Campanha contra aids e dst é intensificada no dia dos namorados
O Dia dos Namorados será a motivação para que o Programa DST/Aids-hepatite intensifique a campanha de prevenção às DST/Aids/hepatite, especialmente na tocante à importância do uso de preservativo nas relações sexuais. A campanha foi abordada ontem (10) em entrevista coletiva, por um representante da Secretaria de Saúde que chamou a atenção não só sobre o perigo da Aids como também das hepatites, que vêm causando cinco vezes mais vítimas que a Aids. Amanhã (12), a equipe da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ao lado de voluntários estará percorrendo barzinhos freqüentados pela jovens e por casais de várias idades, a partir das 21 horas, divulgando material educativo e conversando com as pessoas sobre doenças sexualmente transmissíveis. Esse tipo de divulgação já foi iniciada na sexta-feira, 7, com visitas aos bares Amarelinho, Toninho (Bolinho de Bacalhau), Pier I Heinz e Estação do Chop. No boulevard da Othon Feliciano, também haverá equipe trabalhando durante todo o dia, abordando as pessoas e distribuindo folhetos educativos. No kit também figuram preservativos. Nas escolas o trabalho preventivo é feito pela equipe de adolescentes multiplicadores do projeto ¨Aids nas Escolas¨. Nesta semana eles estão atuando em oito unidades estaduais, (escolas: Benevenuto Madureira, Barnabé, Cleóbulo Amazonas Duarte, Primo Ferreira, Gracinda Ferreira, Zulmira Campos, João Otávio dos Santos e Luiza Macuco), enquanto que na Faculdade de Medicina da Unilus também haverá visitação às classes. Nessas visitas, os adolescentes ensinam o manejo do preservativo e fazem encaminhamento para a realização de exames no COAS Centro de Orientação e Aconselhamento em Aids, que funciona na Av. Pinheiro Machado, 580, com atendimento sigiloso e gratuito. Informações também são dadas pelo pelo telefone 3251-6036. SEXO SEGURO A Prefeitura distribui, nas policlínicas, cerca de 120 mil preservativos por mês. Mesmo assim, muita gente não usa camisinha conforme constatação da Coordenadoria da Aids. Na avaliação do Centro de Referência em Aids - Craids - 49% dos casos de Aids em Santos ocorrem por meio das relações sexuais. Ou seja, de um total de 4.494 pessoas infectadas pelo HIV, 2.204 foram contaminadas via sexual, sendo que 31% delas com pessoas do sexo oposto, ou seja, em relações heterossexuais. Outra constatação é a de que, cada vez mais, a Aids atinge o segmento das mulheres casadas e de único parceiro, fato que está levando o Programa DST/Aids-hepatite a reforçar a campanha de prevenção no segmento feminino. Os jovens também estão sendo fortemente atingidos, tanto que média de 26 novos pacientes por dia se matriculam Craids portando o HIV. Atualmente o Craids mantém 4.471 pessoas portadoras de HIV matriculadas. Em 1901 pessoas ainda não houve a manifestação de doenças oportunistas e 2.800 estão em tratamento regular. Um número bem expressivo, 2.028 pacientes são beneficiados com a Terapia Anti-Retroviral Combinada (coquetel) que chega a custar aos cofres públicos entre R$ 2.500 a R$ 5 mil reais mês, por paciente, dependendo da quantidade de medicamentos formulada para cada. Atualmente cerca de 15 drogas são utilizadas nos coquetéis, havendo portadores que chegam a tomar mais de 30 comprimidos/dia, em diferentes horários. Vírus se mostra resistente ao tratamento. E apesar desse enorme gasto em medicamentos distribuídos pelo programa de Santos, e que estão entre os mais avançados no mundo, (custeados em sua maior parte pelo Ministério da Saúde), nem sempre o tratamento consegue manter os pacientes com o vírus indetectado, (a média seria um ano), o que seria o ideal. Há vários fatores para esse resultado desfavorável mas já se sabe que muitos portadores não cumprem as recomendações médicas, deixam de tomar os coquetéis regularmente, não aparecem para retirar os medicamentos, ou abandonam o tratamento. Outros apresentam intolerância aos coquetéis, apresentando vômitos, diarréia e mal estar geral, embora no combate ao vírus sejam eficientes. Também há os casos em que o tratamento é ineficaz, mesmo sendo tomado com regularidade, o que representa a presença de vírus mais resistentes no organismo. Todas essas questões, envolvendo o insucesso no tratamento de Aids, vêm sendo pesquisadas pela equipe de epidemiologistas do Craids, desde o ano passado, e foi intensificada no início deste ano, com objetivo de se obter o perfil de cada paciente e as razões que levam apenas 6,1% dos pacientes em Santos a permanecer com o vírus HIV indetectado no organismo, pelo período de um ano, quando nos Estados Unidos esse índice chega a 60%. Pelo menos 40% dos portadores do HIV não obedecem dias e horários estabelecidos para ingerir coquetéis, o que proporciona o avanço da doença, com a replicação do vírus. Mas a questão é muito mais complexa, sobretudo a que envolve a mutação de vírus, e isso já foi comprovado em pesquisa realizada em pacientes de Santos. São questões que reforçam a importância do uso de preservativo, mesmo que o índice de letalidade pela Aids ter caído em Santos. Em 1985, morriam 75% dos portadores. Hoje, em razão dos coquetéis, a letalidade é em torno de 2,8%. Os coquetéis vem dando uma sobrevida maior aos pacientes, sobretudo às crianças. Em Santos, cerca de 300 crianças e adolescentes recebem tratamento e acompanhamento no Núcleo de Integração da Criança NIC. Destaca-se também o trabalho de acompanhamento em gestantes, com testes durante o pré-natal para detectar HIV em todas as pacientes atendidas na rede pública. Isso permite que já durante a gestação haja tratamento preventivo evitando que o vírus venha a contaminar o feto.