Teatro guarany completa um ano de revitalização com variedade de espetáculos
O teatro, a música, a literatura, entre outras artes, estiveram entre as diversas atrações do Teatro Guarany, no Centro Histórico, desde a entrega pela prefeitura da sua reconstrução há um ano - em 7 de dezembro de 2008. Nesse período, a sala de espetáculos do equipamento recebeu cerca de 100 apresentações artísticas e eventos culturais, como peças, mostras, shows, concertos, congressos, palestras e exposições, com público estimado em cerca de duas mil pessoas. A variedade da programação tem sido uma marca do Guarany. Entre os eventos musicais, destaques para a abertura da Virada Cultural, com a exibição do violinista francês Nicolas Krassik e do grupo Cordestinos; as atrações do tradicional Festival Música Nova, de Gilberto Mendes; a apresentação do Quarteto Carobamdé, em homenagem aos 50 anos da morte de Heitor Villa-Lobos; e a Semana do Violão Isaias Sávio, da Secult (Secretaria de Cultura). Diversas personalidades da literatura também passaram pelo espaço. Em outubro, durante o seminário Cibercultura 10+10, a presença ilustre foi o escritor francês Pierre Lévy. Já em setembro, durante a Tarrafa Literária 1º Encontro Internacional de Escritores, figuras como Milton Hatoun, André Laurentino e Zuenir Ventura. "A literatura combina muito com o teatro e os escritores ficaram felizes de estarem no local. As pessoas se sentem inspiradas pela história do Guarany", destaca o coordenador do evento, José Luiz Tahan. Já as apresentações de dramaturgia, finalidade primária de um teatro, também estiveram em alta nos últimos doze meses. O palco foi inaugurado em dezembro com a apresentação de duas peças encenadas por alunos da Secult: Bailei na Curva e A Revolta dos Perus. De lá para cá, entre as diversas peças, houve a montagem de Madame Butterfly, baseada na ópera de Giacomo Puccini; Camille Claudel, que abordou a arte, a loucura e a conturbada vida amorosa de uma das mais importantes escultoras dos séculos 19 e 20; mostras teatrais do 51° Festa (Festival Santista de Teatro Amador); e o espetáculo De Onde Vem o Verão, escrito pelo santista Carlos Alberto Soffredini (falecido em 2001), que dá nome à sala de espetáculos do teatro. A filha do autor, Renata Soffredini, atriz que integra o elenco, conta que em 27 anos de carreira nunca havia conhecido uma casa de espetáculos com as características do Guarany. "Por ter sido reconstruído, o teatro mistura o antigo e o moderno. É um espaço muito especial, que tem um ambiente gostoso e aconchegante. Fiquei apaixonada por ele". FORMAÇÃO INTEGRAL A ATORES Além da sala de espetáculos, o Teatro Guarany também abriga desde agosto a Escola de Artes Cênicas Wilson Geraldo, da Secult, que conta com salas para aulas (teóricas e práticas) e acervo de livros de arte. Ao todo, são cerca de 200 alunos, divididos entre as turmas infantil, de formação de atores e terceira idade, os quais aprendem disciplinas como expressão corporal, expressão vocal, história do teatro, jogos teatrais e improvisação e interpretação, além de passarem por avaliações de cena e provas. "Além das disciplinas obrigatórias, os alunos também participam de atividades extracurriculares, como workshops, oficinas e palestras sobre cenografia, iluminação, entre outras áreas que envolvem a atividade de ator", explica a professora Vanusa De Santis, responsável pela coordenação pedagógica da escola. Toda essa preparação gera expectativa em quem busca espaço no teatro profissional, a exemplo da aluna Ludyne Gonzalez, 20 anos. "Aqui estão me dando toda a base que preciso". Já para Rosângela do Nascimento, 53 anos, as aulas estão contribuindo para elevação da autoestima. "As atividades estão me alinhando corporal e mentalmente. E todos aqui estão estudando, aprendendo e fazendo a socialização, o que é mais importante". RECUPERAÇÃO A obra de reconstrução do Teatro Guarany, inaugurado em 7 de dezembro de 1882, respeitou as formas originais do prédio na sua parte externa e refez toda a área interna, destruída por incêndio em 1981, com infra-estrutura de moderna casa de espetáculos. Com custo de R$6,7 milhões, viabilizado pela iniciativa privada, por meio da Lei Rouanet, o projeto foi elaborado pelo arquiteto Ney Caldatto Barbosa, da Seplan (Secretaria de Planejamento). Os recursos foram captados pela Ama-Brasil (Organização de Desenvolvimento Cultural e Preservação Ambiental), junto às empresas Cosipa-Usiminas, Telefonica, MRS Logística, Cutrale, Petrobras, Fosfertil, Comgás, Bunge, Copersucar e Carbocloro. Além de plateia com 270 lugares e camarotes (capacidade total é de 350 pessoas), o Guarany também possui ateliê, camarins e café, além de permitir o acesso de pessoas com deficiências. No prédio ainda se destacam as pinturas do teto e do foyer do segundo piso, feitas pelo artista Paulo Von Poser.