Jabaquara: quase um século de história e tradição na cidade
Um local citado nas poesias de Castro Alves e Vicente de Carvalho por ter abrigado o histórico Canaã dos Cativos - maior quilombo do Brasil - isso há mais de 100 anos. Hoje, o bairro mantém a tradição e continua contando com marcos relevantes da Cidade, como o Estádio Urico Mursa, da Portuguesa Santista, o Centro de Treinamento do Santos Futebol Clube e a Santa Casa de Misericórdia de Santos, a primeira da América Latina. Um lugar onde a tranqüilidade impera e crianças ainda brincam nas ruas sem perigo. Esse é o bairro de Jabaquara, que nesta terça-feira (10) completa 99 anos de existência. A região - incluindo o Morro do Jabaquara, conta com uma população de quase 5 mil pessoas também serviu de cenário para algumas passagens da obra do escritor e dramaturgo, Plínio Marcos. Toda essa fama se alia à personalidade dos moradores, que fazem do Jabaquara um dos locais mais receptivos da Zona Leste. Nascida há 58 anos no bairro, a dona de casa Catarina Pinto Victor criou ali seus oito filhos. Ela ressalta a solidariedade da vizinhança e as recordações do seu tempo de infância. No meu tempo de menina tudo aqui era motivo de festa. Nos até fechávamos as ruas nas datas especiais, conta. Moradora do bairro há 11 anos, Nalva Alves dos Santos, acha que o Jabaquara é um lugar bom para se viver. Nalva tem um filho de 11 anos, aluno da Emef Emília Maria Reis. Ela destaca o desempenho da Prefeitura na área da educação. Estou muito satisfeita com a Administração. A escola de meu filho fica distante daqui mais ele tem transporte gratuito. Sem contar o material escolar e o uniforme completo fornecidos pela Prefeitura, tudo de primeira qualidade, elogia. O Jabaquara tem estado no cronograma dos trabalhos da Prefeitura e já recebeu uma série de melhorias, como a instalação da Creche Candinha Ribeiro de Mendonça (na Rua Manoel Nascimento Júnior, 56) e a reforma da escadaria do caminho José Lessa Luz, que serve de interligação entre a Vila Lindóia, e as ruas Guilherme Russo e José Fernandes Cruz. No bairro foram realizados desde desmonte de blocos rochosos, urbanizações, construção de lixeiras comunitárias, manutenções a iluminação em diversas vias, além das intervenções relacionadas a drenagem. QUILOMBO DO JABAQUARA Há mais de 100 anos, o Jabaquara era conhecido como a Canaã dos Cativos, em alusão à bíblica Terra Prometida. O lugar abrigou o maior quilombo do Brasil, que estava localizado nas terras do abolicionista Quintino de Lacerda, que havia sido escravo de Antônio Lacerda Franco, de quem ganhou a liberdade. Já no final da escravidão, com o Jabaquara surgiu um novo modelo de resistência, o quilombo abolicionista. Ao contrário dos quilombos isolacionistas, como o de Palmares nos quilombos abolicionistas, os contatos com a sociedade eram essenciais. O Jabaquara talvez tenha sido a maior colônia de fugitivos da história, e um exemplo de novo tipo de resistência. O quilombo organizou-se em torno da casa de campo de um abolicionista e os quilombolas ergueram seus barracos com dinheiro recolhido entre pessoas de bem e comerciantes de Santos. A população local, inclusive as senhoras da alta sociedade, protegeram o quilombo das investidas policiais, fazendo disso um verdadeiro padrão de glória. Os indícios mostram que o início da ocupação do bairro ocorreu entre 1920 e 1930.