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Atividade lúdica, xadrez garante melhor aprendizado aos alunos

Publicado: 26 de outubro de 2009
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Um desafio que parece ser de gente grande tem levado alunos da escola municipal Maria de Lourdes Borges Bernal a ficar à frente de um rei, uma dama, dois cavalos, dois bispos, duas torres e oito peões. Tudo para colocar o adversário em xeque mate, ponto alto do xadrez, um jogo que tem refletido em mais aprendizado na sala de aula. Com o recente título de vice-campeã brasileira, conquistado em Araxá (MG), a Borges Bernal participou de 37 campeonatos desde 2007, entre eles a 5ª Copa de Xadrez Escolar Ayrton Senna. A escola é destaque no projeto Xadrez, da Seduc (Secretaria de Educação), a começar pelo seu maior incentivo que ocupa parte do pátio: um tabuleiro gigante, de 16m². Desenvolvido desde 2005 também em outras escolas, o projeto visa o raciocínio lógico, a agilidade, a paciência, a memorização, a criatividade, o poder de decisão e a autoestima. Das 528 crianças que estudam nessa escola da Zona Noroeste, 350 sabem jogar e 90 se dedicam às competições – muitas organizadas pela ONG Caminho do Sol e pelo Clube de Xadrez de Santos. "O campeonato é que fomenta os alunos a jogar", revelou o professor de educação física, Fernando Luiz de Aguiar, que coordena as aulas na escola. Os alunos que também podem ser chamados de talentos treinam duas vezes por semana, durante uma hora e meia. Para eles, a escola oferece 27 tabuleiros, mais 14 relógios oficiais de competição e, nos dias de disputa, o uniforme e o lanche. Treinando há dois anos, a campeã brasileira Izabella Christ, de oito anos, analisa que vencer o campeonato foi difícil: "O mais legal é participar, se perco não me importo". BENEFÍCIOS Um dos mais populares no mundo todo, o jogo de xadrez é basicamente uma sequência de jogadas estratégicas com uso de peças com características e papéis diferentes, o que o torna mais trabalhoso, na visão de Aguiar. "O jogo trabalha a mente por inteiro com os problemas que surgem a todo momento e, assim, cada desafio vencido é uma autorrealização para eles". Com o 8º lugar no campeonato, o aluno Victor Gabriel Barbosa, de nove anos, não falta aos treinos e ainda aproveita para exercitar em casa com a mãe. "Gosto, porque tem que raciocinar". Se no jogo de xadrez as crianças ficam concentradas e ágeis no raciocínio, na sala de aula os resultados são ainda melhores. "A disciplina é outra. Nessa era de games, o resgate do xadrez é muito bom, pois não é violento e estimula a calma", justificou a diretora Maria Cristina dos Santos. O aumento das notas escolares é reflexo dos benefícios, segundo Silvia Regina de Moura, educadora do 3º ano. Um de seus alunos que tirava muitas notas baixas apresentou uma recuperação significativa. "A nota melhorou 50% depois que passou a se dedicar ao xadrez". OS CORUJÕES Nas competições um grupo de pais sempre está por perto. A princípio, parece que os maiores beneficiados com essa atenção integral são os filhos jogadores, mas aos poucos fica nítido que essa dedicação é uma necessidade de os próprios pais em ficar perto dos filhos e poder admirá-los. Luis Fernando de Freitas, pai da vice-campeã brasileira Heloísa Costa, nem imaginava o que um inocente jogo em casa com a filha iria desencadear. "É engraçado, porque ela aprendeu comigo e acabou pegando gosto", contou ele, que hoje prefere ficar na torcida a ser colocado em xeque pela filha.