Campanha sobre anemia falciforme será lançada na sexta-feira
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) lança na sexta-feira (13) - Dia da Abolição da Escravatura - campanha sobre anemia falciforme, doença hereditária que altera os glóbulos vermelhos do sangue e atinge, principalmente, negros e afrodescendentes. Haverá distribuição de cartazes, folders e faixas, em pontos estratégicos da Cidade e em unidades de saúde e ensino, para informar a população sobre os sinais e sintomas da doença. Segundo a hematologista Olívia Lage de Oliveira, que coordena o Ambulatório de Anemia Falciforme da SMS, a doença provém de mutação genética. Na pessoa normal, a hemoglobina de células é AA (arredondada). O portador de anemia falciforme apresenta hemoglobina SS, formada por células em forma de meia-lua (foice), que dificultam a passagem do oxigênio pelo sangue. É possível ainda apresentar apenas o traço falciforme, onde a hemoglobina é AS, mas a pessoa não manifesta sintomas da doença. As pessoas que têm anemia falciforme precisam fazer transfusões de sangue, são mais predispostas a infecções e sentem dores terríveis, explica Olívia. A campanha pretende alertar os afrodescendentes, para que façam o exame e saibam se apresentam ou não a doença. Se duas pessoas que possuem o traço tiverem um filho, ele terá 25% de chances de ser portador e apresentar os sintomas, afirma a médica, lembrando que a doença pode ser detectada pelo teste do pezinho, feito após o nascimento. Os interessados em fazer o exame devem se dirigir ao Ambulatório de Anemia Faciforme, que funciona na Policlínica da Aparecida (Rua Alexandre Martins, 103). Informações e agendamento de exames pelo: 3231-6548. PORTADOR Portador de anemia falciforme, o comerciante Flávio Alves Ferreira, de 27 anos, acredita que a campanha é importante para alertar a população e também os médicos. Muitos médicos não sabem diagnosticar a anemia falciforme e podem receitar de maneira errada, causando mais danos à saúde. Ferreira tem três irmãos, mas somente ele e a mais velha, Vânia Aparecida, de 37 anos, adquiriram a anemia. Demoraram até os 4 anos de idade para diagnosticar a doença, pois na época o teste do pezinho não era comum, como hoje. Só quando ela (Vânia) teve uma forte crise fizeram os exames necessários. Eu e meus irmãos fizemos todos os testes logo que nascemos, devido ao histórico da Vânia. Flávio é afrodescendente e herdou a doença do pai, que possui o traço, e de sua mãe, que tem talacemia (tipo de anemia que aparece em europeus). Quando digo que tenho a doença, muita gente se surpreende por causa da minha cor. Sou branco, mas minha bisavó era negra.