Curso em Santos ensina mulheres LGBT+ a escaparem de agressões

Técnicas de saída de agarramentos, esganaduras, de agressões físicas e sexuais foram ensinadas na tarde deste sábado (19), na Arena Santos (Vila Mathias), durante o primeiro curso de defesa pessoal ‘Eu Me Defendo’ voltado a mulheres lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis. O evento foi alusivo ao Mês da Mulher e ao Dia Internacional da Visibilidade Trans, celebrado em 31 de março. Há mais três edições do curso com data marcada.

Em quatro horas de aula, as mulheres suaram a camisa na reprodução de movimentos retirados de várias artes marciais, como caratê, judô e jiu-jitsu. A capacitação foi ministrada pelo professor de caratê da Secretaria Municipal de Esportes, Fábio Abreu, e pela ex-atleta de muay thai e brazilian jiu jitsu, Allane Pinheiro.

Segundo a coordenadora de Diversidade (Codiver) da Prefeitura, Taiane Miyake, o objetivo do curso é ensinar mulheres a neutralizarem ataques, agressões ou sucessivos atos de violência pessoal utilizando técnicas de mobilização e bloqueio, como chaves de braço, torções e alavancas para dominar e paralisar o agressor de maneira segura, sem provocar danos a si e ao próprio agressor.

"A ideia não é inverter o papel. Sair da posição de agredido para a posição de agressor. Mas de se defender do ataque, evitar a agressão física e os danos físicos e emocionais que possam acarretar às pessoas em situação de vulnerabilidade ou de perigo iminente", explicou a coordenadora.

Segundo o professor da Semes, as mulheres devem estar sempre em busca de aprender a se defender. "Quando surge um caso de agressão de maior repercussão, as pessoas acabam se conscientizando um pouquinho mais da importância desse conhecimento. Mas essa consciência precisa ser constantemente estimulada, para que todas saibam como escapar dessas situações", finalizou.

A atividade foi uma iniciativa da Codiver em parceria com a Coordenadoria de Políticas para a Mulher (Comulher), ambas da Secretaria Municipal de Governo.

PREPARADAS PARA SE DEFENDER

A arquiteta e moradora do bairro Campo Grande, Bárbara Bittencourt, 26 anos, ficou sabendo do curso pelas redes sociais e decidiu participar pela primeira vez. "Achei a iniciativa muito legal. É importante a gente saber se defender porque, às vezes, as pessoas não podem te ajudar ou não há alguém por perto para isso. Então você tem que estar preparada para não acontecer o pior".

Ela ainda relembra que mulheres são vistas como minoria, além de serem consideradas mais fracas do que os homens. "Todas nós, mulheres, deveríamos saber como aplicar todas essas técnicas. Talvez, dessa forma, os próprios homens, sabendo disso, não tivessem tais atitudes. Se souberem que estamos preparadas para reagir, pode ser que esse tipo de situação aconteça menos".

A advogada Vilma Cristina Mendonça, 53, mora no Saboó e já passou por situações nas quais os aprendizados do curso teriam sido úteis. Por isso, ao ver o anúncio da capacitação pelas redes sociais, decidiu se inscrever no mesmo momento. "Pelo alto índice de violência que estamos presenciando, pensei que seria importante passar pelo curso para agregar o meu conhecimento e, caso surja alguma outra situação de agressão, eu consiga me defender".

Para Vilma, o salto no índice de violência contra a mulher durante a pandemia foi mais um alerta para que todas busquem métodos de defesa pessoal. "É um ato de extrema importância que deveria ser amplamente divulgado e repetido. Todas deveriam comparecer a um curso de defesa pessoal. Foi uma iniciativa muito bacana da Prefeitura".

PRÓXIMAS EDIÇÕES

O curso de defesa pessoal "Eu Me Defendo", aberto para todas as mulheres, terá mais três edições neste mês, todas das 15h às 19h e em Vilas Criativas da Cidade. Nesta segunda (21), será na unidade Vila Progresso (Rua 3 s/n); na quarta (23), no Morro da Penha (Rua Brigadeiro Newton Braga, 39); e na sexta (25), na Vila Nova/Mercado (Praça Rui Ribeiro Couto s/n).

As vagas são prioritariamente para mulheres residentes em Santos, maiores de 18 anos e que estejam vacinadas contra a covid-19, sendo obrigatória a apresentação do comprovante da vacinação e de documento com foto.