Antiga moradora visita outeiro 75 anos depois
Desde 1931, Maria de Lourdes de Andrade Votta não passava nem perto de sua antiga residência, em um dos mais importantes patrimônios históricos da Cidade: o Outeiro de Santa Catarina (Rua Visconde do Rio Branco, 48), marco da fundação do povoado de Santos. Mas foi só se aproximar do local, esta semana, que afloraram as lembranças dos quatro anos em que morou na casa acastelada, construída pelo médico João Éboli, hoje sede da Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams). Junto com sobrinhos e netos, Maria de Lourdes voltou no tempo ao entrar no Outeiro. Natural de Campinas, ela chegou a Santos com a avó, dois irmãos e uma tia, em 1927, aos quatro anos de idade. No primeiro andar ficava a sala de estar, chamada pela família de salão de baile em função do tamanho. A casa funcionava como um ponto de encontro para os moradores das imediações e ela lembra-se de como a sala estava sempre cheia de vizinhos, sobretudo à noite. Passeando pelo interior do imóvel, ela recordou momentos em que a tia lavava roupa atrás da casa, em um vão embaixo da pedra, e um jambolão, onde ela e os irmãos subiam para pegar frutas. A entrada principal não tinha portões e carecia de preservação. Maria de Lourdes ainda ficou surpresa ao entrar no porão e ver a vitrine dos achados pertencentes ao médico João Éboli, pois na época em que ali morou não sabia da existência desta parte, uma das principais atrações da casa. Na revolução de 32, a família se mudou para a Rua General Câmara e ela nunca mais voltou ao local. Retornar aqui me mostrou quantas marcas ficaram na minha vida e na minha memória.