Ação de combate ao câncer de pele conscientiza 500 pessoas no Novo Quebra-Mar em Santos
Caterina Montone
A manhã deste sábado (14) foi repleta de conscientização e bons exemplos para 500 pessoas que participaram da 2ª edição da Campanha Dezembro Laranja em Santos. Com tendas montadas no Novo Quebra-Mar, na orla do José Menino, a Prefeitura de Santos e o Hospital A.C. Camargo, com apoio da organização civil Comunitas, promoveram a ação que atraiu até aqueles que nunca tinham ouvido falar sobre o câncer de pele, doença que é o foco de prevenção neste evento.
Faltando apenas uma semana para o verão, que já promete uma sensação térmica variada e muitos dias de praia, a iniciativa, aberta e gratuita ao público, teve como objetivo repassar orientações sobre a prevenção do câncer de pele e oportunizou uma avaliação de triagem de pintas, manchas e lesões na pele com o uso de inteligência artificial.
Dentre os 500 participantes, cerca de 49 pessoas que apresentaram qualquer alteração identificada na triagem, e são usuários do SUS de Santos, tiveram o agendamento de uma consulta com um dermatologista no Ambesp Nelson Teixeira ou na Zona Noroeste. Vale ressaltar que, durante a primeira edição da campanha, em junho deste ano, 39 residentes de Santos e pacientes do SUS saíram com consultas agendadas com um especialista e puderam seguir com a investigação da suspeita diagnóstica.
Com o auxílio de agentes comunitários de saúde e enfermeiros de Santos, que passaram por um treinamento prévio, a população ainda saiu do Novo Quebra-Mar, neste sábado, como verdadeiros ‘especialistas’ nos cuidados com a pele durante a exposição ao sol. A ação está integrada ao programa Missão A.C. Camargo, uma iniciativa que visa compartilhar o conhecimento da instituição em oncologia por todo o Brasil.
Para o secretário de Saúde, Denis Valejo, é importante oferecer esse serviço de maneira visível e acessível em um ponto estratégico, como a praia, para reforçar a importância dos cuidados com a exposição ao sol. “O melhor tratamento será sempre a prevenção, especialmente quando falamos do melanoma, o câncer de pele mais letal. Então, quando chamamos a atenção de alguém que está aproveitando o dia de sol para um momento de informação e conscientização, e até o encaminhamento à nossa rede municipal, estamos já oferecendo um serviço completo de proteção e cuidado à saúde.”
Iniciativa que, para a diretora de impacto social da A.C. Camargo, Ana Paula Pinho, além de estar transformando vidas, também a comove pela parceria com a Prefeitura e a ampla participação do público nas tendas. “Ver tantas pessoas reunidas aqui, buscando informação e atendimento, me traz a sensação de realização, principalmente por vê-las falando para os agentes “eu prometo me proteger do sol, usar mais o meu protetor e um boné”. Isso mostra que é preciso ter cada vez mais ações educativas como esta, que só está se mostrando efetiva porque temos a parceria da Prefeitura através da Secretaria de Saúde.”
ANÁLISE MINUCIOSA
Além dos munícipes e turistas que se aproximavam da tenda movidos pela curiosidade ou por meio de conhecidos e veículos de comunicação, agentes de saúde também abordavam o público que caminhava pela orla do José Menino, conduzindo-os para um rápido cronograma de testes e atividades. O procedimento, embora parecesse simples – composto por entrevistas e rodas de conversa –, tinha um objetivo muito mais profundo: salvar vidas em menos de vinte minutos.
Do ponto de vista dos agentes, que trabalhavam uniformizados, com simpatia e proteção contra o sol, a meta parecia alcançável pela participação ativa do público em cada etapa do atendimento. O processo era cuidadosamente dividido e avaliado, começando com uma autoavaliação e um questionário sobre práticas e hábitos relacionados ao risco de câncer de pele. Com base nas respostas obtidas, era possível levantar uma classificação de risco. Caso fosse necessário, a análise também levava em consideração a aparência das pintas presentes na pele.
Se as respostas resultassem em uma classificação de risco baixa, o indivíduo poderia participar de uma roda de conversa com especialistas, recebendo informações detalhadas sobre a prevenção e o cuidado com a exposição solar. No entanto, se a entrevista indicasse algum sinal de alerta, especialmente pela aparência da pinta que pode indicar a manifestação do melanoma, o atendido passava por uma triagem adicional e um teste com dermatoscópio, que avaliava o sinal de forma mais precisa.
A imagem da marca era então enviada para uma plataforma de inteligência artificial, que fornecia os resultados e determinava o encaminhamento para o Ambesp Nelson Teixeira ou para a Zona Noroeste, conforme o caso.
O MELANOMA - COMO IDENTIFICAR
Entre os tipos de câncer de pele, o melanoma é o mais agressivo e letal, representando cerca de 3% de todos os casos diagnosticados. Um dos maiores pilares no combate ao melanoma é o diagnóstico precoce, já que ele não apresenta sintomas evidentes em suas fases iniciais.
As pintas assimétricas, que possuem cores variadas, bordas irregulares ou diâmetro superior a 6mm, são sinais alarmantes que devem ser observados com atenção. Essas características podem indicar o desenvolvimento do melanoma e, quando identificadas precocemente, aumentam significativamente as chances de um tratamento eficaz.
BONÉ E FILTRO SOLAR NA PELE
De Sorocaba a Santos, os cuidados com a pele de Maria Gonçalves, de 68 anos, estão em dia. A aposentada, que realizou a autoavaliação na tenda, veio passar o final de semana na cidade para visitar uma amiga, moradora do bairro José Menino, e não escondeu sua aprovação pela ação.
“Estou achando muito interessante ver Santos oferecer essas iniciativas, porque tem muita gente com oportunidades de sobra para fazer um exame, mas adiam. Desta forma, elas não podem fugir”, brincou. “Eu não sabia nada sobre o melanoma, mas amo praia e não saio sem meu boné e uma camada generosa de protetor, então incentivo a todos ao meu redor para que sigam o meu exemplo. Acho que desta forma estou conseguindo prevenir a doença”, ressaltou Maria.
Curtindo um dia quente de praia, a aposentada Ana Lucia Rita, de 56 anos, ficou sabendo da ação pela televisão e uniu a diversão à conscientização. “Eu já conhecia o tema até por ações realizadas aqui na Cidade, mas é muito importante buscarmos cada vez mais informação. Por isso, quero passar por todas as etapas de atendimento. A gente precisa se prevenir e não ceder ao descuido por besteira”, aconselhou.
Esta iniciativa contempla os itens 3 e 4 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Saúde e Bem-Estar e Educação de Qualidade. Conheça os outros artigos dos ODS