Jornaleiros e clientes: uma relação de amizade
Um dos comércios mais tradicionais em todas as cidades brasileiras é a banca de jornais. Grandes, médias ou pequenas, elas são ponto de encontro e referência nos bairros. Hoje em dia, muitas têm comércios amplos, funcionando como verdadeiras lojas de conveniência. A tradição das bancas é parecida com a da padaria preferida, a farmácia predileta. Assim como estes dois outros comércios, sejam grandes ou pequenos, uma coisa é inerente a todas elas: a relação de amizade, os laços que se formam entre comerciantes e clientes; jornaleiros e leitores. Na Banca Estátua talvez a mais conhecida banca de jornais de Santos é assim que as coisas funcionam. Há mais de 60 anos, atuando na Avenida Ana Costa, no Gonzaga, a banca é ponto de encontro e uma das principais referências do bairro. Há trinta anos, a família de Amâncio de Jesus Pires, está a frente do comércio. Quando vim trabalhar aqui, aos 18 anos, foi justamente o contato aberto com o público, a ênfase na comunicação, no atendimento diferenciado, que revolucionou o atendimento na banca, diz Amâncio. Ele comenta que a maioria dos clientes é composta de conhecidos de longa data. A relação é de amizade. Passamos essa idéia de atendimento diferenciado, inclusive, no treinamento das pessoas que vem trabalhar conosco. É fundamental manter esta qualidade, destaca. No Centro Histórico não é diferente. Há aproximadamente seis anos, José Martin Pessoa da Silva Filho está a frente da Banca Fórum, na Praça José Bonifácio. Martin, como é conhecido pelos fregueses, confirma a impressão de Amâncio. Depois de um tempo, é mesmo mais relação de amizade do que comércio. Aqui é bem movimentado, muita gente passa todos os dias, mas tem os clientes habituais que só passam em horários determinados e que são quase nossos companheiros na jornada de trabalho, conta Martin.