Seminário aborda importância da informação com memória
A única informação de qualidade é a informação com memória. Do contrário, será apenas um dado avulso, retrato do momento, sem a necessária retrospectiva, única forma capaz de modificar a visão imediata do fato. Esse foi o parâmetro utilizado por Célia Camargo, doutora em História pela Unesp, que na manhã dessa quinta-feira (5), com o tema Memória e Preservação do Patrimônio Cultural, abriu a programação do I Seminário Regional de Memória, Arquivo, Biblioteca e Museu do Litoral Paulista e do Vale do Ribeira. Iniciativa da Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams), em comemoração aos 10 anos de atividades, o seminário termina nesta sexta-feira (6), na Associação Comercial de Santos (Rua Riachuelo, 14), com a realização do V Encontro Paulista sobre Gestão Documental Pública, que tem como tema Institucionalização e Implantação de Arquivos Municipais no Estado de São Paulo: Por uma Política Municipal de Arquivo. Serão abordados os temas Patrimônio Documental, Cidadania e o Instituto do Inquérito Civil, por Jaqueline Lorenzetti; Gestão Documental Pública: Fundamentos Legais, com Eliana Martinelli, e Políticas Municipais de Arquivos: Estratégias e Perspectivas, a cargo de Camila Brandi. Célia Camargo frisou ser imprescindível modificar a idéia de que história é passado. "Ela é feita no presente", comentou, acrescentando que a sociedade global provoca nas pessoas a ilusão de ter acesso a todas as informações. Segundo afirmou, informação e conhecimento são elementos distintos, lembrando que a maioria das informações hoje disponíveis é incompleta, o que pode gerar a disseminação de "mentiras". Para Célia, construir a memória é um trabalho como qualquer outro, e fez uma crítica à sociedade capitalista, "que tira do velho sua principal capacidade de trabalho, ou seja, lembrar". Já Ester Bertoletti ressaltou que a memória social está diretamente ligada às bibliotecas, arquivos e museus, que hoje começam a ser compreendidos como equipamentos de aprimoramento de conhecimentos. Ela considera público não apenas o que é comum a todos, mas principalmente o que está acessível à população. "Cerca de 60% das cidades paulistas não têm biblioteca e 1.500, dos mais de 5.500 municípios brasileiros, não dispõem de biblioteca pública. E poucas delas contam com museu regional".