Campanha vai conscientizar população que trabalho infantil é crime
A Prefeitura encomendou pesquisa inédita no País sobre o entendimento da sociedade a respeito do trabalho infantil. O levantamento expõe as contradições da população: 48,7% pensam que a criança e o adolescente devem trabalhar. Para 71,4%, isso o torna “bom cidadão”, só que para 38,8% o dinheiro é repassado a um adulto que explora criança e adolescente e para 29,4% o dinheiro vai ser gasto com drogas.
O estudo foi feito pelo Instituto de Pesquisa A Tribuna (IPAT) nos dias 8 e 9 deste mês e ouviu 800 pessoas em toda Cidade. O levantamento mostra que a sociedade tem dificuldade em reconhecer algumas atividades como trabalho infantil. São os casos de malabares, serviços domésticos e até da exploração sexual. A partir desses resultados, as secretarias de Assistência Social (Seas) e de Comunicação e Resultados deflagram campanha de combate ao trabalho infantil, que será realizada até janeiro de 2016.
Educação
O coordenador do IPAT, Alcindo Gonçalves, disse que os números não surpreendem, assim como as contradições da sociedade. “Noventa e dois por cento sabem que o trabalho infantil é crime e só 7,8% pensam que a pessoa só deve trabalhar após concluir o estudo. Isso mostra uma desvalorização da educação”.
O prefeito Paulo Alexandre Barbosa disse que o desafio da campanha é conscientizar uma sociedade que é generosa por natureza. “As pessoas dão dinheiro acreditando que estão ajudando, sem se dar conta de que isso prejudica a criança”.
Cartazes
A campanha vai às ruas este mês com a distribuição de 5 mil folderes, 500 cartazes, além de faixas, anúncios em rádios e jornais, publicidade na calçada e na traseira dos ônibus municipais. Em dezembro e janeiro, o grupo teatral Os Panthanas – Núcleo de Pathifarias Circenses - fará rápidas intervenções na rua, mostrando os perigos do trabalho infantil. O grupo fez o mesmo trabalho na última temporada de verão.
Com o slogan “Poupe a criança de um futuro ruim, não dê esmola”, a campanha mostra que o dinheiro ganho fácil nas ruas atrapalha o desenvolvimento infantil. A iniciativa é financiada pelo Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS) e apoio da Comissão Municipal de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente Trabalhador (CMPETI).
Confira os números da pesquisa
Na sua opinião, criança que trabalha tem mais chance de ser "um bom cidadão" no futuro?
Sim - 71,4%
Não - 25,9%
Não sei - 2,6%
Total - 100%
Na sua opinião, para onde vai o dinheiro da esmola que é dada para a criança e adolescente na rua? (Podem ser dadas até duas opções de resposta)
É repassado para uma pessoa maior de idade que exporá o trabalho infantil - 38,8%
Para comprar drogas - 29,4%
Para ajudar no sustento das famílias - 19,5%
Para comprar doces ou objetos pessoais para elas - 10,8%
Outro - 0,5%
Não sei - 8,5%
Total - 100%
Das atividades abaixo, responda se, na sua opinião, são mesmo trabalho infantil?
Fazer malabares em sinal
Sim, é trabalho infantil - 41,5%
Não , não é - 55,1%
Não sei - 3,4%
Total - 100%
Trabalho doméstico
Sim, é trabalho infantil - 28,2%
Não , não é - 69,6%
Não sei - 2,3%
Total - 100%
Tráfico de drogas
Sim, é trabalho infantil - 36,0%
Não , não é - 62,2%
Não sei - 1,8%
Total - 100%
Exploração sexual
Sim, é trabalho infantil - 36,0%
Não , não é - 62,1%
Não sei - 1,9%
Total - 100%
A partir de que idade as pessoas deveriam começar a trabalhar?
A partir de 11 anos - 8,0%
A partir dos 14 anos - 47,9%
A partir dos 18 anos - 34,0%
A partir dos 21 anos - 1,1%
Só quando terminassem seus estudos, independente da idade - 7,8%
Não sei - 1,3%
Total - 100%
Na sua opinião, crianças e adolescentes devem trabalhar para ajudar o sustento da família?
Sim - 48,7%
Não - 49,7%
Não sei - 1,6%
Total - 100%
Fonte: Instituto de Pesquisa A Tribuna (IPAT)
Foto: Isabela Carrari