Negrelli: das quadras para a sala de aula
Professor das faculdades de educação física da Universidade Santa Cecília (Unisanta) e da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), José Oswaldo da Fonseca Marcelino, o Negrelli, conta que hoje, aos 55 anos, não dá importância ao que os outros pensam sobre o fato dele ser negro, mas nem sempre foi assim. Há uns 40 anos eu mesmo me sentia inferiorizado, pensava se seria aceito ou não. Acho que essa preocupação vinha do fato de eu ter maior convivência com brancos. Negros só os da minha família. Acho que era uma questão de consciência racial, analisa. Negrelli tem uma trajetória de sucesso no vôlei brasileiro. No currículo do ex-atleta figuram importantes conquistas em passagens pela seleção brasileira e santista como, por exemplo, o vice-campeonato panamericano, o tetracampeonato sul-americano, o pentacampeonato nacional e a sétima colocação na Olimpíada de Munique (Alemanha), em 1972, além de sete títulos estaduais e de outros oito nos Jogos Abertos do Interior. No total, foram mais de 550 participações pela equipe do Santos Futebol Clube (como atleta e técnico), quase 120 jogos pela seleção brasileira e mais de 260 pela seleção de Santos. Em 2002 foi homenageado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB). O ex-jogador da seleção brasileira admite que o preconceito racial existe, mas diz que nunca se sentiu alvo dele. Uma vez fiquei sabendo, quando tive uma namorada branca, na adolescência, que tinha sido barrado ao entrar num clube, mas como estava cheio e decidíamos ir embora, nem percebi, lembra. Perguntado sobre o estabelecimento de cotas para os negros nas universidades, o ex-jogador afirma que hoje é favor. A princípio eu era contra as cotas, porque achava que o negro poderia ser menosprezado por ter conseguido a vaga pela cor, e não pela sua capacidade. Mas mudei de idéia. Se lá atrás foi cometido um erro, vejo que ele precisa ser reparado, afirma, destacando que somente a educação oferece a oportunidade de igualdades de condições.