Terapia comunitária: a força do grupo
Um espaço para compartilhar as tristezas e alegrias. Para falar e, acima de tudo, ouvir, refletir. Assim é o projeto Terapia Comunitária, implementado nos serviços de saúde e assistência social da prefeitura, desde 2006. O método, criado pelo psiquiatra e antropólogo cearense Adalberto Barreto e instituído há 20 anos em Pirambu, na zona oeste de Fortaleza, estimula a construção de redes sociais solidárias. A terapia comunitária aposta e acredita nas pessoas, na força do grupo. A comunidade que tem problemas, também tem soluções. A função do terapeuta é resgatar isso, explica Barreto, que ministrou, pessoalmente, 360 horas/aula de capacitação em Santos. O último módulo foi aplicado em maio do ano passado. Ao todo, foram beneficiados 80 profissionais (enfermeiros, médicos, psicólogos, operadores e assistentes sociais) dos serviços de proteção social básica e especial das secretarias de Assistência Social e Saúde e de dez organizações não-governamentais. Em Santos existem, atualmente, dez grupos de terapia em atuação. As rodas do programa - todas as sessões são em círculos - têm quase sempre a mesma dinâmica: quem deseja fala de algo que o aflige, os participantes votam na história com a qual mais se identificam e podem fazer perguntas. É proibido falar dos outros, dar conselhos, sermões. Cada fala é precedida por um eu - o que vale é o que cada um passou. Músicas que tenham a ver com o tema e piadas são bem-vindas. Nessa vivência terapêutica são compartilhadas emoções que fazem parte da vida de todo ser humano. Uma pessoa pode apoiar a outra por ter vivenciado e encontrado a solução para um determinado problema e pode, também, ser ajudado simultaneamente, uma vez que o problema do outro pode ser semelhante ao seu. OMBRO AMIGO O grupo ajuda. Fui abrindo a mente sobre as situações que aconteciam. Notei que o meu problema não era tão grave quanto o das outras pessoas, desabafa a cartorária Cinthia Teixeira Brito, 30 anos, que há oito meses freqüenta a terapia comunitária por causa de ansiedade, depressão e síndrome do pânico. A balconista Silvaneide Olímpio da Silva, 29 anos, que sofre de dores tensionais nos braços e pernas, e participou pela primeira vez da reunião no último dia 7, também aprovou a iniciativa. Pretendo continuar vindo. Joguei tudo para fora. Estou saindo mais aliviada. A doméstica Maria Virgínea de Oliveira, 69 anos, deprimida por causa de um problema de saúde com o marido, sente-se fortalecida com a terapia comunitária. Todos temos problemas, mas a vida não é feita apenas deles. Quando é notado um caso mais delicado, a pessoa é orientada a procurar acompanhamento individual em serviço específico oferecido pela Secretaria Municipal de Saúde. Os grupos são abertos e a participação é livre. Não há rigidez a despeito da assiduidade dos participantes. LOCAIS PARA TERAPIA 2ª-feira - 14h30 UBS do Campo Grande 3ª-feira Senat (Rua Paraíba, 110 Pompéia) - 13h UBS da Aparecida (Rua Alexandre Martins, 103) - 15h UBS da Alemoa (Rua Santa Maria, 186) - 15h 4ª-feira - 15h UBS do José Menino - Rua Gaspar Ricardo s/nº 5ª-feira - 14h30 UBS do Embaré - Praça Coronel Fernando Prestes s/nº Naps 1 - Rua Professor Luiz Gomes Cruz s/nº - Castelo 6ª-feira - 8h30 USF da Areia Branca - Rua Francisco Lourenço Gomes, 118 Quinzenalmente, as reuniões são realizadas no Abrigo Provisório (Rua Gen. Câmara, 294), às terças-feiras, às 8h30 e às 14h30. Também às quintas-feiras, na USF de Monte Cabrão (Av. Principal s/nº), às 14h.