Alunos da martins fontes descobrem prazer e encantos da leitura
Uma sala antes esquecida que hoje desperta o interesse de crianças e adolescentes pelos livros. Assim pode ser definida a biblioteca da unidade de ensino municipal Martins Fontes (Morro da Penha), que conquistou em novembro o Troféu Proler (Programa Nacional de Incentivo à Leitura), vinculado à Fundação Biblioteca Nacional, do Ministério da Cultura, na categoria escola, com o projeto Biblioteca Viva. Segundo a coordenadora da escola, Ana Paula Rocha, 70% dos 450 alunos do 1º ao 9º ano têm se interessado cada vez mais pela biblioteca, cujo acervo é de cerca de seis mil livros. "Trabalhamos com ações de encantamento e sedução, pois queremos viciá-los em leitura", disse ela, referindo-se ao projeto criado em 2007. As ações, encabeçadas pelas auxiliares de biblioteca Silvia Alexandre Diniz e Luiza da Fátima Domingues, estimulam a criatividade dos alunos, reflexão sobre valores morais, sociabilidade, afetuosidade e autonomia. "Gosto tanto do trabalho que comecei a estudar pedagogia", afirmou Luiza. ATRATIVA Para atrair a garotada, elas criaram quatro ambientes na biblioteca: no centro foi montada área com cadeiras, TV e aparelho de DVD para exibição de filmes e leitura dos livros. Ao lado fica o Cantinho da Leitura com sofá colorido pequeno para os alunos mais novos e um tapete que deixa o espaço mais aconchegante. Há ainda duas grandes mesas para oficinas, como as de biscuit. A programação planejada das atividades inclui Varal de Poesias, onde os alunos leem e copiam textos de poetas consagrados, o que acaba despertando a vontade de escrever poesias. Mais: Conversa com autores que leva escritores até os estudantes para troca de ideias; Clube Amigos da Biblioteca, o qual motiva os estudantes e os torna mais próximos dos livros e multiplicadores de tudo que aprendem. Outras medidas destacáveis são a Roda de conversa, para reflexão sobre o que foi lido; Hora da história, que normalmente é realizada fora da sala de aula com seleção de contos clássicos, lendas, folclóricos, biografias, fábulas e poesias, sempre seguidos de oficinas para confecção de produtos lúdicos. Aluna do 6º ano, Micaela Vitória Rodrigues, descobriu na poesia um hobby. Antes ela não se interessava por leitura, mas hoje tem um caderno onde escreve os primeiros poemas. "Eu adoro e minhas notas em português melhoraram muito. Até a professora comentou", disse Micaela. De acordo com Silvia Diniz, os alunos já levam livros para casa. "Isso os ajudará a ter mais possibilidades de aprendizado e novas perspectivas, por isso este lugar precisa estar sempre de portas abertas". Outro bom exemplo é o estudante Leonardo Fernandes, do 6º ano, que passou a se dedicar à leitura depois de ter interpretado o poeta Martins Fontes durante uma homenagem na escola, em junho. De lá para cá leu cinco livros, a maioria de aventura, seu gênero preferido. "Todo dia vou à biblioteca". INCENTIVO O reconhecimento nacional do projeto é um incentivo para as auxiliares de biblioteca e equipe técnica da escola, à medida que demonstra a quebra de barreiras entre crianças e livros. "Sabemos que é difícil mudar hábitos e ainda há muito o que fazer, mas queremos envolver 100% dos alunos, além dos funcionários e pais", afirmou a coordenadora Ana Paula. As auxiliares de biblioteca participaram pela segunda vez do Proler, que envolve três categorias: professor, comunidade e escola, na qual a Martins Fontes sagrou-se vencedora. Foram mais de 100 projetos inscritos, sendo 16 selecionados para apresentação e apenas quatro premiados.