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Atletas da Seleção Brasileira de Voleibol de Surdos treinam em Santos

Publicado: 19 de agosto de 2025 - 11h05

A Seleção Brasileira Masculina de Voleibol de Surdos realizou em Santos, no último fim de semana (16 e 17), uma etapa de sua preparação para a 25ª Surdolimpíada de Verão Tóquio 2025, no Complexo Esportivo e Recreativo Rebouças (Ponta da Praia).

A Prefeitura de Santos, por meio da Secretaria de Esportes (Semes), cedeu a Arena Santos (Vila Mathias) para alojamento da equipe e o Ginásio Rebouças (Ponta da Praia) para os treinos.

Segundo o técnico Alex Luis Hiath Salvador, o trabalho é desafiador, mas a motivação dos atletas fala mais alto: “Temos uma batalha diária para levar a seleção ao Japão, pois não contamos com apoio financeiro e cada atleta precisa custear a própria viagem. Mas temos muito orgulho em defender a bandeira do Brasil e vamos representar o País de qualquer maneira”, afirmou.

Sem um centro fixo de treinamento, a equipe tem realizado etapas preparatórias em diferentes cidades do País. Rio de Janeiro, Florianópolis, Curitiba, Chapecó, Itu e Santos receberam a seleção.

De acordo com o técnico Alex, a preparação itinerante ajuda a descobrir novos talentos por onde a equipe passa. Só de Santos são dois atletas e dois integrantes da comissão técnica.

Um dos representantes santistas é o auxiliar-técnico Carlos Augusto Filho, ex-jogador que já defendeu a cidade nos Jogos Abertos e Regionais.

“Nosso trabalho tem sido árduo. Hoje conseguimos treinar apenas uma vez por mês, em cidades que nos recebem. Cada integrante custeia suas próprias despesas”, disse.

Além dele, a delegação tem também os santista o fisioterapeuta Alessandro Marques e os atletas Douglas Ozores e Lucas Paiva Fernandes.

Douglas, que integra a seleção desde 2015, é um dos mais experientes, com 57 anos e 60% de perda auditiva. Formado em Educação Física, ele iniciou no vôlei aos 15 anos e já defendeu a seleção santista e a paulista universitária. “Comecei na equipe quando disputando um campeonato convencional e ficaram sabendo que eu era surdo. Desde então, vivo momentos inesquecíveis, como a conquista do Pan-Americano de 2016, quando vencemos os Estados Unidos”, relembra.

Já o jovem Lucas Paiva (17), também com perda de 60%, iniciou no esporte aos 12 anos, e logo chamou atenção pelo talento. Ele integra a seleção desde 2023. “Meu primeiro campeonato oficial foi o Pan-Americano de Porto Alegre, quando ficamos com o vice-campeonato. Agora, ter a chance de realizar o sonho de disputar uma Surdolimpíada no Japão é uma grande conquista”.

Histórico de conquistas

A Seleção Brasileira de Voleibol de Surdos tem trajetória vitoriosa. Foi campeã Pan-Americana em 2016, em Washington (EUA), e conquistou a medalha de prata no Pan-Americano de 2024, realizado no Brasil.

Entre os destaques está o capitão Lucas Vieira, de Novo Hamburgo (RS), eleito melhor jogador do Pan de 2016 e do Mundial disputado na sequência, nos Estados Unidos. Surdo desde o nascimento, ele construiu carreira no vôlei convencional antes de integrar a seleção de surdos em 2014.

Outro nome de peso é o atleta Jeferson Lealdine, de Mogi Guaçu (SP), que está na equipe desde 2013 e participou da Surdolimpíada da Bulgária. Ele explica que a perda auditiva pode variar de leve a profunda: “São quatro tipos. Tem a leve, a moderada, a severa e a profunda que não escuta absolutamente nada. Eu tenho a surdez profunda, não ouço nada, mas sinto as vibrações. Se tiver trovão ou se eu estiver dentro de uma balada fechada, eu sinto a vibração da música”.

MULTIESPORTIVO

A Surdolimpíada é o maior evento multiesportivo internacional para atletas surdos e ocorre a cada quatro anos. Em 2025, será disputada em Tóquio, de 15 a 26 de novembro. O torneio é organizado pelo Comitê Internacional de Esportes para Surdos (ICSD) e, diferentemente das Paralimpíadas, reúne apenas atletas com deficiência auditiva, que não se enquadram nas categorias do Comitê Paralímpico Internacional (IPC). Para integrar a seleção, é necessário apresentar perda auditiva mínima de 41 decibéis (dB).

APOIO

O grande desafio da equipe neste momento é levantar recursos para viabilizar a viagem ao Japão. Cada atleta precisa de cerca de R$ 30 mil para custear passagens, hospedagem e alimentação.

Para arrecadar fundos, os jogadores têm promovido rifas, buscando patrocinadores e lançando campanhas de financiamento coletivo.

Mais informações sobre a CBDS e as Surdolimpíadas 2025 estão disponíveis no site oficial.

 

 

Esta iniciativa contempla o item 3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Saúde e Bem-Estar. Conheça os outros artigos dos ODS.