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Pesquisa da sms aponta que 36,6% de alunos tiveram contato com drogas

Publicado: 31 de maio de 2004
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Pesquisa realizada pela Secretaria Municipal de Saúde, por meio do Centro Municipal de Prevenção Primária ao Uso de Substâncias Psicoativas (Cempri), em 15 escolas de Ensino Fundamental, num universo de 943 alunos de 5ª a 8ª séries, trouxe resultados significativos, mostrando que o primeiro contato de crianças com drogas lícitas e ilícitas está acontecendo cada vez cedo. Nessa segunda-feira (31), os resultados da pesquisa foram divulgados pela SMS, em uma solenidade no Salão Nobre. Com base nos resultados, um trabalho de prevenção da SMS, com apoio da Seduc, será desenvolvido nas escolas, com prioridade para a Zona Noroeste e o Centro. Do total dos entrevistados, 36,6% (341 alunos) já tiveram a primeira experiência com drogas, sendo que a maior precocidade acontece entre as meninas (188 contra 153 dos meninos). As escolas pesquisadas estão localizadas em diferentes bairros de Santos, sendo os alunos escolhidos por sorteio, em cada classe, obedecendo critérios científicos, conforme assegura a Coordenadoria da Saúde Mental do Município. Foram entrevistados 478 meninos e 465 meninas. O estudo, iniciado em agosto do ano passado, e com a análise dos dados concluída em dezembro, teve colaboração do Conselho Municipal Antidrogas (Comad). A base da pesquisa foi a aplicação de um questionário no qual o aluno não precisou se identificar. As perguntas, cerca de 30, foram sobre o comportamento do entrevistado no meio escolar, social, familiar e em relação ao uso de drogas. Abrangeu 20% da população escolar da faixa etária dos 10 aos 18 anos. Outro dado relevante aferido pela pesquisa é que a presença de alunos mais velhos em classes onde o normal seria a idade de 10 a 14 anos, também tem favorecido a iniciação mais cedo nas drogas lícitas. A proposta é trabalhar com essas lideranças mais velhas, na prevenção. O modelo familiar e as amizades muitas vezes favorecem o uso de bebida, tabaco e outras drogas, constatou o estudo, que vai permitir a formação do primeiro banco de dados de Santos sobre uso de substâncias psicoativas. A pesquisa apontou, por exemplo, que alunos que já tiveram contato com o tabaco, 70,3% tem amigos que fumam, enquanto que aqueles que não tiveram contato com o cigarro possuem um número bem menor de amigos fumantes, 39,9%. O mesmo vale para o álcool e as outras drogas. O estudo também confirmou que a nicotina é "um gatilho para o álcool", tanto que 85% dos que fumam também consomem álcool. PRIMEIRO CONTATO O primeiro contato com a bebida já começa aos 10 anos; a iniciação no tabaco aos 11 anos, e, com drogas ilícitas, como a maconha, na faixa dos 13 anos. O estudo apontou que a curva de contato com o álcool é crescente com a idade: aos 10 anos, 7,1%; aos 11 anos, 15,9%; aos 12 anos, 23,6%; aos 13 anos, 34,2%; e, aos 14 anos, 51,4%. O uso das diferentes substâncias apresentou a maior proporção para o álcool (34,5%), dado que foi considerado preocupante pelos pesquisadores; a nicotina vem em seguida (14%), depois a maconha (1,5%), o inalante (0,7%), enquanto cocaína, crack, alucionógeno, anabolizante têm índice de 0,3% cada. Para as responsáveis pela pesquisa, a psicóloga Denise Magalhães e a pedagoga Rosane Magalhães, pós-graduadas na Unifesp em dependência química, o estudo trouxe informações importantes, sobretudo para um trabalho de prevenção que é prioritário "já a partir da idade de 9 anos". A proposta já levada à Seduc é a de iniciar o treinamento de professores e lideranças, a partir das escolas localizadas em bairros mais problemáticos. A população escolar da Zona Noroeste, por exemplo, é a que registra a maior prevalência no uso do álcool, (38,3%) especialmente em escolas próximas às favelas, enquanto que a nicotina e as drogas ilícitas são mais usadas no Centro. A pesquisa, a mais abrangente já realizada em Santos traz também outros dados sobre a ação das drogas no comportamento dos escolares. No universo de alunos que já tiveram contato com as drogas, foram constatadas: maior instabilidade do humor (58,5%), maior desobediência aos pais, (31%), maior agressividade (21%), e a prática de atividades que causam risco (33,2%). Nas crianças que nunca tiveram contato com qualquer droga, as porcentagens foram, respectivamente, de 37,9%, 16,9%, 6,7% e 16,9%. Os resultados vão permitir que a SMS, por meio do Cempri, crie o primeiro banco de dados de Santos, sobre uso de drogas e coloque em prática um programa de prevenção que envolverá treinamento de orientadores educacionais, professores de 3ª e 4ª séries e professores de Ciências de 5ª a 8ª séries. Também haverá capacitação de alunos, especialmente os mais velhos, cujo poder de influência sobre os demais já foi configurado. Outra iniciativa fundamental será a mudança de políticas públicas nas escolas.