Programa de alfabetização para adultos ganha adesão de comunidades
O desafio de aprender a ler, escrever e aplicar a matemática nos pequenos afazeres do cotidiano está cada vez mais perto de ser superado para quem vive em Santos. Já está funcionando o programa Brasil Alfabetizado, que teve início na cidade neste mês, e que leva alfabetizadores a diversos núcleos comunitários, com o objetivo de encaminhar aos bancos escolares adultos que tenham pouco ou nenhum contato com a escrita e a leitura. Em pouco mais de 15 dias já foram instalados nove núcleos na cidade, beneficiando pelo menos 85 munícipes. "Durante os primeiros dias de aula fazemos um diagnóstico para saber qual o ponto de partida a ser trabalhado com cada aluno, ação que será repetida ao final do programa. Nosso intuito é inserir esses munícipes no programa de Educação de Jovens e Adultos da prefeitura. Com essa avaliação final poderemos saber em que nível vão se enquadrar, quem está apto a fazer o exame do Ministério da Educação para o certificado do ensino fundamental e quem tem necessidade de ser direcionado a outro projeto de alfabetização", explica a coordenadora do programa, Cássia Elizabeth Asenjo Fadário, da Seduc (Secretaria de Educação). O programa dura oito meses, com aulas três vezes por semana, tendo, cada, três horas de duração. A alfabetizadora Rosa Alice Dias, do primeiro núcleo a funcionar na cidade o do Condomínio Edifício Vitória (Rua João Pessoa, 400, Centro Histórico), onde residem 60 famílias atendidas pelo programa de Atuação em Cortiços -, procura trabalhar o conteúdo das aulas aplicando à realidade do dia a dia dos alunos. Matemática, por exemplo, é ensinada com folhetos de supermercado, ensinando a fazer contas, a conferir o troco do dinheiro. ENTUSIASMO "Nós aproveitamos para trabalhar a identidade deles. Eles escrevem o nome, localizam no mapa do Brasil o estado em que nasceram. Verificam com as idades quem é mais novo, quem é mais velho. E assim vão aprendendo conceitos de português, de geografia, de matemática, de conhecimentos gerais. Estão superenvolvidos e isto nos motiva", conta Rosa. Uma das mais entusiasmadas é Cilene Oliveira da Silva, 56 anos. Desde o primeiro dia de aula, no último dia 5, ela é uma das primeiras a chegar ao salão do condomínio. "O estudo é muito importante e aqui me sinto feliz. Tem sido como uma terapia, sinto como se eu fosse criança novamente", conta, brincando. Cilene estudou apenas até os dez anos de idade e diz que seu maior desafio é aprender matemática, para saber lidar melhor com as contas no mercado, na feira, nas atividades do lar. NÚCLEOS Além do Condomínio Vitória, também já funcionam núcleos na Associação de Cortiços (Centro); Associação Novo Mundo, Nuclin e Sociedade de Melhoramentos Vila Pantanal (Zona Noroeste); Paróquia São Jorge Mártir (Estuário); Paróquia Nossa Senhora da Assunção (Morro São Bento); Paróquia São João Batista (Morro da Nova Cintra) e escola Edméa Ladevig (Gonzaga). Cada núcleo deve ter, no mínimo, 15 inscritos. Organizações interessadas em participar devem entrar em contato com a seção de Educação de Jovens e Adultos da Seduc, no telefone 3211-1818. O Brasil Alfabetizado é uma parceria do governo federal com a prefeitura, que fornece o material didático, cadastra os alunos e capacita os alfabetizadores.