Saudoso macuco completa mais um aniversário
Ele já foi considerado o maior bairro de Santos, abrigou 30% da população da Cidade, foi palco de grandes comícios políticos e agitações operárias, berço de sambistas, atletas e artistas. Sem dúvida é o saudoso Macuco que, apesar de tantas histórias, nunca soube sua verdadeira data de fundação. Sabe-se, porém, que sua ocupação teve início por volta de 1870. Apesar das dúvidas, o bairro comemora seu aniversário junto com a da Sociedade de Melhoramentos local, que no domingo (8) completa 12 anos de existência. A comemoração oficial, entretanto, será no dia 14, com Rua de Lazer e muita festa, conta a presidente da entidade, a publicitária Rosana Salzeda. O Macuco sempre teve vocação residencial com grandes casarios, jardins frondosos, um ar familiar e uma atmosfera mágica que envolvia a todos. Com o tempo, o bairro ganhou características de suporte ao Porto, já que abriga firmas transportadoras, armazéns e depósitos de contêineres. Esse misto residencial e portuário tem agregado ainda um comércio variado e atividades de prestação de serviços. Em 1998, o Plano Diretor alterou a área do bairro, cujo perímetro hoje compreende as avenidas Afonso Pena, Siqueira Campos e Rodrigues Alves e as ruas João Alfredo, Xavier Pinheiro e Campos Melo. PERSONALIDADES Dados históricos indicam que o nome Macuco vem de uma espécie de ave que habitava a área e era caçada pelo açougueiro Francisco Manoel Sacramento, proprietário da gleba, que acabou adotando o nome e repassando-o para seus descendentes. O bairro foi reduto de grandes personalidades, como o ex-lateral Marco Antonio, que jogou pelo Brasil na Copa de 70; e do dramaturgo Plínio Marcos, entre outros. Foi no Macuco que nasceram escolas de Samba como a X-9, Brasil, Império do Samba e o Bloco Oswaldo Cruz. O futebol de várzea foi destaque com times como o Morávia, Paulistano e Guarani. O bairro abrigou o antigo campo do Jabuca (na Rua 28 de setembro). Quem não lembra da famosa Corrida São Rizal (numa alusão a São Silvestre) e as batalhas de confetes na Rua Almirante Tamandaré, ou da fábrica de biscoito Dílis, na Batista Pereira, ou ainda dos deliciosos pastéis da Família Bragança, na Luiz Gama com Borges? AR DE NOSTALGIA "Não troco o Macuco por nenhum lugar. Aqui ainda tem um ar de nostalgia. Você conhece o dono do bar, da banca de jornais, do açougue, vai em uma vendinha e conversa com seus vizinhos. É muito gostoso de morar", disse o professor de educação física, Jorge Luiz Bragança Maluza, que nasceu e mora no bairro há 52 anos. A mesma opinião tem a dona de casa Líria Aparecida Lorena Cardoso, que reside em uma vila de casas, na Rua Xavier Pinheiro. Quem bebe a água do Macuco volta, brincou ela, que vive há 32 anos no bairro, morou um período fora e voltou. Nasci aqui e daqui não saio. O Macuco ainda tem um romantismo, as casas, os chalés, as famílias, os vizinhos. Pulei muita fogueira de São João e assisti muitos blocos de ruas, disse. O bairro hoje conta com o mais alto edificío da região, o Condomínio Horizontal, que tem 25 andares com 160 apartamentos, na Rua Campos Melo, próximo a Rodrigues Alves. Parte dos Campi da Universidade Lusíada também está no Macuco, que abriga ainda a Diocese Católica, as igrejas São José e Assembléia de Deus, a Loja Maçônica XV de Novembro, a Codesp, o Museu do Porto, a Pinacoteca Grafée & Guinle, a Casa da Criança, o Cecon Canto do Macuco, a Sociedade São Vicente de Paula e as escolas Antonio Passos Sobrinho e Visconde de São Leopoldo.