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Terapia comunitária: fortalecendo as relações familiares

Publicado: 5 de dezembro de 2006
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Nesta quarta-feira (6), termina o terceiro e penúltimo módulo de capacitação teórica sobre Terapia Comunitária de técnicos de ONGs e funcionários das áreas de Saúde e Assistência Social que aplicam esse método no Município. O módulo teve início na segunda-feira (4), a cargo do psiquiatra e antropólogo Adalberto Barreto, professor da Universidade Federal do Ceará (UFCE) e criador do sistema. Participam cerca de 80 profissionais, entre psicólogos, assistentes sociais e operadores, que estão se reunindo no auditório da Igreja Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Av. Rangel Pestana, 207, Jabaquara), num total de 360 horas/aula. O quarto e último módulo será realizado em janeiro. A base da terapia comunitária é compartilhar experiências, incentivando a construção de redes solidárias. Numa roda, as pessoas contam seus problemas enquanto o terapeuta faz uma lista das queixas. O grupo então vota ao tema do dia e, a partir daí, quem viveu a dor revela como se livrou dela. Assim como num jogo, há algumas regras. Os participantes podem fazer perguntas a quem revela o sofrimento, mas não oferecem conselhos, nem expõem críticas. A terapia comunitária aposta e acredita nas pessoas, na força do grupo. A comunidade que tem problemas, também tem soluções. A função do terapeuta é resgatar isso, explica Barreto, dizendo que é preciso valorizar os pontos positivos. O método organizado pelo cearense foi criado há 18 anos, quando atendia no Hospital das Clínicas da UFCE. Seu irmão, advogado, atuava na favela do Pirambu, em Fortaleza, e encaminhava a ele casos que envolviam problemas psiquiátricos. Quando o número de pacientes cresceu demais, Barreto resolveu levar seus alunos até a favela. DOIS SABERES De pés descalços, bermuda e camiseta, o cearense de 57 anos apresenta à platéia diversas situações, de forma tão simples e coloquial que nem parece possuir dois doutorados, um em psiquiatra e outro em antropologia, ambos realizados na França. Adalberto Barreto é um acadêmico que defende a soma dos dois saberes: a do conhecimento adquirido no banco da faculdade às experiências de vida. Entre os exemplos de situações apresentadas por Barreto, está o da criança que adoece para atrair a atenção dos pais, que brigam demais. É a forma dela fazer a família funcionar. Às vezes o mesmo ocorre com filhos usuários de drogas. Por isso, em vez de os pais se perguntarem por quê, devem tentar compreender que o ele quer dizer com aquele ato, explica o especialista. Para ele, o desafio da educação é ajudar a criança a sair da dependência para a autonomia. Quem ama frustra, porque impõe limites, diz, lembrando que a dependência cria a dependência e que todos que fazem parte daquela relação precisam assumir responsabilidades. Se o filho não gosta de tomar banho, porque não deixar ele ficar sujo a ponto dos amigos perceberem e comentarem? Se ele não lembra de apertar a descarga, por que não esperar que o mau cheiro o incomode? Se o pai trabalha por 10, a mãe reza por 10, o filho se droga por 10. É preciso abandonar a postura de salvador da pátria, orienta. Quando você quer que o outro mude você tem que mudar primeiro, preconiza.