tudo. Criei meus seis filhos aqui vendendo churros e pipoca”. Não à toa, a empreendedora conhece a vizinhança toda. “Eu já estou vendendo churros para a terceira geração. Conheci pessoas muito boas, me dou com todo mundo, todos os comerciantes. Então o Gonzaga mora no meu coração. Vivo mais aqui do que na minha casa”.
Foto: Arquivo/Francisco Arrais/PMS
NOVAS IMAGENS
Com seus 24 mil habitantes, o bairro Gonzaga, em Santos, continua surpreendendo. Um dos locais que mais ganharam destaque recentemente é a Rua Tolentino Filgueiras, um ponto repaginado que conquistou o coração dos santistas e turistas.
Foto: Marcelo Martins/PMS
A via abriga em seus quase 400 metros de extensão, entre as avenidas Washington Luís e Ana Costa, 18 estabelecimentos do setor de alimentação. Esta alta concentração de bares, restaurantes e cafés rendeu, em 2018, o status de Rua Gastronômica. Desde então, se transformou em um verdadeiro centro culinário.
Foto: Marcelo Martins/PMS
Esta iniciativa contempla o item 11 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: Cidades e Comunidades Sustentáveis. Conheça os outros itens do ODS